Revenant,
em inglês, quer dizer aquele que retorna
da morte. O título dado no Brasil, O REGRESSO, chega perto. Mas, não
preenche exatamente o significado da palavra original.
Assim, também, é o
filme. Chega perto de ser uma obra prima. Mas não é.
Todo mundo reconhece
que o mexicano Alejandro Iñárritu é um excelente diretor. Desde seu primeiro
trabalho, Amores Perros, até o Oscar
do ano passado com Birdman, passando
por 21 Grams e Babel, ele tem colecionado uma fileira de prêmios e de aclamações
da crítica. Ninguém põe isto em dúvida, mas eu acho que, desta vez, ele errou a
mão, ao tentar vestir de lirismo uma história de violência, que tem como
cenário as disputas entre caçadores de peles e índios na tundra canadense nos
primórdios do século XIX. Fica exagerado. As cenas das copas das árvores ficam
repetitivas e, com a utilização recorrente de flashbacks, contribuem para um alongamento dispensável do filme.
Mas, The
Revenant tem seus muitos méritos. O primeiro é a extraordinária
fotografia, um portentoso álbum de cenas magníficas de um Canadá ainda
primitivo, de um inverno infinito desenhando campos de neve, rios azul-cobalto
correndo entre as margens brancas, poentes de tirar o fôlego. Outros são o
figurino e a direção de arte, ótimos ao recriar o ambiente rude e a vida
agreste e sem misericórdia de uma terra de pioneiros em luta contra uma
natureza inclemente. Para isso, Iñárritu foi buscar os talentosos Emmanuel Lubezki, Jaqueline West e Jack
Fisk, feras que são também os
preferidos de outro gênio, o diretor Terence Malik.
A
primeira meia-hora do filme, até a extraordinária cena em que o urso ataca o
personagem Hugh Glass (numa das mais bem filmadas cenas de ataque animal que já
vi), quase vale o ingresso. Mas, depois, o ritmo cai.
Finalmente,
O REGRESSO confirma Leonardo DiCaprio (no papel de Glass) como um dos mais
completos atores da atualidade cinematográfica. Vi pouco dos outros candidatos
ao Oscar, mas acho que, desta vez, ele deve ganhar. Mas, de tirar mesmo o
chapéu é a interpretação de Tom Hardy, que também concorre à estatueta como
ator-coadjuvante, na pele do vilão John Fitzgerald. Hardy, que começou a
carreira fazendo uma ponta na série Band
of Brothers, vem aparecendo com destaque em várias produções recentes e
retomando o papel que foi de Mel Gibson na sequel
Mad Max.
Enfim,
não recomendo o The Revenant, nem
deixo de recomendar. Fico em cima do muro. Quem quiser, que vá por conta
própria...
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Mas,
não posso ficar em cima do muro com a interpretação que a Lady Gaga deu ao hino dos Estados Unidos na abertura do último Superbowl. ESPETACULAR é pouco! A 50ª
edição da final do campeonato de futebol americano ia entrar para a história de
qualquer maneira. Com a apresentação dela, o dia vai ficar inesquecível. Sou fã
de carteirinha desta camaleoa há
muito tempo, principalmente pelo seu vozeirão extraordinário. Admiração que só
fez crescer quando ela resolveu fazer par com Tony Bennett na gravação de
maravilhosos standards e roubou a
noite ao cantar The Sound of Music na
última festa do Oscar. Vou até postar aí abaixo a fantástica performance. Não tem prá ninguém...
Oswaldo
Pereira
Fevereiro
2015
EU preferi não contar o significado da palavra Revenant, pra não entregar...
ResponderExcluirVocê verá que eu recomendo muito.... fiquei impressionado ... o ritmo cai, por conta da situação deplorável em que ele se encontrava .... e vai ganhar...
Obrigado por recomendar Lady Gaga, sensacional!
Li e gostei da sua crítica ao "Revenant", embora tenhamos interpretações diferentes. Vamos ver o que a Academia acha... Estou tentnado ver os demais candidatos, mas tá dificil...
ExcluirA palavra existe na língua portuguesa. RESSURECTO. Em latim RESSURRECTUS que na minha opinião, seria mais enigmático, inquietante. O modo arcaico para nomear obras de arte sempre me pareceu uma ampliação do significado mto precisa. Verei ainda se vou ver.
ResponderExcluirPerfeito! Você achou a palavra justa. Mas, parece que nos dias atuais as pessoas fogem com medo das palavras justas...
ExcluirBem bolado "O Ressurecto". Performances impecáveis. Arrastado. Fico em cima do muro. Quanto à abertura do Supebowl, foi de arrepiar. Na idade estou enrijecido para aceitar o novo. Mas de talento não se tem idade para admirar. Estou mesmo amolecido e tive que usar o lenço com a Lady Gaga.
ResponderExcluirEstamos velhos, mas atentos, e é isto que interessa. Long live Lady Gaga!
ExcluirApesar do térninho bem comportado e da peruca caretissima, a interpretação me pareceu over acting.
ResponderExcluirApesar do térninho bem comportado e da peruca caretissima, a interpretação me pareceu over acting.
ResponderExcluirOveracting, sem dúvida. É o estilo dela. Mas é uma performance para um povo que não se envergonha em mostrar o seu patriotismo. Já aqui...
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