quarta-feira, 23 de março de 2016

NOVOS KAMIKAZES



E, finalmente, aqui na parte de baixo do planeta, é Outono.

Na parte de cima, seria Primavera. Seria.

Os atentados de ontem em Bruxelas dão um gosto amargo ao começo da Estação. Bombas em vez de flores. Mortes em vez de sorrisos. E o século XXI vai dando seus primeiros passos assistindo a uma série contínua de ações terroristas cruéis e inevitáveis. Colecionando, desde o tristemente emblemático ataque às Torres Gêmeas, cuja imagem marcará a História, mais de uma centena de pequenos holocaustos, estes nossos tempos poderão entrar para a memória como o Século do Terror.

A serviço de uma pregação de ódio, mais e mais jovens marcham para o alistamento nos exércitos fundamentalistas, formados para difundir sua fé pela violência. Depois de treinados física e mentalmente, serão quase imbatíveis. São invisíveis aos serviços de segurança por não terem cadastro criminal, são aceitos mansamente nas comunidades por não externarem sua índole até o momento do ataque. A consequência final da ação suicida não lhes mete medo. A morte é um prêmio.

Assim, são letais. Podem estar neste momento tomando placidamente café num bistrô, comprando calmamente um bilhete de ônibus, lendo o jornal num banco da praça, enquanto acariciam os detonadores que escondem debaixo do casaco.

Jovens são assim. Na década de 1930, milhares correram à Espanha, para lutar na Guerra Civil ao lado dos Republicanos. Seu ideal era, então, romântico. Uma cruzada contra os falangistas de Franco, uma busca pelo Graal apregoado pelas ideologias da esquerda.

Hoje buscam a destruição. Imolam-se por um ideal de intolerância. Partem em missões sem volta inspiradas pela leitura extremada dos códigos de sua religião. São kamikazes sem o amor ao Imperador, samurais sem o bushido.

Como combate-los? Como impedi-los? O que fazer para nos defendermos?

Até quando?

Oswaldo Pereira
Março 2016

6 comentários:

  1. Triste,é muito triste: perguntas sem resposta.

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    1. Do dia do post para hoje, mais dois atentados com homens-bomba. Em plena Páscoa...

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  2. São imbatíveis sim pq buscam a própria morte. E se não a encontrarem continuarão buscando. Essa é a doença mais grave que atinge o psiquismo de alguns indivíduos. Compulsão. Não tem cura.Pode ser álcool, droga, comida, sexo, ação "política". Varios modos de dar fim à existência.

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  3. E tortuoso, pois os que carregam essa patologia sempre responsabilizam
    "O Outro".

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