No mundo da informação de varejo chamado Facebook,
onde o dia a dia de centenas de milhões de pessoas enche uma nuvem cósmica, que
depois desce em chuva rápida e frenética sobre pc’s, i-pads, i-phones, tablets e outros receptores, abundam fotos
e filmes do binômio criança/cachorro.
Talvez porque nesta semana meus netos
americanos, para alegria geral da família, ganharam seu primeiro
cãozinho, e também porque as cenas filmadas e fotografadas deles, e de todos os
que aparecem na rede, mostrem ternos momentos de encantamento entre gente e
bicho, tive a atenção chamada para o assunto.
Registros arqueológicos indicam que a
transformação de cães selvagens em animais domésticos começou a ocorrer há
15.000 anos. Caninos com fome numa época de escassez aproximaram-se dos
aglomerados humanos e trocaram sua agressividade por comida. E bingo! a relação com o “melhor amigo do
homem” teve início pois, no intercâmbio, os animais passaram a guardar seus benfeitores com a mesma
diligência que empregavam na defesa de suas matilhas.
É evidente, e nisto todos os veterinários
concordam, que nem todo cachorro, e nem toda criança, nasceram para viver este
binômio. Os muito agressivos (ambos) poderão tornar a vida familiar e a
organização da casa num inferno, além de criar situações de eventual dano à
integridade física de humanos e animais. E, sempre, pais precisam entender que,
dependendo das idades de filho e filhote, os dois precisarão de cuidado,
ensinamento e atenção.
Mas, superados e compreendidos estes requisitos fundamentais, observar o encantamento mútuo de uma criança e seu cachorro e de como
se completam em afeição é um grande prazer. Pesquisas informam que um cão com
treinamento básico tem a mesma percepção intelectual de um ser humano de dois
anos de idade. Assim, pode compreender a hierarquia da família com que vive e a
considerá-la como sua matilha, inclusive
sua obrigação instintiva de defendê-la, como fizeram os primeiros lobos no
Neolítico.
Como criança morando numa casa com um enorme
terreno em Botafogo, eu tive um cachorro. Chamava-se Jupi e era um pinscher miniatura. E até hoje, passados quase
setenta anos, eu me lembro da terna simbiose de um filho único vivendo num
casarão com seu animal de estimação. Tanto das horas boas quanto da tristeza de
sua morte, atropelado em plena Rua General Polidoro. Eu tinha oito anos e me deparei pela primeira vez na vida com uma coisa dolorida chamada perda. Mas,
os quatro anos durante os quais eu e Jupi jogamos bola, atravessamos florestas
imaginárias no quintal, fomos numa nave até o fim do mundo que ficava atrás do
galinheiro e cruzamos juntos os mares da fantasia valeram. Ah! Se valeram...
Oswaldo
Pereira
Novembro
2014
Rs. Bj.
ResponderExcluirIncrível , dá para sentir e ver que você o abraça mas ele te abraça também.
ResponderExcluirAbr., Cleusa.
Gostei e fiquei emocionado. Pena a nossa realidade de viagens não nos permita ter um amigo novo na familia. As meninas gostariam.
ResponderExcluirQue delícia de foto! Qual dos dois mais ternurento?!
ResponderExcluir