domingo, 11 de setembro de 2022

BOND 60 (32): THE LIVING DAYLIGHTS (PARTE II)

 


A mudança de estilo é mais do que evidente.

Essa foi a tônica principal dos comentários e avaliações da crítica, quando o filme foi lançado em junho de 1987, em Londres, com a presença dos príncipes Charles e Diana. E, não foi só o tipo de atuação e o approach empregados por Timothy Dalton em The Living Daylights, em expressivo contraponto ao Bond de Roger Moore. O próprio roteiro define um protagonista mais introspectivo e menos hedonista. A relação entre o agente e Kara Milovy, a principal figura feminina, tende mais para o romance do que para os relacionamentos mais superficiais e sexualmente orientados dos filmes anteriores. É preciso lembrar que, em meados da década de 1980, o flagelo da AIDS estava mudando comportamentos. Promiscuidade era uma palavra a ser evitada.

Richard Maibaum e Michael G. Wilson, mais uma vez, se encarregaram do roteiro, assim como John Glen emplacou a direção de mais um Bond. O filme também marca a ascenção de Barbara Broccoli, a filha de Cubby, na hierarquia da EON, assumindo a coprodução e papel preponderante na escolha do elenco. Foi dela a indicação da inglesa Maryan d’Abo para o papel da violoncelista Kara, uma escalação considerada equivocada pelos aficionados, dada a inexpressividade da atriz britânica. Desmond Llewelyn continuou em seu posto como Q e a inglesa Caroline Bliss assumiu como Moneypenny, no lugar da inesquecível Lois Maxwell.

MARYAN D'ABO (KARA MILOVY)


Embora tendo sido aprovado pelos críticos cinematográficos à época, que consideraram The Living Daylights quase um renascimento da imagem de 007, muitos comentaristas apontaram a fragilidade da interpretação de d’Abo e a inexistência de um grande vilão (nem Joe Don Baker como Brad Whitaker e Jeroen Krabbé como Giorgi Koskov, embora excelentes atores, conseguiram superar as limitações de seus papéis) como pontos negativos. Em termos financeiros, entretanto, o filme foi um sucesso, com uma bilheteria que, até hoje, soma US$ 191 milhões.

The Living Daylights foi a última vez que o maestro John Barry musicou um Bond. Como despedida, ele até aparece no final do filme, regendo a orquestra que acompanha Kara Milovy no seu concerto em Viena. A música título foi uma parceria sua com Pål Waaktaar, do grupo norueguês A-ha, que a interpreta. A trilha, em função da habilidade musical da personagem, inclui vários trechos clássicos.

Mas, mais importante de tudo, Timothy Dalton havia passado no teste. O novo James Bond estava entronizado.

Oswaldo Pereira
Setembro 2022

 

 


2 comentários:

  1. Olá Oswaldo.
    Vou alugar um vídeo para recordar grandes sucessos da era dos Bond.
    Você está com um acervo magnífico sobre os agentes secretos.
    Parabéns.
    Emílio Gonzalo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vale mesmo a pena revê-los. Alguns podem estar "datados", mas é bom lembrar que foram pioneiros de seu gênero na época.

      Excluir