terça-feira, 25 de outubro de 2022

BOND 60 (36): GOLDENEYE (PARTE II)



O atraso na retomada da franquia em função da longa batalha legal entre a MGM e Albert Broccoli acabou por influenciar a desistência de Timothy Dalton em continuar no papel. Quando finalmente em 1994 a questão resolveu-se, Dalton já tinha outros planos e não aceitou a oferta de fazer os próximos cinco Bonds, conforme proposto por Broccoli. A procura do substituto, que chegou a ter no radar Mel Gibson, Hugh Grant e Liam Neeson, acabou se decidindo por Pierce Brosnan, que fora descartado quando da substituição de Roger Moore por ser muito jovem na ocasião.

Muita coisa havia mudado também, no período. O Muro de Berlim caíra e a Guerra Fria terminara. A grande era romântica dos espiões chegara ao fim e achava-se que heróis como 007 tinham saído de moda. Isto, e a morte de alguns dos veteranos participantes da equipe original da franquia, como o roteirista Richard Maibaum e o designer das aberturas Maurice Binder, foram responsáveis por importantes mudanças, tanto no redirecionamento conceitual do personagem principal como até da composição do casting.

O cargo de M, chefe do MI6, foi ocupado por uma mulher, a conceituada atriz Judi Dench. O bastão da direção foi para o neozelandês Martin Campbell, depois de John Woo ter declinado, e o script baseou-se numa história do americano Michael France, que iria mais tarde escrever os roteiros dos filmes de Hulk e do Fantastic Four.

JUDI DENCH COMO "M"
A inglesa Samantha Bond substituiu Caroline Bliss como Ms Moneypenny e um BMW Z3 interrompeu a carreira do Aston Martin como o super equipado carro de trabalho de Bond. Os vilões foram um capítulo à parte. Eram 3. O papel da sanguinária Xenia Onatopp coube à atriz holandesa Famke Janssen e o do General Ourumov ao alemão Gottfried John. Inicialmente, o script descrevia o agente tornado criminoso Alec Trevelyan/Janus como uma espécie de tutor de Bond e atores mais velhos como Anthony Hopkins e Alan Rickman chegaram a ser cogitados. Mas, com a mudança de roteiro e a transformação de 006 e 007 em contemporâneos, a escolha recaiu em Sean Bean (os amantes de Game of Thrones iriam vê-lo anos mais tarde no inesquecível personagem Ned Stark). Natalya Simonova, a Bond Girl da vez, foi interpretada pela cantora e modelo sueco-polonesa Izabella Scorupco.

SEAN BEAN COMO JANUS


Em outros papéis, Joe Don Baker, que já trabalhara em The Living Daylights como o corrupto Brad Whitaker (mais uma repetição desnecessária de casting) apareceu como o agente da CIA em São Petersburgo e Robbie Coltrane (recentemente falecido), famoso posteriormente como Hagrid na saga de Harry Potter, encarnou Valentin Zuckowsky, chefe de uma máfia russa.

O francês Eric Serra assumiu a trilha sonora, no lugar do lendário John Barry e a música título foi composta por Bono (do U2) e pelo inglês David Howell Evans, mais conhecido como The Edge. A intérprete foi Tina Turner, mas tanto o fundo musical como a canção tema tiveram pouca aceitação pela crítica. Para ouvi-la, clique neste    LINK.

O filme, entretanto, obteve um bom índice de aprovação na imprensa especializada e foi um sucesso de público (bilheteria até hoje de US$ 355 milhões). Em retrospectiva, Goldeneye, que marcou o retorno de certo modo triunfante de James Bond e o início da era Brosnan, classifica-se bem no ranking dos aficionados do herói de Ian Fleming.

(continua)

Oswaldo Pereira

Outubro 2022

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