quarta-feira, 28 de setembro de 2022

BOND 60 (34): LICENCE TO KILL (PARTE II)




Licence To Kill foi o primeiro filme da série a ser filmado inteiramente fora do Reino Unido. Aumento dos impostos na Inglaterra iria fazer com que, ao invés de nos Estúdios da Pinewwod, a produção fosse realizada, além de locais na Florida e na Baja California, no Estúdio Churubusco, no México.

A mudança até ajudou, pois toda a ação envolve os meandros do contrabando de cocaína que, já no final da década de 1980, era a principal preocupação dos órgãos antidroga americanos, com ramificações em vários países da América Latina e participação de políticos importantes, como o Presidente do Panamá, Manuel Noriega, inimigo público número um do FBI. Dizem até que, por causa de seu rosto marcado pela acne, como o do presidente panamenho, o ator Robert Davi foi escolhido para o papel de Franz Sánchez, o principal vilão do filme. Assim também, a fictícia Republica de Isthmus tem tudo a ver com o país da América Central (em tempo: o Panamá É um istmo). E a bandeira tem as mesmas cores do pavilhão da Nicarágua...

Davi foi o responsável pela indicação de Talisa Soto para uma das Bond girls, Lupe, a amante de Sánchez. Carey Lowell fez Pam Bouvier, o outro papel feminino. O filme traz um iniciante Benício del Toro (que iria ganhar o Oscar de Coadjuvante em 2000, por sua atuação em Traffic) como Dario, o assecla de Sánchez.

ROBERT DAVI (SÁNCHEZ) & BENICIO DEL TORO (DARIO)


David Hedison aparece como Felix Leiter dezesseis anos depois de ter feito o mesmo personagem em Live And Let Die. Com 61 anos, sua escalação foi inicialmente posta em dúvida pelo produtor Cubby Broccoli e pelo diretor John Glen, haja vista que saltos de paraquedas faziam parte do script. Uma certa premonição pois, na cena em que Leiter e Bond saltam para chegar à igreja onde se realiza o casamento do agente americano com Della, o equipamento de Hedison deu problema e ele machucou a perna. Ficou mancando durante o resto das filmagens...

Outras participações curiosas foram a de Wayne Newton, cantor e showman americano (intérprete do sucesso Red Roses for a Blue Lady), que insistiu com os produtores para aparecer num Bond (ele é o pastor charlatão Joe Butcher) e a de Pedro Armendariz Jr., filho do ator que interpretara Ali Karim Bey em From Russia With Love.

Por questões de saúde (havia sofrido uma ruptura do esôfago) John Barry não pôde dirigir a parte musical de Licence To Kill. Michael Kamen substituiu-o.  A canção título é de Gladys Knight, que faz uma homenagem a Goldfinger, usando as inesquecíveis fanfarras iniciais do lendário tema. Se desejar ouvir, clique neste  LINK .

Timothy Dalton havia sido contratado para, em princípio, trabalhar em três Bonds. Logo após o lançamento de Licence To Kill, em junho de 1989, a terceira produção com sua presença já estava sendo cogitada. Entretanto, uma longa batalha legal entre a UA e a EON iria postergar as filmagens de mais um filme de 007 até 1993. Quando, finalmente, a questão foi resolvida, Dalton iria, para surpresa de todos, abandonar o papel.

Licence To Kill iria também marcar a despedida de importantes personalidades, cuja imagem estava intimamente ligada à história da franquia. Foi o último filme do diretor John Glen; Robert Brown encarnou M pela última vez e Caroline Bliss, sua última Moneypenny. Lamentavelmente, Maurice Binder, o mago das imagens de abertura de todos os Bonds até então, e Richard Maibaum, o veterano roteirista, também disseram adeus, falecidos ambos em 1991. E Albert “Cubby” Broccoli, que morreria em 1996, não veria o próximo capítulo da saga.

Novamente, o posto estava vago. James Bond Will Return, a frase final, iria parecer uma promessa vaga. Seriam seis anos de intervalo.

(continua)

Oswaldo Pereira

Setembro 2022

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