Eu não queria escrever sobre este assunto. Juro que não.
Queria que o meu blog sempre mostrasse uma página alegre, uma informação útil,
uma reflexão soprada pela minha experiência de vida, o retrato de uma viagem, a
discussão de uma ideia ou de um fato mundano. Que as más notícias ficassem para
os jornais, de papel ou de TV, que abrem o mundo e sua crueza na nossa sala de
estar.
Mas, não consigo ficar calado. E olhem que, como todos os que
já viveram muito, eu já me indignei, me horrorizei com muita coisa, aqui e lá
fora. Guerras, massacres, atentados, assassinatos em série, lutas fratricidas,
extermínio de inocentes, atos terroristas. Há pouco, inclusive, fomos invadidos
pelas imagens de bombas caseiras feitas com requintes de crueldade matando e
aleijando num dia de festa.
Também sei que isto não é novo. A violência é tão velha
quanto a História e tão bíblica quanto Caim e Abel. Neste aspecto, nosso
retrospecto é tão ruim quanto o nosso presente e pouco promete para o nosso
futuro.
Morador de uma cidade grande, devia eu estar, se não
acostumado, pois não há como se acostumar com a batalha urbana, pelo menos
anestesiado pela repetição diária de crimes que a mídia reporta ou que nos
chega pelas conversas com amigos e conhecidos. Assaltos, agressões, violações
fazem parte do quotidiano desses mega aglomerados em todo o planeta.
Três atos bárbaros, entretanto, mexeram fundo. Talvez pela
proximidade temporal, dado que todos aconteceram no espaço de menos de um mês.
E, seguramente, pela sua brutal gratuidade, sua monstruosidade seca, sua
covardia abjeta. Um rapaz morto com um
tiro na porta de casa porque demorou a entregar a carteira, uma turista
estuprada durante horas numa van enquanto seu namorado era agredido com uma
barra de ferro, uma dentista queimada viva porque tinha poucos fundos em sua
conta bancária.
Terríveis por sua própria natureza, estas três atrocidades
trouxeram um componente a mais, que as reveste de um significado diverso da irracionalidade
comum, já tão revoltante e inaceitável. Em todas elas, um menor de idade teve
participação decisiva.
E é aí que a angústia trava a garganta. E a pergunta fica,
presa, explodindo em silêncio. Por quê? Que incubação social doida criou estes
pequenos monstros? Como esta fantasia louca de poder e desprezo pelo ser humano
foi instilada em seus cérebros corrompidos? Em que charco familiar foram
paridos e cevados? Como descobri-los e inibi-los antes que desencadeiem seus
infernos?
Evidentemente, não sei a resposta. Mas sei de uma coisa.
Enquanto as leis os regalarem com estatuto penal diferenciado, as vozes
piedosas dos mansos os apelidarem de vítimas sociais e a memória volátil das
gentes os esquecerem, ele continuarão por aí, de dia nas “pedras” dos guetos,
de noite na euforia sanguinária das ruas.
E cada gangue terá seu personal
dimenor, para assumir a culpa e livrar a cara dos broders.
Não riam. Não é para rir.
Oswaldo Pereira
Maio 2013
Oswaldo Pereira
Maio 2013
Exatamente, amigo.... teci o meu comentários após o crime do portão... lá informei como são as coisas nos EUA. Há menores condenados à prisão perpétua.
ResponderExcluirAgora mais esse dois casos alucinantes... como disse, um charco...
Sabemos que tudo depende de nossa política, principalmente em época de eleger novo presidente. Ouvi quando a Presidente disse que não mexeria no estatuto da criançA. NÃO INTERESSA PARA ELA POLITICAMENTE. A filhaa e o neto estão bem guardados.
ResponderExcluirCleusa.
Fiquei chocada demais com esses fatos. Pior é que a coisa está tão comum que as pessoas estão perigosamente "acostumadas" a mais um crime. Também penso que a punição é essencial, mas mais ainda ir fundo nas causas e tentar impedirde chegarmos nesse ponto. Como? Complicado!
ResponderExcluir"Os tanáticos também estão sob pressão".(cit.Potiguara M. Junior, psicanalista) o que não lhes confere de modo algum, da parte de suas vítimas, tolerância, muito menos perdão. É preciso ler ou reler
ResponderExcluir"O Futuro de uma Ilusão" e "O Mal-Estar na Civilização". Sigmund Freud.
Sera que essa violência é influenciada pelo meio em que vivem esses monstros ou ela é nata ?
ResponderExcluirOs brasileiros são reféns constante da violência que impera no pais !
O que você escreveu é justo e a impunidade desses menores é revoltante, mas o que esperar desse pais da permissividade ?!
Fifi