De vez em quando, este antigo ditado volta. Melhor dizendo, ele sempre está por aí, jocosamente nos observando, preparado para despontar, tão logo, neste sofrido Pindorama, alguém inventa absurdos e pirotecnias que só a nossa proverbial mansidão como povo resignado é capaz de aceitar.
“Se só existe no Brasil, e não é jabuticaba, é besteira...”
Ah!, quantas calinadas, quantos jabaculês, quantas quebradas de braço, quantos expedientes manhosos, quantas patranhas, aldrabices, gamelas, lorotas, potocas, maxambetas, petas e lambanças temos visto aqui prosperar em nome de um suposto jeito nacional de resolver as coisas.
Se eu sucumbisse à pachorra de elencar neste texto a longa lista das coisas que eu considero falsas jabuticabas, os meus minguados leitores teriam de percorrer páginas e páginas de uma leitura entediante.
Entretanto, há uma que não posso deixar de assinalar, não sem antes ressaltar o seguinte.
A existência de uma Suprema Corte é um apanágio do Estado de Direito. Nenhum país razoavelmente organizado numa sociedade democrática pode prescindir de um colegiado dessa natureza. Por definição, é esperado e aceito como premissa básica que sua em composição figurem os mais experientes e sábios juristas da nação.
Também por definição, essa Corte tem por função exclusiva se ocupar dos grandes temas do arcabouço legal vigente, principalmente na interpretação da Constituição, em seus níveis mais altos.
É assim no mundo civilizado. E é também assim que está previsto na nossa própria lei.
Mas...
Aí entra a jabuticaba. O nosso Supremo Tribunal Federal resolveu investir-se de algo que, isto sim, só existe por estas bandas. Hoje, ele conseguiu arrebanhar para si várias instâncias. Numa auto proclamada concepção, para a qual o adjetivo esdrúxula é assaz débil para qualificar corretamente a imagem (e que eu já batizei de STI – Supremo Tribunal Imperial), atualmente seus membros, em várias ocasiões monocraticamente, interferem em casos muito abaixo da linha em que deveria se manter e agem como iniciadores da ação legal, instruidores do processo, julgadores e executores da sentença. E sem direito a recursos...
Um dos efeitos mais danosos deste distorcido comportamento é fazer aflorar na sociedade brasileira um sentimento enjoado de insegurança jurídica, justamente aquilo que uma Suprema Corte deveria impedir.
Esta última decisão do Ministro Edson Fachin é prova disto. Não estou sequer inferindo que possa ter havido poderosos interesses políticos nesta decisão. Poderia ser qualquer outro réu. O que me preocupa é a justificativa processual em que Fachin se baseou para proferir sua sentença. Se fosse um julgamento do mérito da acusação, eu até poderia aceitar. Afinal, para isso há as instâncias.
Mas, não. Fachin simplesmente anulou todo o rito processual, sob a alegação de que havia erro de competência na ação inicial. E isto significa o seguinte. Ou ele está equivocado, ou todos os quatro tribunais, com seus desembargadores e magistrados, que julgaram procedente e juridicamente hábil o processo, são uns ignorantes.
Bota insegurança jurídica nisso...
Oswaldo Pereira
Março 2021
ignorantes ou; ...... mto bem pagos!!!
ResponderExcluirDaí a insegurança...
ExcluirÉ o país da impunidade.
ResponderExcluirO mesmo STF anulou toda a investigação das rachadinhas do Flavio Bolsonaro. A investigação que revelou que a Michelle Bolsonaro recebeu um cheque de R$ 89 mil de um bandido miliciano. Tudo anulado para livrar a cara dele.
O Ricardo Salles foi condenado por receber dinheiro de mineradora e adulterar os mapas de nascentes do Rio Tietê. Depois virou ministro do Bolsonaro e a condenação foi anulada.
O próprio presidente foi autuado em FLAGRANTE por pesca ilegal quando era deputado. Nunca pagou. E depois que virou presidente demitiu o fiscal que estava cumprindo o dever e o autuou.
É tudo um país da impunidade geral.
Caro Unknown, esta lista não tem fim. Você precisa adicionar os governadores que receberam bilhões do governo para combater a pandemia e sumiram com a grana em respiradores fajutos e não entregues, em campanha de propaganda, em hospitais fantasmas. Você precisa adicionar um Supremo que tira da cadeia, por filigranas jurídicas, bandidos da pior espécie. Você precisa adicionar toda uma classe política, de vereadores a senadores cujos processos de corrupção andam a passo de cágado acobertado por juízes venais e desonestos. Você vai me desculpar, mas se o pior de que se pode acusar o Bolsonaro é um "flagrante de pesca ilegal", no país dos petrolões e dos mensalões, só pode ser uma piada.
ExcluirUm. Bolsonaro é ligado às milícias, com tráfico de armas, assassinato por encomenda, grilagem de terras e enriqueceu com a pequena corrupção a qual teve acesso nos anos de política irrelevante. Veja a mansão de 6 milhões do filho e a lavanderia loja de chocolate. Pesca ilegal é o de menos ali
ExcluirDiscordo de suas belas palavras, pois ñ são coerentes com as leis.Na República do Paraná, e adjacências, havia mais coisas de podre q algumas pessoas nas quais ñ querem acreditar.
ExcluirA mão pesada da justiça tem q ter o mesmo peso p todos.
Interessante. Achei que as minhas palavras buscavam exatamente mostrar que a lei é que é incoerente neste país....
ExcluirImagine. O Procurador Geral escolhido a dedo pelo presidente desfez a Força Tarefa da Lava Jato.
ResponderExcluirO presidente gastou 7 bilhões de reais em emendas para eleger o Arthur Lira, braço direito de Eduardo Cunha. Lira é Ficha Suja e só conseguiu ser eleito com uma liminar de um juiz local. Hoje é réu e não pode substituir o presidente em caso de necessidade. Esse é o presidente da Câmara de Bolsonaro.
País da impunidade e da corrupção.
E é triste verificar que a Corrupção é intrínseca e a Impunidade é institucional...
ExcluirMuito difícil e desanimador viver nesta nossa jabuticabeira, Oswaldo.
ResponderExcluirMelhor é se mudar para o país da oliveiras....
ExcluirEsse despacho é uma regurgitação para não dizer um vômito fedorento. Existe como instituto jurídico que garante a segurança, na aplicação da lei pelos tribunais a preclusão consumativa lógica temporal que pode ser alegada a qualquer tempo, por uma vez, até que se decidida, como foram decididas todas as vezes. Mesmo sem um incidente de exceção de prescrição consumativa, a sua alegação sendo afastada desde que foi levada ao TRF4, à ela a parte não pode retornar. Ou pode mas a decisão pode impor uma ligitigância de má fé. Não porque seja coisa julgada, como será alegado das sentenças não transitadas em julgado, para afastar a lisura do processo desde o seu início, mas para servir de alavanca para condenar-se o juiz MORO, por uma nenhuma interferência de decisão combinada, que foram tomada na única estratégia entre a acusação e o criminoso para se por cobro ao crime organizado. Foi assim com Al Capone e foi assim com a falecida Operação Mãos Limpas cujo desfecho foi mais condizente com a Máfia. Mataram o juiz. Esse princípio da preclusão lógica consumativa foi em todas as instâncias apreciada e dizer-se que não tem relação com o Petrolão é querer tapar o sol com a peneira, porque todos que estão no Petrolão estão no Guarujá no Atibaia. É o ditado popular de que o 'pior cego é aquele que não quer ver'. Foi e continua sendo um despacho teratológico, que faz tábua rasa da Segurança Jurídica, um dos três pilares sobre os quais repousa o princípio matemático do ITER que não ocorrendo erro grosseiro, pelos princípios da instrumentalidade, celeridade e economia processual. Se já foi consagrada a jabuticaba do trânsito em julgado mesmo após a condenação em segunda instância a prescrição temporal lógica consumativa não é atingida por essa aberração constitucional. Mas somo assim como disse o Roberto Campos, replicado pelo Pedro Malan, "NO BRASIL NEM O PASSADO É PREVISÍVEL"
ResponderExcluirExcelente e cristalinamente esclarecedor! Parabéns, amigo Lustosa, e obrigadissimo pela contribuição.
Excluir...tomadas. ...em que se devee guiar pelos princípios... ...e economia processuais.
ResponderExcluir...somos assim...
Da proóxima vez digo para o copydesk revisar. kkkk
Vã filosofia.
ResponderExcluirVamos cair na real, o país está sem direção, rumo ao abismo...
Já há muito tempo, caro amigo. A história do abismo é velha...
ExcluirHá tempos curtos, o Brasil ignorava ou menosprezava os abalos sísmicos. Hoje, faz-se necessário uma adaptação da escala Richter para aplicá-la aos "sismos jurídicos" que ninguém desconhece, mas a maioria pretere.
ResponderExcluirBoa comparação! Há várias placas tectônicas colidindo-se no subsolo jurídico deste país...
ExcluirComo dizia o ex presidente Figueiredo
ResponderExcluirO pais vai entrar numa corrupcao tamanha que nem uma guerra civil resolveria