quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O REGRESSO





Revenant, em inglês, quer dizer aquele que retorna da morte. O título dado no Brasil, O REGRESSO, chega perto. Mas, não preenche exatamente o significado da palavra original.

Assim, também, é o filme. Chega perto de ser uma obra prima. Mas não é.

Todo mundo reconhece que o mexicano Alejandro Iñárritu é um excelente diretor. Desde seu primeiro trabalho, Amores Perros, até o Oscar do ano passado com Birdman, passando por 21 Grams e Babel, ele tem colecionado uma fileira de prêmios e de aclamações da crítica. Ninguém põe isto em dúvida, mas eu acho que, desta vez, ele errou a mão, ao tentar vestir de lirismo uma história de violência, que tem como cenário as disputas entre caçadores de peles e índios na tundra canadense nos primórdios do século XIX. Fica exagerado. As cenas das copas das árvores ficam repetitivas e, com a utilização recorrente de flashbacks, contribuem para um alongamento dispensável do filme.

Mas, The Revenant tem seus muitos méritos. O primeiro é a extraordinária fotografia, um portentoso álbum de cenas magníficas de um Canadá ainda primitivo, de um inverno infinito desenhando campos de neve, rios azul-cobalto correndo entre as margens brancas, poentes de tirar o fôlego. Outros são o figurino e a direção de arte, ótimos ao recriar o ambiente rude e a vida agreste e sem misericórdia de uma terra de pioneiros em luta contra uma natureza inclemente. Para isso, Iñárritu foi buscar os talentosos Emmanuel Lubezki, Jaqueline West e Jack Fisk, feras que são também os preferidos de outro gênio, o diretor Terence Malik.

A primeira meia-hora do filme, até a extraordinária cena em que o urso ataca o personagem Hugh Glass (numa das mais bem filmadas cenas de ataque animal que já vi), quase vale o ingresso. Mas, depois, o ritmo cai.

Finalmente, O REGRESSO confirma Leonardo DiCaprio (no papel de Glass) como um dos mais completos atores da atualidade cinematográfica. Vi pouco dos outros candidatos ao Oscar, mas acho que, desta vez, ele deve ganhar. Mas, de tirar mesmo o chapéu é a interpretação de Tom Hardy, que também concorre à estatueta como ator-coadjuvante, na pele do vilão John Fitzgerald. Hardy, que começou a carreira fazendo uma ponta na série Band of Brothers, vem aparecendo com destaque em várias produções recentes e retomando o papel que foi de Mel Gibson na sequel Mad Max.

Enfim, não recomendo o The Revenant, nem deixo de recomendar. Fico em cima do muro. Quem quiser, que vá por conta própria...

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Mas, não posso ficar em cima do muro com a interpretação que a Lady Gaga deu ao hino dos Estados Unidos na abertura do último Superbowl. ESPETACULAR é pouco! A 50ª edição da final do campeonato de futebol americano ia entrar para a história de qualquer maneira. Com a apresentação dela, o dia vai ficar inesquecível. Sou fã de carteirinha desta camaleoa há muito tempo, principalmente pelo seu vozeirão extraordinário. Admiração que só fez crescer quando ela resolveu fazer par com Tony Bennett na gravação de maravilhosos standards e roubou a noite ao cantar The Sound of Music na última festa do Oscar. Vou até postar aí abaixo a fantástica performance. Não tem prá ninguém...







Oswaldo Pereira
Fevereiro 2015                                                       

  

9 comentários:

  1. EU preferi não contar o significado da palavra Revenant, pra não entregar...
    Você verá que eu recomendo muito.... fiquei impressionado ... o ritmo cai, por conta da situação deplorável em que ele se encontrava .... e vai ganhar...
    Obrigado por recomendar Lady Gaga, sensacional!

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    1. Li e gostei da sua crítica ao "Revenant", embora tenhamos interpretações diferentes. Vamos ver o que a Academia acha... Estou tentnado ver os demais candidatos, mas tá dificil...

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  2. A palavra existe na língua portuguesa. RESSURECTO. Em latim RESSURRECTUS que na minha opinião, seria mais enigmático, inquietante. O modo arcaico para nomear obras de arte sempre me pareceu uma ampliação do significado mto precisa. Verei ainda se vou ver.

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    1. Perfeito! Você achou a palavra justa. Mas, parece que nos dias atuais as pessoas fogem com medo das palavras justas...

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  3. Bem bolado "O Ressurecto". Performances impecáveis. Arrastado. Fico em cima do muro. Quanto à abertura do Supebowl, foi de arrepiar. Na idade estou enrijecido para aceitar o novo. Mas de talento não se tem idade para admirar. Estou mesmo amolecido e tive que usar o lenço com a Lady Gaga.

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    1. Estamos velhos, mas atentos, e é isto que interessa. Long live Lady Gaga!

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  4. Apesar do térninho bem comportado e da peruca caretissima, a interpretação me pareceu over acting.

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  5. Apesar do térninho bem comportado e da peruca caretissima, a interpretação me pareceu over acting.

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    1. Overacting, sem dúvida. É o estilo dela. Mas é uma performance para um povo que não se envergonha em mostrar o seu patriotismo. Já aqui...

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