terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

OSCAR 2015






Acabamos sempre sendo apanhados pela magia e mais uma vez nos rendemos à festa. Cada ano é um ano e a premiação da Academia tem este pendor de, mesmo dentro do formato tradicional de música e dança, piadas, abertura de envelopes e discursos de agradecimentos, alternar estilos. Em 2014, tivemos a farra irreverente de Ellen DeGeneres, brincando com todo mundo, aproveitando a onda nascente dos selfies e até encomendando uma pizza em pleno show. Agora, o humor contido e rápido de Neil Patrick Harris fez um Oscar mais disciplinado, até businesslike, meio no “padrão”. 

Como não consegui ver todos os indicados (um dia ainda vou conseguir...), não posso julgar o acerto da escolha. Mas, intimamente, nutria uma predileção pelo Grande Hotel Budapeste, por todo o seu nonsense elegante e seu ritmo frenético. Vi Birdman, o vencedor, mas não me deixei empolgar, mesmo com a soberba atuação de Michael Keaton. Mas, no quesito Melhor Ator, concordei inteiramente com os membros da Academia: Eddie Redmayne transmutou-se em Stephen Hawkins, assim como no passado, por exemplo, Ben Kingsley havia-se transmutado em Gandhi, Meryl Streep em Margaret Thatcher e Daniel Day-Lewis em Lincoln (todos ganhadores da estatueta). Por fim, foi o ano dos indies, os filmes de produção independente e o bicampeonato dos mexicanos na Direção (Alfonso Cuarón, em 2014, e Alejandro Iñárritu anteontem).

Além das premiações, é claro, o que sempre distinguiu a cerimônia foi o seu invólucro de cores, seu inigualável mise-en-scène em palcos suntuosos, como só os americanos são capazes de fazer. Isto e mais os belos números musicais. A receita é infalível. E proporciona surpresas magníficas, como foi ver a multifacetada Lady Gaga “arrasar” na homenagem aos 50 anos do The Sound of Music, com direito à presença de Julie Andrews. O poderoso discurso de aceitação do rapper Common, vencedor com a canção Glory, do filme Selma, foi outro destaque, assim como o grito de Patricia Arquette pelas mulheres. E, evidentemente, a paródia de uma cena de Birdman, levada a cabo pelo apresentador Neil Harris e que o fez aparecer de cuecas no palco mais visto no planeta...

Este é o encantamento que nos leva a ficar acordados numa noite de domingo, com os olhos presos na telinha e sonhando com o universo mágico do cinema, esta arte que é a sétima e que nos faz flutuar num mundo paralelo. E, de repente, revendo atores com quem “convivemos” por anos a fio e constatando que eles também envelheceram. Tanto quanto nós...


Oswaldo Pereira
Fevereiro 2015







Um comentário:

  1. Poderia assinar seu post quase na íntegra, menos na opinião sobre Birdman, o único a que não assisti!!

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