quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

BOND 60 (10): THUNDERBALL (PARTE II)


 

As filmagens de Thunderball tiveram início em fevereiro de 1965. Por essa época, uma surda batalha por direitos autorais opunha Ian Fleming a dois de seus ex-colaboradores, Jack Whittingham e Kevin McClory. Os dois últimos acusavam Fleming de se apropriar da autoria da história, criada por McClory. Só após um acordo extrajudicial, os donos da EON começaram as gravações. McClory passou a constar dos títulos iniciais como coprodutor e manteve seus direitos sobre o argumento. Em 1983, ele produziu uma nova versão do enredo, com o título de Never Say Never Again, com Sean Connery reapresentando-se como James Bond, anos depois de ter abandonado o papel. Para os aficionados da franquia, esta produção é considerada apócrifa e “ilegítima”.

Resolvidas as questões da propriedade intelectual, e com o roteiro adaptado por Richard Maibaum e John Hopkins, as cenas começaram a ser gravadas em Paris, nas Bahamas e nos estúdios Pinewood, na Inglaterra. Terence Young estava de volta na direção (Guy Hamilton desistira, declarando-se estafado após Goldfinger) e a procura do elenco teve início.

Para fazer Domino Derval, a heroína, as audições começaram com Julie Christie (recém saída do papel de Lara em Dr Zhivago), Raquel Welch e Faye Dunaway, mas acabaram com a escolha da Miss França do ano anterior, Claudine Auger. No papel de Emilio Largo, e procurando manter a pegada sinistra dos vilões anteriores, a produção convidou o ator italiano Adolfo Celi e pespegou-lhe um tapa-olho maquiavélico. Para nós brasileiros, essa indicação tinha um sabor especial. Celi morara anos no Brasil, fora casado com Tônia Carrero e, com ela e Paulo Autran, havia fundado o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Era um dos nossos no mundo de Bond...

ADOLFO CELI COMO EMILIO LARGO


Luciana Paluzzi (como a perigosa Fiona Volpe), Martine Beswick (Paula Caplan, agente da CIA em Nassau) e Molly Peters (a enfermeira da clínica onde Bond se recupera e cujas cenas com 007, se hoje fosse, levantariam acusações de assédio sexual explícito...) completam o time de Bond girls. O grupo de suporte, Bernard Lee (“M”), Lois Maxwell (“Moneypenny”) e Desmond Lewelly (“Q”), mantêm suas atuações dos filmes anteriores.

Thunderball custou aos estúdios da EON US$ 9 milhões e foi o primeiro produzido em Panavision. E, até hoje, com um retorno atualizado para a moeda atual de US$ 1 bilhão, é o segundo mais lucrativo filme da série, superado apenas por Skyfall. Além disso, levou o Oscar de 1966 de Efeitos Especiais.

Um dos efeitos, entretanto, que quase não deu certo foi a cena em que Bond está numa piscina com vários tubarões. O anteparo de plexiglass que deveria proteger o ator não foi suficiente e Sean Connery por pouco não foi atacado por um deles. Quem assistiu diz que nunca se viu ninguém sair tão rapidamente de uma piscina...

John Barry continuou na batuta da trilha sonora. A música inicialmente escolhida foi Kiss Kiss Bang Bang e chegou a ser gravada por Shirley Bassey e Dionne Warwick. Mas Harry Saltzman achou que a canção tema teria de ter o mesmo nome do título e Tom Jones foi convidado para gravar a nova música.

Se você ouvir bem o último acorde, verá que Jones, dono de uma potentíssima voz, semitona no final. O cantor mais tarde revelou que chegara a desmaiar para manter o agudo. Se quiser ouvir a música, é só clicar neste   LINK  .

Parece ser a maldição do acorde final. Shirley Bassey também relatara que fora obrigada a remover o seu sutiã para emitir a prolongada nota derradeira de Goldfinger...

(continua)

Oswaldo Pereira
Fevereiro 2022

Um comentário:

  1. Olá Oswaldo.
    Demorei a postar o comentário sobre mais um do James Bond.
    Foi da sua parte um ótimo trabalho de pesquisa que ilucidou os seus seguidores que apreciam a criatividade e a genialidade do Iam Fleming.
    Siga enfrente que estamos curtindo.
    Emílio Gonzalo

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