terça-feira, 9 de agosto de 2022

BOND 60 (28): OCTOPUSSY (PARTE II)

 


Bond também descobre que Octopussy é dona de uma rede de espetáculos circenses, através da qual Khan opera seu contrabando de joias, juntamente com Orlov. Ciente de que uma apresentação desse circo está programada para acontecer numa base americana situada na Alemanha Oriental, Bond para lá parte. Após várias peripécias, o agente inglês verifica que Orlov plantou um artefato nuclear numa instalação do circo, para ser detonado durante o espetáculo. O fato iria fazer os governos da Europa Ocidental pensarem tratar-se de um acidente nuclear e convencê-los a promover um desarmamento das forças da OTAN, o que facilitaria ainda mais os planos bélicos do general russo.

Como não podia deixar de ser, 007 encontra a bomba e a desativa, a 1 segundo da explosão (!); Orlov tenta fugir, mas é morto pelos guardas. Em seguida, Bond e Octopussy retornam à India atrás de Kamal Khan e com a ajuda das mulheres que formam a guarda pessoal dela, atacam a mansão do príncipe afegão. Ele e seu capanga Gobinda, entretanto, conseguem dominar Octopussy e fugir em seu avião particular. Bond persegue o aparelho a cavalo e acaba se agarrando à asa, enquanto o avião decola. Segue-se uma incrível cena de ação, com 007 do lado de fora da aeronave (!!), segurando-se como pode e lutando contra Gobinda (se quiser ver esta arriscada filmagem, clique neste  LINK  ). 

Após vencer o adversário e desabilitar um dos motores, Bond entra na cabine e encontra-se com Octopussy. Enquanto o avião perde altitude, os dois saltam do aparelho no momento em que este faz um rasante no topo de uma colina (!!!), segundos antes de se despenhar e explodir. Refeitos, eles terminam o filme curtindo as delícias do palácio de Octopussy.

Octopussy teve sua première em junho de 1983, com a presença dos príncipes Charles e Diana, e foi lançado pela MGM, que havia absorvido a United Artists, distribuidora dos filmes da EON. Embora faturando menos do que a produção anterior, For Your Eyes Only, conseguiu ainda arrecadar US$ 180 milhões (contra um custo de US$ 27 milhões), muito mais do que Never Say Never Again, o Bond fora da franquia (e que não vai fazer parte desta resenha), estreado meses antes.

As filmagens não haviam tido início quando Roger Moore, mais uma vez, comunicou a “Cubby” Broccoli que iria desistir do papel. A procura do substituto envolveu novamente Timothy Dalton, que, novamente, recusou. A escolha recaiu em James Brolin. Entretanto, o lançamento de Never Say Never Again, com Sean Connery como Bond, abalou Broccoli e o diretor John Glen, que decidiram não arriscar o emprego de um novo ator. O jeito foi convencer Moore.

Faye Dunaway pediu alto para representar Octopussy. Barbara Carrera preferiu atuar ao lado de Connery em Never Say Never Again. A produção acabou por convidar a sueca Maud Adams, que trabalhara em The Man With The Golden Gun, uma repetição reprovada por muitos aficionados da série. A EON já havia lançado mão desse expediente em outras ocasiões (como utilizando o ator Charles Gray em papéis diferentes em Diamonds Are Forever e You Only Live Twice) mas, escalar a mesma atriz para duas aparições como uma Bond Girl proeminente foi um pouco demais.

Outra sueca, Kristina Wayborn, fez Magda, a assistente de Kamal Khan. Louis Jourdan, o veterano ator francês, foi uma acertada escolha para fazer o criminoso príncipe, personificando um impecável e convincente vilão. Já Steven Berkoff, como General Orlov, faz uma atuação decididamente over e até caricata. O britânico Robert Brown, que havia aparecido como um almirante em The Spy Who Loved Me (outra repetição), assumiu como M, no lugar do falecido Bernard Lee. Lois Maxwell (“Moneypenny”) e Desmond Llewellyn (“Q”), apesar da passagem do tempo, continuaram em seus lugares. Uma curiosidade: como uma das cenas se passa no politburo soviético, o ator Paul Hardwick foi selecionado, dada a sua semelhança física com Leonid Brezhnev. Só que Brezhnev foi defenestrado pouco antes da estreia do filme, e a cena ficou de certo modo anacrônica.

LOUIS JOURDAN COMO KAMAL KHAN


John Barry retornou para compor a trilha sonora e, com o letrista Tim Rice, a música-título (bela, por sinal) All Time High, cantada por Rita Coolidge.

Apesar de contar com alguns elogios da crítica na época de seu lançamento, Octopussy representou um retrocesso. Enquanto For Your Eyes Only dera a impressão de uma retomada do estilo mais seco e down to business dos primeiros capítulos da franquia, o filme peca por situações incongruentes e inverossímeis, além do uso de um humor descambando para (como dizia o Barão de Itararé) o perigoso terreno da galhofa. James Bond pendurado num cipó a la Tarzan  (na cena em que ele escapa do palácio de Kamal Khan)??!!  Façam-me o favor...

(continua)

Oswaldo Pereira
Agosto 2022

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