quarta-feira, 13 de maio de 2015

PAPO DE BAR - BYE BYE BRAZIL



UÉ, VOCÊ AQUI NO GALEÃO... VAI PASSEAR?




NÃO, AMIGO, INDO EMBORA PARA OS STATES























«Embora? Como assim... de vez?»

«Mais ou menos. Vou dar um tempo. Tenho uns amigos por lá. Vou tentar...»

«Puxa, mas assim de repente... Aconteceu alguma coisa?»

«Bem... De repente, mesmo, não é. É algo que veio aos poucos, uma desilusão aqui, uma decepção ali... Um degrau para baixo todos os dias, balas perdidas no peito de uma esperança transeunte, facadas nas costas de um sonho teimoso. Acordar com o estômago embrulhado pelo espetáculo político visto na véspera na televisão, antes de dormir. O café da manhã azedado pelas manchetes dos jornais. Slogans repetidos como um disco quebrado por quem já perdeu a noção do que se passa no Pais que devia governar. As promessas ocas, os propósitos furados, as profissões de inocência enganosas, os “não sei de nada” trapaceiros, bordões mentirosos recitados ad nauseam como mantras podres. Náusea. É isto que sinto quando triplicam a verba partidária e hospitais caem aos pedaços, quando aprovam aumentos dos salários parlamentares e escolas desabam em cima de carteiras vazias, quando prefeitinhos embolsam o dinheiro das merendas, certos de sua impunidade, quando o próprio Secretário de Segurança de uma das cidades mais lindas do mundo declara alto e bom som que é melhor não denunciar os menores assassinos que perambulam pelas ruas porque eles serão soltos no dia seguinte e procurarão vingança. Tremores noturnos me tiram o sono toda vez que mega-projetos decantados em discursos de campanha não saem do papel ou, se saem, operam o milagre da multiplicação dos custos em obras superfaturadas, que nunca acabam. Falta de ar, amigo, me acomete quando uma empresa símbolo é saqueada por um projeto de poder destinado a “dar uma volta” na Democracia e pela incompetência de seus executivos. Quando recursos, agravos e outras filigranas começam a acochambrar as punições do julgamento-esperança que foi o Mensalão. Quando as mesmas artimanhas absolvem homicidas ao volante, facínoras no campo, exterminadores passionais e os tribunais geram a casta dos Acima da Lei. Quando as soluções para melhorar a sorte e recuperar o rumo se diluem no troca-troca obsceno do Congresso, no toma lá, dá cá de favores pessoais ou numa queda de braço ridícula. Quando o rescaldo de toda esta pantomima é uma nação parada, condenando milhões de jovens ao analfabetismo funcional, forçando a emigração dos mais competentes, sufocando o empresariado e o indivíduo com impostos imorais e sem retorno. Rotularam os anos da ditadura como os Anos de Chumbo. Como serão conhecidos, então, estes anos agora, em que o esgoto da corrupção derramou seu caldo fecal e fétido em cima da sociedade? Pois é, cara... Não dá mais. E você, vai ficar?»

«É... Será que dá para comprar uma passagem no cartão?...»

E assim, a Turma do Bar pede o seu boné... Bye, bye Brazil.


Oswaldo Pereira
Maio 2015


3 comentários:

  1. "Grande coisa é assumir a humanidade e maior coisa ainda, libertar-se dela." Murilo Mendes
    "A imperturbabilidade é mais forte que o destino" O I Ching - hexagrama 47 - A Opressão.

    Minha TV caiu de cara no chão e se espatifou inteira. Tenho me sentido melhor, mais normal.rs
    são

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  2. Quebrou as represas das angústias diárias e inundou com suas palavras de indignação e desanimo nossos pensamentos fazendo ecoar nosso clamor em uníssono........parabéns......

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