Em
1922, o Rio de Janeiro preparou-se para a festa. Desde 1916, um detalhado
planejamento foi sendo desenvolvido, não só na então capital da República, mas em
quase todas as grandes e médias cidades do país. Como centro político e
cultural, o Rio liderou a extensa programação festiva. Além das várias solenidades
cívico-religiosas, desfiles militares e festejos populares, uma grande exposição
internacional dominou a cena. Nada menos de que 25 prédios foram construídos na
área da recente demolição do Morro do Castelo. Seu propósito era abrigar as
mostras das 13 nações convidadas, um caleidoscópio de novidades nas áreas da
indústria e do comércio, das artes e do progresso tecnológico. Vários pavilhões
nacionais também procuravam mostrar ao mundo o que o país tinha de melhor.
PRÉDIOS CONSTRUÍDOS PARA A EXPOSIÇÃO RIO, 1922
Foi um estrondoso sucesso. Houve dias em que mais de 14 mil visitantes percorram o enorme local. Isto e toda uma sequência de eventos serviram para promover um ambiente de genuíno orgulho. Não era para menos. O Brasil comemorava o seu primeiro centenário.
Cem anos são passados. E, triste e desencantado, eu vejo que nada do fervor de 1922 revive hoje. O ano do bicentenário vai passando amortecido, sem fanfarras nem girândolas, sem grandes eventos e sem celebrações. Alguns dirão que o momento crucial em que estamos e a polarização política impedem que se pense muito em festa. Mentira. O ano de 1922 foi muito mais conturbado. Houve revoltas, como os 18 do Forte, embates entre as classes, panfletos incendiários entre Governo e militares, o nascimento do Tenentismo. Até a área cultural estava em chamas, com a realização da Semana de Arte Moderna em São Paulo.
Então, por que? O que nos embota, nos impõe este ar blasé, destacado do sentimento de justo ufanismo pela nossa pátria? Será que a imagem histórica está-se apagando neste país de memória curta? Por que uma data de tão enorme significado passa batido e ignorado pela imprensa? Onde estão os desfiles escolares, as recriações teatrais, sei lá, um filme sobre o tema, um convite nacional para comemorar em uníssono o momento?
Muitos dos prédios construídos para a Exposição Internacional do Centenário da Independência estão até hoje de pé, no Rio de Janeiro, como o Museu da Imagem e do Som e o Museu Histórico Nacional. São marcos deixados de uma época em que algumas coisas ainda valiam, ainda faziam sentido, como o culto a um intangível patrimônio – a identidade nacional.
O que ficará deste bicentenário?
Oswaldo
Pereira
Agosto
2022
Então ... parece q de intangível, esse patrimônio não tem nada !
ResponderExcluirComemorações de efemérides como esta carecem muito - dependem em absoluto, dará para dizer - da iniciativa governamental. Como data nacional, dependerá sobretudo da iniciativa do governo federal. O vazio - se não for pior; o esvaziamento - é o retrato fiel do desgoverno que nos assola. Lastimável: Haveria tanto a celebrar como saldo da caminhada de 200 anos. E, creio, o mundo nos olharia com um misto de espanto, inveja respeitosa, alegria ... ; se bem provocado, se associaria às nossas celebrações, como em 1922.
ResponderExcluirAo invés do patriótico sobressalto cívico que poderia nos impelir para a frente, fundar os alicerces para que o terceiro centenário nos encontrasse como nação condutora do progresso da humanidade, estamos mergulhados na apagada e vil tristeza autoflageladora que nos amarra no pelourinho da vergonha ...
Concordo que, em parte, a iniciativa tinha de partir do Governo. Entretanto, acho que o problema é mais profundo. As atuais gerações de brasileiros estão sendo (des)educados a desprezar o passado, renegar as origens e as tradições. É triste...
ExcluirAssisto ao desmonte de identidade há uns 40 anos…sutilmente as aulas de história eram minadas de exemplos para que o futuro adulto se envergonhasse de sua história…foi intencional…apagar a história para reescrevê-la sem apego a ícones e valores passados…..mas sabiam o que estavam fazendo.Os alicerces para se olhar um futuro com fé são necessários…..porque ficam vulneráveis….”um país sem passado não tem futuro..”
ResponderExcluirCertíssimo.
ExcluirSó me causa tristeza ver o total menosprezo para com a nossa história, nossos valores.
ResponderExcluirTudo isso provocado pelos inimigos da pátria. Ainda bem que temos um presidente patriota que procura resgatar esses valores.
Esses inimigos da pátria agem mesmo no exterior denegrindo a imagem do Brasil.
Há muito tempo que venho sentindo o descaso com a nossa História. Parece que o brasileiro tem vergonha de seu passado...
ExcluirMeu filho, desde cedo, tem a vocação de ser historiador. Realizar este sonho só foi possível graças a minha iniciativa de tirar a nacionalidade Portuguesa. Explico, infelizmente no nosso país o ensino de História não se compara a uma instituição Europeia, e o mercado de trabalho, este incomparável. Não valorizamos nossos museus, a elite brasileira já foi ao Louvre mas nunca pisou em um museu no Brasil. Portugal, para citar um país que Oswaldo conhece bem, transforma sua história em “produto” turístico e fatura com isso. A Universidade de Coimbra, onde meu filho estuda, valoriza suas tradições. Oswaldo a juventude Brasileira é que não dá valor a História, a juventude portuguesa está sempre promovendo feiras medievais e outros eventos ligados a história de Portugal
ResponderExcluirGrande verdade. Vejo isto em cores gritantes toda vez que vou e volto de Portugal. E não é só lá. Vi isto também na maioria dos países que visitei, dos Estados Unidos ao Vietnam, do México à Alemanha, do Japão ao Peru. Cuidam e veneram sua história e seus heróis. Se renegamos isto, renegamos nossa identidade. E o nosso futuro...
Excluiracho que o governo incompetente do Brasil nao tem capacidade de bolar algo tao grandioso para celebrar os 200 anos do Brasil,
ResponderExcluirMas, não é só este Governo. Já são décadas de menosprezo e (des)educação cívica.
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