Acabamos sempre sendo apanhados pela magia e mais uma
vez nos rendemos à festa. Cada ano é um ano e a premiação da Academia tem este
pendor de, mesmo dentro do formato tradicional de música e dança, piadas,
abertura de envelopes e discursos de agradecimentos, alternar estilos. Em 2014,
tivemos a farra irreverente de Ellen DeGeneres, brincando com todo mundo,
aproveitando a onda nascente dos selfies
e até encomendando uma pizza em pleno show. Agora, o humor contido e rápido de
Neil Patrick Harris fez um Oscar mais
disciplinado, até businesslike, meio
no “padrão”.
Como não consegui ver todos os indicados (um dia ainda
vou conseguir...), não posso julgar o acerto da escolha. Mas, intimamente,
nutria uma predileção pelo Grande Hotel
Budapeste, por todo o seu nonsense elegante
e seu ritmo frenético. Vi Birdman, o
vencedor, mas não me deixei empolgar, mesmo com a soberba atuação de Michael
Keaton. Mas, no quesito Melhor Ator, concordei inteiramente com os membros da
Academia: Eddie Redmayne transmutou-se em Stephen
Hawkins, assim como no passado, por exemplo, Ben Kingsley havia-se
transmutado em Gandhi, Meryl Streep
em Margaret Thatcher e Daniel Day-Lewis
em Lincoln (todos ganhadores da
estatueta). Por fim, foi o ano dos indies, os filmes de produção independente e o bicampeonato dos mexicanos na Direção (Alfonso Cuarón, em 2014, e Alejandro Iñárritu anteontem).
Além das premiações, é claro, o que sempre distinguiu a
cerimônia foi o seu invólucro de cores, seu inigualável mise-en-scène em palcos suntuosos, como só os americanos são
capazes de fazer. Isto e mais os belos números musicais. A receita é infalível.
E proporciona surpresas magníficas, como foi ver a multifacetada Lady Gaga “arrasar” na homenagem aos 50
anos do The Sound of Music, com
direito à presença de Julie Andrews. O poderoso discurso de aceitação do rapper Common, vencedor com a canção Glory, do filme Selma, foi outro destaque, assim como o grito de Patricia Arquette pelas mulheres. E, evidentemente, a paródia de uma cena
de Birdman, levada a cabo pelo
apresentador Neil Harris e que o fez aparecer de cuecas no palco mais visto no
planeta...
Este é o encantamento que nos leva a ficar acordados
numa noite de domingo, com os olhos presos na telinha e sonhando com o
universo mágico do cinema, esta arte que é a sétima e que nos faz flutuar num
mundo paralelo. E, de repente, revendo atores com quem “convivemos” por anos a
fio e constatando que eles também envelheceram. Tanto quanto nós...
Oswaldo
Pereira
Fevereiro
2015
Poderia assinar seu post quase na íntegra, menos na opinião sobre Birdman, o único a que não assisti!!
ResponderExcluir