sexta-feira, 8 de abril de 2016

PAPEIS DO PANAMA

Panama papers.

Em outros tempos, a moda era os panama hats, os chapéus panamá, brancos, estivais, com sabor de férias, símbolo mundial do relax e da vida praieira.

Outros tempos...

Hoje, aquela tripa geográfica, quase um cordão umbilical que une as duas Américas, manda mensagens diferentes de um submundo tortuoso de fantasmas empresariais, lavanderias com detergentes poderosos, onde dinheiros de procedências diversas, e perversas, encontram a blindagem do anonimato e a imunização contra os dízimos fiscais.

todo mundo lá. Mandatários, ministros, mecenas, mitos, malandros e magos. Se quisermos continuar na letra M, também lá estão Macri e Messi. Todas as outras letras do alfabeto, entretanto, estão também representadas com alento. São quase 300.000 mil firmas de fachada com o nome romântico de offshores, criadas com o objetivo social verdadeiro de esconder granas do Fisco e protege-las dos olhos dos outros inocentes pagadores de impostos.

Uma grande farra financeira regida pelos maestros da Mossack Fonseca, advogados preferidos por nove entre dez magnatas para gerir seus pés de meia bilionários. Ninguém sabe ainda estimar o tesouro que enche esta monumental caverna de Ali Babá. O abracadabra da denúncia foi apenas pronunciado e já causou a baixa do premier da Islândia. Islândia?!, dirão alguns. Como é possível que naquela pedra de gelo haja corrupção?...

Pois é, amigos. Depois de mais este levantar de véus, que desnuda outra pintura obscena deste mal endêmico, a gente se pergunta. Não serão a ganância, o conchavo, a vantagem espúria, a facilidade comprada açúcares genéticos embutidos nos volteios do DNA humano? 

A ocasião faz o ladrão, já diziam meus bisavós, provavelmente convencidos de que a honestidade pura era uma lenda que morrera com Sir Galahad.

E, por falar nisto, alguém já investigou a fundo a vida de Sir Galahad?...

Oswaldo Pereira
Abril 2016


6 comentários:

  1. Adorei... o final é perfeito!!
    Sabia do erro de tradução que originou o termo?

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    1. Tax haven, e não tax heaven? Aprendi como você. Homerix também é cultura!

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  2. Caro Primo,
    Certamente A Voz da Cidade aproveitará mais esse texto seu. O comentário é perfeito.
    Machado de Assis, mais cético que nossos bisavós, dizia: "a ocasião faz o furto".
    Abraços,
    Geraldo

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  3. Sim, não precisa a ocasião, e eles pensaram que "nunca antes neste país " surgiria um MORO, nosso Salvador ! Seu comentário está excelente!

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    1. Obrigado, Cleusa. Espero que a "Lava Jato" tenha vindo para ficar.

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