Eleito pela Assembleia Geral, por
recomendação do Conselho de Segurança, o português de 67 anos António Manuel de
Oliveira Guterres acaba de tomar posse como Secretário Geral da Organização das
Nações Unidas.
Seus compatriotas o conhecem bem.
Político atuante desde 1974, Guterres é um
dos maiores nomes do Socialismo luso. Eleito para a Assembleia da República em
1976, logo destacou-se nas fileiras de seu Partido, presidindo uma série de
comissões e secretarias. Por cinco mandatos, foi presidente da Assembleia
Municipal, o equivalente ao nosso Prefeito,
da cidade de Fundão, na região Centro de Portugal. Em 1992, chegou ao cargo
de Secretário-Geral do Partido Socialista e, em 1995, foi eleito Primeiro Ministro.
Reeleito em 1999, acabou por demitir-se em 2002, ao verificar que disputas
políticas internas do PS ameaçavam jogar o país num “pântano político”, segundo
suas próprias palavras. A partir daí, retirou-se da cena pública, assumindo um
cargo de consultoria na Caixa Geral de Depósitos.
Em 2005, entretanto, efetivou uma aproximação
que já se desenrolava há algum tempo com a ONU, sendo nomeado Alto Comissário
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Quem acompanha com interesse a
História moderna não terá dificuldade em compreender a importância que o momento
reservava para esse cargo. A data coincidiu com o enfraquecimento das ditaduras
norte-africanas e do Oriente Próximo, em seguida à invasão do Iraque pela
coalizão liderada pelos Estados Unidos. Esta situação iria desaguar na
Primavera Árabe e, posteriormente, na desestabilização política de toda a zona
e no advento do radicalismo islâmico.
Tudo isto acabou por acender o estopim de
inúmeros conflitos internos nos países da região e, eventualmente, no
surgimento de uma imensa onda de refugiados, nunca vista desde os tempos da
Segunda Guerra Mundial. Guterres previu este tsunami. Já em 2012, intuiu que grandes massas de fugitivos iriam
vir. Restava só saber “como iremos
administrar sua vinda e quão humanamente o faremos”, conforme ele próprio
declarou à época.
Ainda bem que, segundo as pessoas que o
conhecem desde os bancos escolares, onde sempre se destacou como o melhor de
sua turma, Guterres não tem medo de problemas. O que o espera a partir de agora,
como Secretário-Geral da maior organização internacional do planeta, é um
receituário de problemas para ninguém botar defeito.
O fluxo permanente de refugiados, a ameaça
sinistra das falanges do ISIS, do Boko Haram, do Al-Shabab, a queda de braço assassina
na Síria, o Brexit e seus possíveis efeitos negativos na união do Euro, o
crescimento da Direita em países de topo na Europa, o infindável empurra-empurra
entre judeus e palestinos, uma pedra no sapato do Extremo-Oriente chamada Coreia
do Norte, os piratas somalis, as discussões internas sobre ampliação do
Conselho de Segurança... Que tal?
E, como se fosse pouco, here comes Trump e suas ameaças de retaliações à decisão do
Conselho de Segurança de condenar os assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Sensato e inteligente, António Guterres tem
agora a oportunidade histórica de se tornar um respeitado líder mundial. Que os
heróis da epopeia lusa dos Descobrimentos o inspirem e protejam.
Oswaldo
Pereira
Janeiro
2017
Amém.
ResponderExcluirQue Deus o ajude !
ResponderExcluirQue Deus o ajude e o proteja.
ResponderExcluirMe ocorreu que o ONU poderia e deveria se pronunciar e até buscar uma forma legal, tipo assim, em defesa da Humanidad, de impedir o ataque ao complexo na Amazônia que compreende a bacia do Rio Tapajós. Lembrei de vc Oswaldo pra escrever ao Guterres.
ResponderExcluirQuem sabe?... Vou pesquisar.
Excluir* A ONU
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