FELIZ NATAL PARA TODOS!
E, para manter a tradição dos natais passados, aí vai o Conto de Natal de 2019.
Mamãe Noel acordou. Madrugada. Olhou
para o lado da cama. O marido não estava. E ela sabia o porquê.
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Tudo começara há um mês e meio. No dia
seguinte ao Halloween, o primeiro sinal. Nenhuma carta. O sub encarregado da
recepção postal estranhara. Dois dias depois, ainda com as caixas de entrada do
correio vazias, resolveu falar com o chefe da repartição. Após alguns minutos
em silêncio, este dissera: Não deve ter
problema. O pessoal ainda deve estar se divertindo com as bruxas. Vamos
esperar...
No dia 15 de novembro, soou um primeiro
alarme. Convocados para uma reunião, os diversos superintendentes foram para a
grande Sala da Situação. Sentaram-se ao redor da imensa mesa. A preocupação era
evidente nos cenhos franzidos. Papai Noel chegou.
«HO!HO!HO!
everybody... Então,
como estamos?»
O Chefe dos Correios pigarreou e
começou, soturno.
«Mal,
é quer dizer... Isto nunca aconteceu. Falta um mês e dez dias para o Natal e
nenhuma, eu repito, nenhuma correspondência
chegou até nós. Não consigo encontrar uma explic...»
O Supervisor dos Embrulhos Coloridos, um
duende brincalhão e otimista, atalhou.
«Ora, não seja tão alarmista. Atrasos na
correspondência não são nenhuma tragédia. Há gente que deixa tudo para a última
hora. Os brasileiros, por exemplo. Suas cartinhas só chegam lá para o dia 23 de
dezembro. Portugueses, italianos, os latinos em geral não ficam muito atrás...»
O Gerente da Linha de Produção de
Bonecas Articuladas, um elfo de óculos grossos e pragmático, retrucou.
«Sim, mas e os alemães? Seus pedidos
começam a chegar logo depois da Páscoa. Os escandinavos, assim que o verão vem
e vai naquela quarta-feira de agosto, já mandam suas mensagens. Há razão para
alarme, sim! Eu acho...»
Papai Noel tossiu suavemente.
«Desculpe interromper... Seção de e-mail?» E olhou para uma moça de cabelos
pintados de vermelho.
«Nada, Mestre...»
Noel recostou na poltrona de costas
altas. Ficou algum tempo em silêncio. Depois, disse.
«Realmente,
alguma coisa está fora do lugar. Temos de verificar. Pessoal das Relações
Públicas. Quero que vocês investiguem. Procurem averiguar o que há. Nova
reunião daqui a dez dias. Boas Festas.»
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Mamãe Noel resolveu levantar-se. Sabia
onde encontrar marido. Quando abriu a porta da grande sala, encontrou-o, de
semblante amargurado, a olhar para o Relógio Calendário que dominava a parede
do fundo. Debaixo do letreiro com a data, outro maior ainda. Em neon verde,
anunciava N – 10. Dez dias para o Natal. E nenhuma cartinha chegara.
O resultado das pesquisas, apresentado
pelo pessoal da RP após a reunião de novembro, eram desalentadores. No fundo,
ele se resumia a alguns nomes. Amazon,
E-Bay, AliBaba, e outros sites menores.
O mundo estava coberto pela Internet. Ninguém mais utilizava o tradicional ato de escrever sua lista de presentes e mandar
para o Bom Velhinho. As crianças do planeta tinham agora suas wish lists nas plataformas comerciais.
Tudo ia para as grandes nuvens virtuais e dali saiam os sedex dos pacotes natalinos. Trenós, renas, meias em cima das
lareiras, descidas pelas chaminés, tudo isso ficara obsoleto. Noel também.
Mamãe Noel tocou o ombro do marido.
«O mundo mudou, querido. Não há nada que
possamos fazer. Vamos dormir. Ainda é muito cedo.»
Horas depois, o dia ainda não raiara
quando as campainhas começaram a tocar. Todas. Uma grande movimentação parecia
ter tomado conta de tudo. Mamãe e Papai Noel foram acordados por alguém que esmurrava
a porta do quarto. Era a Vice-Diretora de Operações, uma fada já entradona que
vivia perdendo sua varinha de condão. Estava agitadíssima e trazia um barrete
vermelho por sobre os cabelos desalinhados. Papai Noel ainda tentou falar.
«Não precisa mais usar este chapéu.
Nós...»
Ela interrompeu.
«Venham rápido!»
Quando chegaram à Sala da Situação, a
efervescência era enorme. Todos olhavam para as gigantescas telas de televisão.
Nelas, repórteres e âncoras, comentaristas e operadores de câmera transmitiam
dos quatro cantos do planeta algo de extraordinário. As nuvens haviam sido
atacadas e destruídas.
«Nuvens?», perguntou Noel. Alguém mais próximo
explicou.
«Sim! As nuvens virtuais que guardam os
dados digitais de todo o mundo. Hackers invadiram-nas
e as apagaram. A Humanidade está em pânico!»
Noel levou algum tempo para digerir a
imensidade do problema. Foi só quando Mamãe Noel falou de mansinho.
«Agora, quem quiser ganhar presentes de
Natal vai ter que usar o método tradicional...»
Nesse exato instante, o Chefe da
Recepção Postal entrou correndo e gritando.
«Ei, pessoal! Estão chegando as cartas.
São milhares por minuto. O que vamos fazer?»
Os olhos de Noel brilharam. Sua voz
ecoou potente por toda a grande sala.
«HO! HO! HO! everybody. Vamos
trabalhar!»
Oswaldo Pereira
Dezembro 2019
Vou me candidatar ao papel da fada q perde a varinha. Tb eu perco,por isso tenho várias.hehehe. Adorei a equipe de socorristas de nuvens.
ResponderExcluirJá está aceita...
ExcluirAdorável!!! Leveza e sua característica! Parabéns! Ótimo Natal r nos vemos no final do Ano. 🎅🎅❤🍾🥂
ResponderExcluirBrigadão, prima. Até o Reveillon...
ExcluirAdorei o teu belo continho ! Eu também prefiro escrever! Muitos parabéns !
ResponderExcluirBom Natal
Então, escreve sua cartinha. E pede Paz para este atribulado planeta. Um grande beijo.
ExcluirGostei. O próximo filme de natal da Disney deveria ter um curta de introdução baseado neste conto.
ResponderExcluirBruno
Disney não sei... mas vou mandar para a Netflix...
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