domingo, 22 de dezembro de 2019

FELIZ NATAL 2019






FELIZ NATAL PARA TODOS!

E, para manter a tradição dos natais passados, aí vai o Conto de Natal de 2019.

Mamãe Noel acordou. Madrugada. Olhou para o lado da cama. O marido não estava. E ela sabia o porquê.

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Tudo começara há um mês e meio. No dia seguinte ao Halloween, o primeiro sinal. Nenhuma carta. O sub encarregado da recepção postal estranhara. Dois dias depois, ainda com as caixas de entrada do correio vazias, resolveu falar com o chefe da repartição. Após alguns minutos em silêncio, este dissera: Não deve ter problema. O pessoal ainda deve estar se divertindo com as bruxas. Vamos esperar...

No dia 15 de novembro, soou um primeiro alarme. Convocados para uma reunião, os diversos superintendentes foram para a grande Sala da Situação. Sentaram-se ao redor da imensa mesa. A preocupação era evidente nos cenhos franzidos. Papai Noel chegou.

«HO!HO!HO! everybody... Então, como estamos?»
O Chefe dos Correios pigarreou e começou, soturno.
«Mal, é quer dizer... Isto nunca aconteceu. Falta um mês e dez dias para o Natal e nenhuma, eu repito, nenhuma correspondência chegou até nós. Não consigo encontrar uma explic...»
O Supervisor dos Embrulhos Coloridos, um duende brincalhão e otimista, atalhou.
«Ora, não seja tão alarmista. Atrasos na correspondência não são nenhuma tragédia. Há gente que deixa tudo para a última hora. Os brasileiros, por exemplo. Suas cartinhas só chegam lá para o dia 23 de dezembro. Portugueses, italianos, os latinos em geral não ficam muito atrás...»
O Gerente da Linha de Produção de Bonecas Articuladas, um elfo de óculos grossos e pragmático, retrucou.
«Sim, mas e os alemães? Seus pedidos começam a chegar logo depois da Páscoa. Os escandinavos, assim que o verão vem e vai naquela quarta-feira de agosto, já mandam suas mensagens. Há razão para alarme, sim! Eu acho...»
Papai Noel tossiu suavemente.
«Desculpe interromper... Seção de e-mail?» E olhou para uma moça de cabelos pintados de vermelho.
«Nada, Mestre...»
Noel recostou na poltrona de costas altas. Ficou algum tempo em silêncio. Depois, disse.
«Realmente, alguma coisa está fora do lugar. Temos de verificar. Pessoal das Relações Públicas. Quero que vocês investiguem. Procurem averiguar o que há. Nova reunião daqui a dez dias. Boas Festas.»

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Mamãe Noel resolveu levantar-se. Sabia onde encontrar marido. Quando abriu a porta da grande sala, encontrou-o, de semblante amargurado, a olhar para o Relógio Calendário que dominava a parede do fundo. Debaixo do letreiro com a data, outro maior ainda. Em neon verde, anunciava N – 10. Dez dias para o Natal. E nenhuma cartinha chegara.

O resultado das pesquisas, apresentado pelo pessoal da RP após a reunião de novembro, eram desalentadores. No fundo, ele se resumia a alguns nomes. Amazon, E-Bay, AliBaba, e outros sites menores. O mundo estava coberto pela Internet.  Ninguém mais utilizava o tradicional ato de escrever sua lista de presentes e mandar para o Bom Velhinho. As crianças do planeta tinham agora suas wish lists nas plataformas comerciais. Tudo ia para as grandes nuvens virtuais e dali saiam os sedex dos pacotes natalinos. Trenós, renas, meias em cima das lareiras, descidas pelas chaminés, tudo isso ficara obsoleto. Noel também.

Mamãe Noel tocou o ombro do marido.
«O mundo mudou, querido. Não há nada que possamos fazer. Vamos dormir. Ainda é muito cedo.»

Horas depois, o dia ainda não raiara quando as campainhas começaram a tocar. Todas. Uma grande movimentação parecia ter tomado conta de tudo. Mamãe e Papai Noel foram acordados por alguém que esmurrava a porta do quarto. Era a Vice-Diretora de Operações, uma fada já entradona que vivia perdendo sua varinha de condão. Estava agitadíssima e trazia um barrete vermelho por sobre os cabelos desalinhados. Papai Noel ainda tentou falar.
«Não precisa mais usar este chapéu. Nós...»
Ela interrompeu.
«Venham rápido!»

Quando chegaram à Sala da Situação, a efervescência era enorme. Todos olhavam para as gigantescas telas de televisão. Nelas, repórteres e âncoras, comentaristas e operadores de câmera transmitiam dos quatro cantos do planeta algo de extraordinário. As nuvens haviam sido atacadas e destruídas.
«Nuvens?», perguntou Noel. Alguém mais próximo explicou.
«Sim! As nuvens virtuais que guardam os dados digitais de todo o mundo. Hackers invadiram-nas e as apagaram. A Humanidade está em pânico!»

Noel levou algum tempo para digerir a imensidade do problema. Foi só quando Mamãe Noel falou de mansinho.
«Agora, quem quiser ganhar presentes de Natal vai ter que usar o método tradicional...»
Nesse exato instante, o Chefe da Recepção Postal entrou correndo e gritando.
«Ei, pessoal! Estão chegando as cartas. São milhares por minuto. O que vamos fazer?»
Os olhos de Noel brilharam. Sua voz ecoou potente por toda a grande sala.
«HO! HO! HO! everybody. Vamos trabalhar!»

Oswaldo Pereira
Dezembro 2019

8 comentários:

  1. Vou me candidatar ao papel da fada q perde a varinha. Tb eu perco,por isso tenho várias.hehehe. Adorei a equipe de socorristas de nuvens.

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  2. Adorável!!! Leveza e sua característica! Parabéns! Ótimo Natal r nos vemos no final do Ano. 🎅🎅❤🍾🥂

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  3. Adorei o teu belo continho ! Eu também prefiro escrever! Muitos parabéns !
    Bom Natal

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    1. Então, escreve sua cartinha. E pede Paz para este atribulado planeta. Um grande beijo.

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  4. Gostei. O próximo filme de natal da Disney deveria ter um curta de introdução baseado neste conto.
    Bruno

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