quinta-feira, 3 de março de 2016

OSCAR 2016





A expectativa da festa inteira girava em torno da Diversidade. Semanas antes, uma imensa onda levantou-se nas mídias sobre a ausência de artistas negros nas indicações aos prêmios (e eu que pensava que o Oscar era para as melhores atuações do ano, independentemente da cor...)

E Diversidade foi o que não faltou na noite de domingo passado. Para começo de conversa, a maioria dos filmes nomeados tinha origem em fatos reais, e também polêmicos, cobrindo um espectro de problemas que iam da proteção ao meio-ambiente à pedofilia, passando por estupro e ganância financeira, com denúncias que ainda são válidas e atemporais.

Além disso, talvez para amortecer as críticas de exclusão racial nas escolhas da Academia, mais da metade dos apresentadores era negra, a começar pelo mestre de cerimônias, que preparou um monólogo de entrada fazendo aquilo que ele sabe fazer de melhor. Só o irreverente Chris Rock poderia despertar risos com a frase em que citou os “negros baleados por policiais a caminho do cinema” e outras mais. Uma gozação com viés de porrada nas ações da Polícia americana. E a piada sobre a criação de um Oscar “negro” para garantir todo ano a premiação de atores e atrizes afrodescendentes... Por fim, acho que não passou despercebido de ninguém a cor da pele da Presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs.

Graças a isso, a noitada foi de descontração. E de algumas surpresas. Uma delas, a hegemonia de “Mad Max – Fury Road” nos efeitos visuais e sonoros, desbancando a última edição do “Star Wars” e a escolha de Mark Rylance (de “Ponte dos Espiões”), suplantando os favoritos Mark Ruffallo, brilhante como o jornalista português (de nascimento) Mark Rezendes e Tom Hardy, o John Fitzgerald de “O Regresso”, como melhor ator coadjuvante.

Na certeza mais certa da noite, DiCaprio finalmente abiscoitou a estatueta e entrou para o clube dos grandes nomes da telona. Merecido.

Este ano, o Brasil participou um pouco da festa com a candidatura a Melhor Longa de Animação de “O Menino e o Mundo”, uma pequena obra-prima do paulista Alê Abreu. Se você não viu, procure vê-la. Vale a pena.

E, daqui a cem anos, quando se falar da 88ª cerimônia do Oscar, vai-se lembrar que, mesmo após oito anos de Barack Obama, o assunto central ainda era as diferenças raciais...


Oswaldo Pereira
Março 2016


6 comentários:

  1. Muito bom!!
    Pois é, não fiz o meu .... vou passar!!
    E eu torcia por Rocky!!

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    1. Para o Stallone ganhar, só criando, além do "Oscar Negro", o Oscar Botox (rsrsrs)...
      Mas, ainda dá tempo para mandar o seu. E, Parabéns pela campanha para o CA da BR. É assim que se faz...

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  2. Glamour é uma categoria extinta. Di Caprio merecia emergir das águas geladas do naufrágio do Titanic. Tornou-se um artista maduro. Salvou a cerimônia sem graça de 2016. Tem carisma. Que prossiga.

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    1. Tem carisma. E paciência. Assisti a uma entrevista dele antes da festa. Uma repórter chatíssima. E ele com toda a fleugma, respondendo a tudo com educação. Merece.

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  3. Olá Oswaldo
    Infelizmente não acompanhei.
    Apreciei suas ponderações e gostei dos resultados
    Mad Max superou Star Wars . Merecia.
    Abraços
    Emilio

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    1. Foi pena o brasileiro não ter ganho. Mas, concorrendo com gigantes...

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