«É um absurdo! E logo no país que proclama ser o
campeão das liberdades individuais. E logo no governo de um homem que jurou que
protegeria a privacidade de seus cidadãos. Esse Edward Snowden é um herói.
Traidor é o Obama!»
«Discordo. Totalmente. As pessoas que acham que este bisbilhoteiro está com a razão não entendem nada da situação atual. Não vêem
que é uma questão se segurança nacional. E...»
«Que segurança nacional droga nenhuma. Esta desculpa
não cola mais. Lá já existe a CIA, o FBI e mais não sei quantas agências super
aparelhadas para perseguir bandidos. Os americanos já acabaram com o Sadam
Hussein, com o Bin Laden, já invadiram o Afeganistão. Mantêm ilegalmente um
bando de árabes em Guantánamo, sem julgamento sem nada. Prá que precisam xeretar a vida alheia?»
«Porque, minha querida, o mundo mudou. E continua
mudando, rapidamente. Antigamente, na Guerra Fria, o inimigo era a União
Soviética, a China Vermelha. Os espiões eram uns românticos que bebiam vodka martini e transmitiam suas
mensagens em código por rádios escondidos no sótão. Tudo muito preto no branco.
Os adversários tinham rosto e nome, sabia-se de onde vinham. Hoje é
diferente...»
«Diferente? No quê? Só se for na quebra dos direitos
da pessoa, na invasão da sua intimidade, no monitoramento dos seus passos. Não
estou falando de Mata Haris, X-9´s e 007´s. Estou falando do cidadão comum, eu
e você. Que poder é esse que viola um dos princípios constitucionais mais
básicos, que instrui seus agentes a vasculhar a vida de quem quer que seja,
especialmente de estrangeiros, em seu território? Nada pode justificar...»
«É claro que pode! Entenda o seguinte. Hoje o grande
perigo não é uma guerra, nos moldes da Coréia, do Vietnam. O terrorismo veio mudar tudo. E mesmo este novo
inimigo já mudou de cara. Primeiro, as ações eram planejadas por organizações
complexas, tipo Hezbollah, Al Qaeda. Eram esquemas de ataque caros, que
envolviam um grupo de operativos profissionais. Levavam meses para serem
montados e executados, como o onze de setembro, as explosões nos trens de
Madri, o ônibus de Londres»
«E sabe por que isto pôde acontecer? Não foi por
falta de polícia e agentes secretos. Foi por ineficiência deles. Se tivessem
examinado bem seus registros e arquivos, teriam descoberto alguma coisa antes
dos atentados. Os árabes que pilotaram os aviões jogados contra as torres
produziram um monte de indícios antes de agirem. Era só o aparelho de defesa da
Estado estar mais atento e teria prevenido o desastre. Não é necessário espionar
milhões de cidadãos para isso»
«Não era. Agora
é. O ataque não vem mais do terrorismo organizado. Hoje qualquer adolescente
imberbe e cheio de espinhas, devidamente doutrinado, pode montar sua bomba
caseira no porão de casa e explodí-la, e a ele, numa estação de metrô às cinco
da tarde e matar centenas de pessoas. Pode ser qualquer um. Pode ser aquele
cara sentado ali naquela mesa, pode ser aquela sua vizinha bondosa, o
entregador de pizza. Pode ser todo mundo. E, assim, todo mundo é suspeito»
«Não sei... Tudo isso me incomoda. Este clima de Big
Brother. Não o da TV, que é lamentável. Mas o de George Orwell. Um grande
Estado voyeur nos observando,
colhendo dados, anotando nossas ações diárias.
Me dá arrepio...»
«Pois você já devia estar arrepiada há muito tempo. O programa americano de monitoramento começou
em 2001, na era Bush. Obama só fez continuar, incorporando, é claro, os avanços
tecnológicos. E, no fundo, mesmo sem as decisões de Obama ou Bush, e morando
aqui no Brasil, nos já somos monitorados o tempo todo. Você está com o seu
celular?»
«Sim»
«Pois então alguém lá na sua operadora
sabe que você está aqui no ZanziBar. Já experimentou viajar com ele? Então,
assim que chegou ao seu destino, você deve ter recebido uma mensagem informando
que uma operadora local passaria a controlar as suas ligações. Saiba também que
todas as suas conversas telefônicas, de aparelhos celulares ou de fixos, são
gravadas. Uma ordem judicial pode expô-las. Mais. Tudo o que você acessa na
internet, sejam e-mails, sites, redes sociais, pesquisas no Google, no Yahoo,
tudo o que você posta, consulta, envia ou recebe viverá para sempre na grande
nuvem que paira sobre nós. Você acha que
a coisa some quando você carrega no delete?
Engano seu...»
«Deus meu...»
«Deus?... É... Do jeito que a coisa está, há alguém
que sabe sobre nós quase tanto quanto Ele...»
Oswaldo
Pereira
Junho
2013
Arrepiante.........essa consciência me arrepia........
ResponderExcluirBota arrepio nisto...
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