sábado, 8 de junho de 2013

MORRE UMA SEREIA





Alô, moçada das novas gerações. Morreu Esther Williams.

Esther, quem?!...

Pois é. Só mesmo para a turma que já passou dos setenta a noticia faz tilintar algumas lembranças, ou ainda, faz respingar água clorada em cima de retalhos de memórias. Para as meninas e os meninos de sessenta para baixo, o nome ecoa em neurônios vazios.

Então, deixem-me contar.
 
ESTREIA NO CINEMA
Esther Jane Williams foi uma estrela diferente. Nas palavras dela própria, não sabia cantar, dançar ou representar. Mas fazia uma coisa muito bem: nadava como um peixe. Ou melhor, como uma sereia. Este foi o apelido-sinônimo da ruiva de olhos verdes que dominou as telas e encheu os cofres da MGM entre 1942 e 1956. Foram 25 filmes, a maioria deles tendo piscinas gigantes como base do roteiro e uma história que envolvesse um romance açucarado com o ator de sucesso do momento. Foram vários, desde Mickey Rooney a Clark Gable, passando por Peter Lawford, Victor Mature, Gene Kelly, Van Johnson, Howard Keel e Ricardo Montalbán. Até Tom & Jerry contracenaram com ela. Anos mais tarde, ela própria declarou: All they ever did for me at MGM was change my leading man and the water in my pool (tudo o que fizeram por mim na MGM foi trocar meu galã e a água da minha piscina...) Mas, na era do technicolor, Esther reinou suprema, chegando a ser a segunda atriz mais bem paga pelo famoso estúdio (a primeira era Betty Grable). 

Nascida em 1921 na Califórnia de uma família pobre e numerosa, aos oito anos já trabalhava na piscina de uma escola das vizinhanças contando toalhas. Lá aprendeu a nadar e com dezesseis começou a ganhar competições de natação pelo Los Angeles Athletic Club. Em 1939, foi escolhida para integrar o time olímpico dos Estados Unidos. Seu grande sonho era então ganhar uma medalha nos Jogos de Tóquio, no ano seguinte. A Segunda Guerra Mundial não deixou isto acontecer. Mas, em compensação, abriu-lhe uma carreira inesperada.
"ESCOLA DE SEREIAS"

Em 1940, um espetáculo aquático-musical chamado Acquacade resolveu selecionar nadadoras de primeira linha para contracenar com Johnny Weissmuller, o mais famoso Tarzan das telas e, ele mesmo, nadador de competição (cinco medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1924 e 1928). Das 75 concorrentes, ele escolheu Esther Williams. Daí para Hollywood, foi um passo. Melhor dizendo, uma braçada.

Nos próximos 14 anos, ela foi um dos rostos mais fotografados do planeta. Sua influência foi poderosa na divulgação do nado sincronizado e no aumento da venda de piscinas domésticas. Sabendo que a fama não dura para sempre, criou uma griffe de roupas de banho que até hoje é extremamente conceituada.
"A FILHA DE NETUNO"

Em 2007, um AVC prendeu-a a uma cadeira de rodas. Mas, até morrer anteontem, aos 91 anos, ainda entrava diariamente na piscina de sua casa.

E, quer saber, foi vendo suas evoluções na água que me convenci a, aos nove anos, ir aprender a nadar, no Copacabana Palace, onde as aulas eram dadas por Maria Lenk, outra nadadora de carreira olímpica.

Mas, isto é outra história. 


Aproveitem para conhecer melhor Esther Williams no pequeno filme abaixo.





Oswaldo Pereira
Junho 2013



3 comentários:

  1. Os sexagenarios também curtiram esta fantastica nadadora... filmes água com açúcar que alegravam a vida...

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  2. Muito legal a MGM apreciar o talento dela fazendo filmes valorizando a sua performance, mesmo não sendo como atriz, como nadadora.

    Eu nunca vi um filme com ela, mas gostei muito desse filmezinho ...

    "Chapeau" por ter pensado nela.

    Fifi

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  3. Muito bem descrito!!! Vi alguns trechos de Sessão da Tarde com ela!!
    Era um tempo romântico!!!

    E que legal que você teve uma professora histórica!!!

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