quinta-feira, 28 de abril de 2022

BOND 60 (16): DIAMONDS ARE FOREVER (PARTE II)

 


Quando George Lazemby deu adeus a James Bond, os produtores Harry Saltzman e Albert Broccoli decidiram promover uma repaginada na série. As críticas estavam más e a franquia corria o perigo de perder força e bilheteria. Uma das primeiras iniciativas foi a de americanizar mais o personagem. Contribuía para esta ideia o fato de que Diamonds Are Forever, o livro de Ian Fleming da vez, tratava da primeira aventura do agente secreto em terras yankees.

Com isto em mente, partiram para contratar o ator John Gavin (cujo nome real era Juan Vincent Apablasa), que já aparecera com destaque em Spartacus e Psycho (Psicose). Portanto, além de ter o porte físico necessário, trabalhara debaixo da batuta de ninguém menos do que, respectivamente, Kubrick e Hitchcock. Em sequência, chamaram Tom Mankiewicz (sobrinho do lendário Hermann Mankiewicz), um roteirista ainda jovem, para dar um sabor definitivamente americano ao script inicialmente desenvolvido por Richard Maibaum.

O ATOR AMERICANO JOHN GAVIN


Com o guião afastando-se do original literário, outras intervenções acabaram por transformar ainda mais a história. Uma delas deveu-se a um sonho que Albert “Cubby” Broccoli tivera com o recluso bilionário Howard Hughes. Tão impressionado ficou Cubby com a experiência que pediu a Mankiewicz para criar um personagem semelhante e o incluir no roteiro. Ao mesmo tempo, para retomar a pegada dos capítulos iniciais da série, a produção resolveu chamar Guy Hamilton, que dirigira Goldfinger, para assumir a direção do novo filme. Na mesma linha, Shirley Bassey voltou para cantar a música-título.

Mais aí, David Picker, presidente da United Artists, a distribuidora da franquia, entrou em cena. Sua mensagem foi clara: para garantir o sucesso, o papel de Bond tinha de voltar para Sean Connery. Quando Saltzman e Broccoli argumentaram que não estavam preparados para implorar a participação de um ator relutante, Picker fixou o cachê do personagem em US$ 1,25 milhões, uma quantia recorde para a época. O jeito foi enviar a atriz Ursula Andress para tentar convencer Connery. E ele aceitou. (Em tempo: Sean Connery doaria todo o seu pagamento para a Scottish International Education Trust, uma organização privada de ensino para jovens artistas e músicos iniciantes).

Com Connery de volta, as filmagens tiveram início em abril de 1971, com locações em Amsterdam, Los Angeles e Las Vegas. Charles Gray, o veterano ator que já participara de outro Bond (como Dikko Henderson em You Only Live Twice) tornou-se o terceiro a encarnar o arquivilão Blofeld. Para Willard Whyte, o personagem criado a partir do sonho de Broccoli, a direção escolheu Jimmy Dean, um cantor country (os saudosistas devem lembrar de um hit de sua autoria – Big Bad John). Ocorre que Dean (nada a ver com o lendário ator James Dean), tinha um show de sucesso no hotel Desert Inn, de propriedade de Hughes. Receoso de que sua interpretação de um personagem criado à imagem do bilionário pudesse despertar sua ira, Dean enviou-lhe previamente o script e os filmes anteriores da série.

CHARLES GRAY COMO BLOFELD


Jill St. John, que trabalhara em comédias e musicais ao lado de Jerry Lewis, Dean Martin e Frank Sinatra, foi escolhida para fazer Tiffany Case, e Lana Wood, conhecida do roteirista Tom Mankiewicz, para o papel de Plenty O’Toole.

A estreia de Diamonds Are Forever deu-se em Munique, no dia 14 de dezembro de 1971 e foi um grande sucesso de bilheteria, batendo recordes de arrecadação nas primeiras semanas em cartaz. Até hoje, retornou US$ 116 milhões aos cofres da EON.

A participação de Connery nas filmagens terminara dois meses antes, numa sexta-feira 13 de agosto de 1971, quando ele gravou sua última aparição como 007 dentro da franquia (como já antes mencionado nestes textos, não considero Never Say Never Again parte desta saga). Apesar de mais pesado e menos ágil, o ator despediu-se do papel exibindo todo o charme e personalidade que o fariam ser, até hoje, cultuado como o melhor intérprete de James Bond.

(continua)

 Oswaldo Pereira
Abril 2022

4 comentários:

  1. Adoro essa ideia: "Diamonds are forever." Numa joia, ou embaixo da terra.

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  2. Excelente resumo. Quero crer, considerando a data de lançamento deste filme, que talvez tenha sido o 1o a assistir assim que lançou. De lá pra cá , vi todos .
    Obrigado pelo texto

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  3. Assinatura do comentário acima:
    Roberto Bazolli

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