De tempos em tempos, assim como nós, também os países chegam a encruzilhadas do destino. São momentos em que parece que a História nos empurra para decisões cruciais, para uma inadiável escolha entre caminhos diametralmente opostos. São acontecimentos que ficarão para os livros, para deleite dos analistas que viverão num amanhã e que, como sempre, irão desenvolver várias teorias e explicações de como e porque uma nação e seu povo enveredaram para um lado e não para o outro. Será assunto para teses, compêndios e, não sei se será porventura o caso, muita polêmica na Web.
Mas, esses analistas estarão olhando pelo retrovisor, para um passado que, para nós, ainda é futuro. Por mais que as pesquisas pretendam nos fazer ver uma realidade que as ruas desmentem, a única coisa que sabemos é que as eleições brasileiras de outubro de 2022 são uma incógnita. E, pelo bem ou pelo mal, uma democrática incógnita.
Democracia, desde que os gregos a inventaram, é a palavra-chave dos anseios políticos da Humanidade. Embora o termo e o conceito tenham nascido na Grécia, na mítica agora, a suposta praça em que todos os cidadãos levantavam suas mãos para apontar seus governantes, a sua VERDADEIRA prática só foi realidade a partir do final do século XVIII. Foi no jovem Estados Unidos da América que seu exercício teve o poder de levar o país o mais próximo possível de um governo do povo, pelo povo e para o povo.
Entendamos bem, entretanto. Democracia não é uma dádiva. E nem uma bênção. Pressupõe uma série de atributos do grupo que a professa. Uma delas, talvez a principal, seja a Educação. Um povo educado tenderá sempre a fazer escolhas mais sábias e, girando num círculo virtuoso, aquelas que propiciarão o aumento e a disseminação de mais educação, e assim por diante. Em meus aborrecidos textos, tenho repetido sempre que, no meu provecto pensar, a Educação tem de preceder a Democracia, sob pena de, num ambiente de baixa civilidade, ser esta um instrumento de opressão e regresso.
Outra necessidade é a vigilância. Não vou aqui repetir a citadíssima frase de Thomas Jefferson, mas, efetivamente, Democracia exige um trabalho incansável de acompanhamento e cobrança. É preciso entender que na base do exercício democrático está o voto. E este nada mais é do que um mandato, uma delegação. Eu, eleitor, delego ao meu candidato representar-me nos diversos níveis da Administração Pública. Se eu não me mantiver atento à atuação de meu mandatário, todo o sentido do voto foi por água abaixo.
Daqui a mais alguns dias, mais de cento e cinquenta milhões de nós iremos às urnas. Não quero entrar aqui na polêmica da confiabilidade do nosso sistema de apuração. É um campo cheio de considerações técnicas que não entendo e, portanto, é-me impossível emitir qualquer opinião. Prefiro acreditar nele, até que alguma prova evidente me mostre o contrário. O que me preocupa mais é o grau de seriedade com que o eleitor brasileiro irá apertar as teclas de sua escolha. Se o fizer com convicção, de acordo com o que seu grau de informação e seu desejo de uma nação feliz e justa, estará praticando o melhor que a Democracia tem a oferecer. Se, ao contrário, usar seu direito apenas como manifestação de mesquinho despeito, de interesses venais contrariados ou, mesmo, de desinteresse, se terá tornado indigno do momento histórico em que vivemos.
Oswaldo
Pereira
E seja o que Deus quiser. E os eleitores também. De preferência com muito juízo e discernimento do que realmente querem para o país. Parabéns, Oswaldo.
ResponderExcluirObrigado Ana. É um grande momento de decisão. Let´s brace ourselves, como dizia Churchill...
ExcluirObrigado Oswaldo por suassabias palavras,precisaremosde muita sabedoria para exercer nosso direito abraço itibere
ResponderExcluirObrigado, grande amigo. Espero que isto seja válido para a maior parte dos 150 milhões que irão às urnas.
Excluir"Por mais que as pesquisas pretendam nos fazer ver uma realidade que as ruas desmentem, ...". Será que desmentem ? Dentro de poucos dias saberemos ... Se os eleitos se empenharem em desenvolver muito o nível de educação geral, terá valido a pena e daqui a alguns anos estaremos bem melhores ...
ResponderExcluirEsta é a grande expectativa...
ExcluirLi, ouvi, mas esqueci em q circunstâncias: Educar, governar, psicanalisar... é impossível !
ResponderExcluirOlá Oswaldo.
ResponderExcluirEstamos prestes a usar o direito ao voto democraticamente.
Como você diz a democracia não é uma dádiva.
Já naquele tempo dos gregos a 350 anos AC Isocrates dizia que a democracia se auto destroe por que as pessoas abusam do direito da igualdade e o direito da liberdade por que há ensinado ao ciudadano a considerar a impertinência como um direito e no desrespeito às leis como liberdade e a impertinência das palavras comoi gualdade e a anarquia como felicidade.
Já era difícil imagina agora. .
ABS.
Emílio Gonzalo