segunda-feira, 11 de julho de 2022

BOND 60 (24): MOONRAKER (PARTE II)

 


Assim que conseguem livrar-se do ataque de Jaws no teleférico do Pão de Açúcar, Goodhead e Bond são apanhados por capangas de Drax, mas 007 consegue fugir. Por essa altura, a seção Q do MI6 já havia examinado a amostra recolhida por Bond em Veneza e verificado que a toxina era produzida a partir de uma rara e venenosa espécie de orquídea existente na região amazônica. Bond vai atrás da pista e, a bordo de uma lancha munida de uma bateria de gadgets e defesas, se envolve numa frenética corrida pelos igarapés amazônicos, perseguido por uma frota de barcos inimigos. Ao aproximar-se de uma imensa cachoeira, Bond manipula os comandos de sua lancha, que se transforma numa asa-delta, e desliza pelo ar em cima das quedas d’água (cenas que foram filmadas em Iguaçu, a mais de 1.000 quilômetros da região amazônica...).

Aterrizando na floresta, Bond segue seus instintos e descobre, no meio da selva, a Base Espacial de Drax, que ali prepara o lançamento de vários shuttles Moonraker. Apanhado logo à entrada, ele e Goodhead, que já lá estava prisioneira, são condenados por Drax a morrer debaixo dos foguetes de propulsão de uma das naves. Mas, evidentemente, Bond é Bond. Os dois conseguem dominar seus carcereiros e tomam o lugar dos pilotos de um dos shuttles e partir para o espaço.

Logo percebem que a nave, como todos os outros Moonrakers, se dirige automaticamente para uma estação espacial e que, como passageiros, levam centenas de casais escolhidos a dedo para serem os fundadores de uma nova raça humana. O plano de Drax estão se revela. Satélites com a toxina serão lançados à Terra, eliminando toda vida no planeta (providencialmente, o veneno não tem efeito sobre animais e plantas...), cujo repovoamento será feito pelos escolhidos e governado por Drax.

Percebendo que nem Jaws e nem a garota sardenta enquadram-se nos parâmetros da nova humanidade, Bond consegue reverter a lealdade do brutamontes e, com a ajuda deste, inicia uma batalha dentro da estação. Isto acaba alertando os controles das bases americanas na Terra e um regimento de marines astronautas parte para atacar a estação de Drax, num confronto a la Star Wars.

Tudo acaba bem para a humanidade e, é claro, para Bond e Goodhead, que são flagrados pelas câmeras do MI6 fazendo amor em gravidade zero dentro do Moonraker. Indagado pelos chefões da agência britânica sobre o que 007 está fazendo, Q profere uma das respostas mais ambíguas de toda a série:“I think he is attempting reentry, Sir...” (eu acho que ele está tentando reentrar, Senhor...).

BOND & GOODHEAD EM GRAVIDADE ZERO...







Apesar de Steven Spielberg ter-se oferecido para dirigir Moonraker, “Cubby” Broccoli, o chefão da EON, preferiu manter Lewis Gilbert e as filmagens tiveram início em agosto de 1978. Como o roteiro exigia locações exóticas, Índia e Birmânia chegaram a ser consideradas, mas Broccoli preferiu o Brasil, onde havia estado em férias anos antes. A maior parte das outras cenas foram filmadas em França e, como foi considerada uma produção franco-inglesa, muitos dos papéis importantes foram preenchidos com atores daquele país, como Michael Lonsdale (lembram-se dele? O detetive que persegue Edward Fox em The Day of the Jackal) para encarnar Hugo Drax, Corinne Cléry como a malograda pilota Corinne Dufour e Blanche Ravalec, a sardenta namorada de Jaws. A Bond girl principal, a Dra. Holly Goodhead, foi interpretada por Lois Chiles, depois que Jacklyn Smith (das Panteras) recusou o papel, devido a conflitos de agenda com as gravações do seriado.

MICHAEL LONSDALE COMO HUGO DRAX
John Barry continuou a comandar a trilha sonora, que faz diversas citações a outros filmes, como trechos do tema de The Magnificent Seven, quando Bond, vestido a la gaúcho e com um grupo de cavaleiros sai à procura de Drax, e os acordes da comunicação alienígena de Close Encounters of the Third Kind na botoeira eletrônica de um laboratório. A música título, de pouco sucesso de vendas e de críticas (embora eu a considere uma da mais inspiradas de Barry) foi gravada pela veterana dos temas Bond, Shirley Bassey, após ter sido oferecida a Kate Bush.

Estreando em junho de 1979, o filme inicialmente recebeu algumas análises favoráveis, mas, com o passar do tempo, foi sendo rebaixado à qualificação de um dos piores episódios da franquia. O plot absurdo, situações inverossímeis, como a conversão do assassino Jaws, e a inapropriada comicidade de certas cenas fizeram torcer o nariz dos aficionados da série. Moonraker é hoje considerado como um dos piores momentos de Bond.

(continua)

Oswaldo Pereira
Julho 2022

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