segunda-feira, 18 de maio de 2015

SE A MODA PEGA...






Nunca a expressão americana “sleeping on the job” (dormindo na função), usada para descrever uma deplorável atitude de ineficiência profissional, foi tão levada ao pé da letra para provocar uma rigorosa punição como no caso do general norte-coreano Hyon Yong-chol. Por ter adormecido durante uma cerimônia militar em Pyongyang, Yong-chol, que ocupava um posto correspondente ao nosso Ministro da Defesa, foi executado por ordens do ditador Kim Jong-un a tiros de bateria antiaérea (?!) na presença de uma centena de outros membros do regime.

Já pensou se a moda pega?



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O Ministro da Proteção aos Batráquios de Olho Amarelo, uma das 59 novas pastas criadas pela Presidente(a) no início de seu segundo mandato, vem entrando no Palácio do Planalto para uma audiência. Antes de o elevador privativo abrir a porta, um Oficial de Justiça, acompanhado de um ajudante de ordens, aproxima-se e anuncia.
«Desculpe-me, senhor Ministro, mas tenho de lhe pedir que me acompanhe.»
«Como assim? Olha que tenho hora marcada com a...»
O Oficial retruca, impassível.
«Por favor, senhor Ministro, não nos cause problemas» Alguns repórteres nas imediações começavam a prestar atenção no que se passava. «Não queremos criar uma cena, pois não?»

Uma hora mais tarde, o Ministro está sentado numa desconfortável cadeira sem encosto na sede da Polícia Especial para Assuntos de Narcolepsia Espontânea, uma das mais temidas agências do Ministério Público. Três delegados especiais o rodeiam. Um deles repete a pergunta.
«Então, o senhor insiste em negar o fato?»
Os delegados haviam acabado de exibir na tela do computador a gravação de uma reunião ministerial na qual o Ministro aparecia com a cabeça inclinada sobre o ombro, de boca aberta e ressonando com estrépito.
«Isto é mentira! Uma montagem, uma armação para me prejudicar politicamente. Quem filmou isto? A Rede Globo?»
O delegado-chefe encarou-o.
«Negativo. Foi gravado pelas nossas câmeras de segurança. Desculpe, Ministro, mas não há como negar a evidência. Confesse.»
O Ministro baixou a cabeça.
«OK. Eu confesso. Era uma reunião ministerial de rotina. Todos os 83 ministros estavam lá. A Presidente(a) não sabia quem era quem e ficava confundindo nomes e cargos. Um saco! A coisa arrastava-se por horas com frases sem sentido, intervenções atabalhoadas, discursos idiotas. Não aguentei, estava cansado daquela baboseira...»
«E dormiu.»
«Sim... mas não fui só eu...» Ergueu os olhos. «E agora, o que vai ser de mim?...»
O delegado-chefe coçou o queixo.
«A pena sumária é o fuzilamento por um caça da Força Aérea... Mas, o senhor disse que outros ministros também tinham adormecido... O senhor confirma?»
«Depende... Vocês considerariam isso uma “delação premiada”?»
Os três delegados entreolharam-se. O chefe falou.
«Positivo. Se nos identificar os outros criminosos, poderemos rever sua pena. Poderíamos trocar a sentença de morte por prisão domiciliar, com o uso de tornozeleiras e pulseiras eletrônicas e um badalo em torno do pescoço. Aceita?»


Oswaldo Pereira

Maio 2015

3 comentários:

  1. Se a moda pega............ia ser giro(?) kkkkkkkkk

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  2. Nossa, inda bem que veio a situação hilária depois... o começo foi terrível... é verdade mesmo??

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    1. A imprensa internacional garante que sim, baseada em informações fidedignas dos serviços de inteligência sul-coreanos. Kim Jong-un já liquidou mais de duas dezenas de altos oficiais. Quer mostrar para a gerontocracia norte-coreana que tem "aquilo' roxo... Mas, fuzilar uma cara usando bateria antiaérea, como dizem os portugueses, não cabe na cabeça de ninguém...

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