Ele
nasce na Espanha, a dois mil metros de altura, num desvão inclinado, em um dos
picos da Sierra de Urbión. Frágil de
início, vai ganhando corpo e velocidade, engrossando seu caudal, à medida que
serpenteia pela meseta castelhana e pelas províncias de Castela e Leão. Quando
atravessa a fronteira e passa a ser português, já é quase um deus fluvial,
amplo, forte, majestoso. Muda seu nome.
Em
Espanha, chama-se Duero. A palavra
vem dos celtas, dur, que significa água. Em Portugal, o Douro suscita outras explicações. Alguns
defendem que a denominação vem de dûr, um
rio sinuoso, com desníveis e corredeiras traiçoeiras, perigoso e duro de navegar. Outros, que as pedras
que resvalavam pelas suas margens eram pepitas de ouro. Rio de Ouro, portanto, uma versão romântica para seu nome.
Com
o tempo, o rio foi sendo domesticado. Desde o século XVIII, o Douro recebeu
intervenções que o dotaram de barragens e eclusas, regularizando seu curso e
abrindo caminho para sua exploração como via comercial de escoamento de seu mais
precioso tesouro – o vinho.
Com
as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia como terminal, a produção vinícola
da região experimentou um extraordinário crescimento a partir do início dos
anos 1800. Gravuras de época são pródigas em representar barcos carregados de
tonéis a descer o rio. Dentro deles, o divino néctar das uvas douradas que
cresciam em suas margens. Principalmente, com uma versão deliciosa desse
líquido, obtida pela fermentação interrompida e pela adição de aguardente, que
ganhou os cálices de todo o mundo com o nome de vinho do Porto.
Hoje,
uma outra indústria vem aproveitar-se deste rio agora domado, com suas plácidas
águas, seus pedaços de História surgindo a cada curva, as montanhas que ladeiam
o curso d’água, cobertas, até onde a vista pode alcançar, de vinhas verdes,
debruçadas nos socalcos como ondas esmeraldas. O Turismo, que enche o Douro de
barcos panorâmicos e de gente ávida por provar o sabor superlativo de seu
vinho. No ano passado, foram 800 mil visitantes. Este ano promete mais.
É
a magia do Douro Vinhateiro, uma das
mais belas regiões deste pequeno paraíso que é Portugal.
Oswaldo Pereira
Setembro 2017
ResponderExcluirBelo passeio neste paraíso e novas informações!
Adorei voltar ...
Volte sempre, Isa...
ExcluirMeu caro. "Pequeno paraíso que é Portugal". Você tem toda a razão! E em especial a região do Douro que você nos fez recordar com sua preciosa descrição desde a nascente do Douro e ainda belas fotos. Parabéns! Abraços Zeca.
ResponderExcluirObrigado, Zeca. É só voltar... Portugal está na moda...
ExcluirQuanta beleza, é uma região especial e não a conheço. Minha mãe estudou no Porto no Colegio "Sacré-Coeur de Marie"e isso é outra razão para conhecer.Você fala da região e dá mais vontade de estar aí neste lugar que bem simbolisa o paraíso.
ResponderExcluirVenha mesmo, Cleusa. Passado e presente à disposição do viajante...
ExcluirAinda bem que gostou ou gostaram!
ResponderExcluirQuando fomos - há 17 anos, em Maio - apanhamos uma dia nublado e uma chuva miudinha. Tivemos azar. Mas fomos muito bem tratados e a paisagem é sempre excepcional!
A paisagem lá continua, cada vez mais linda. Mesmo com turistas por toda a a parte, o charme continua intacto...
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