Neil deGrasse Tyson é
hoje um dos cientistas mais conhecidos dos Estados Unidos. Doutor em
Astrofísica pela Universidade de Columbia e Diretor do Planetário Hayden em
Nova Iorque, celebrizou-se na comunidade científica americana como cosmólogo,
autor de vários livros sobre Astronomia e estudo do Universo e, principalmente,
como um dos melhores comunicadores sobre o assunto na atualidade. Aos 15 anos, como estudante, já dava aulas de
Astronomia para seus colegas e dois anos depois, em 1975, chamou a atenção do
lendário Carl Sagan, que o convidou a visitá-lo. “Eu já sabia que tipo de profissional eu queria ser, mas este encontro com Sagan revelou-me o tipo de pessoa eu iria ser”, disse anos mais
tarde Neil Tyson. Sua admiração pelo famoso astrônomo é tanta que, em 2014, foi
ele, Tyson, quem apresentou a reedição da inesquecível série Cosmos, cuja primeira versão, criada e
comandada por Sagan, marcou época na década de 1980.
NEIL DEGRASSE TYSON |
Há anos, Neil Tyson,
cujas atividades extracurriculares na juventude, só para dar uma dimensão do
caráter eclético de sua personalidade, incluíam luta livre, remo e dança
afro-caribenha, dirige um programa de rádio de grande audiência, o Star Talk. O objetivo é sempre o mesmo,
traduzir para os simples mortais o emaranhado das teorias e teoremas sobre a
imensidão que nos cerca e nos fazer sentir as maravilhas e os mistérios da
criação.
Recentemente, ele fez
exatamente isto no programa televisivo NovaScienceNow,
numa apresentação que acabou virando viral
no You Tube. Começando por dizer que
existiam dois pensamentos provocativos que
o faziam às vezes perder o sono, ele dominou a atenção da audiência com os
seguintes conceitos.
O primeiro vinha da
constatação de que os mesmos elementos químicos básicos que formam o Universo (oxigênio,
hidrogênio, hélio, nitrogênio e carbono) são os mesmos que compõem o ser humano e tudo o
que há sobre a (e dentro da) Terra. Assim, o conceito da vida está presente em
tudo o que existe e é o mesmo em qualquer parte, do nosso sol até as galáxias
mais distantes. Tudo é, assim, uma só
coisa. O segundo derivava do fato de que nós humanos compartilhamos, com a
forma animal mais próxima de nós em termos de inteligência, o chimpanzé, 98,9%
da estrutura do nosso DNA. E isto poderia significar, então, que este mero 1,1%
responderia por toda a nossa superioridade intelectual em relação ao peludo primo. Enquanto o mais brilhante deles
consegue dominar apenas alguns vocábulos da linguagem dos sinais, nós compomos
sinfonias, escrevemos poemas e vamos à Lua. Daí para frente, Neil Tyson começou
a especular como seria se nós encontrássemos uma outra forma de vida cujo DNA
fosse 1% diferente do nosso, na direção da maior inteligência. Como seríamos
nós capazes de nos comunicarmos com eles? Como eles nos olhariam? Como trocar
informações com seres exponencialmente mais avançados que nós?
Mas, a esta altura, a
provocação desses pensamentos já me
haviam levado para outros devaneios. Para mim, a grande diferença entre nós e o
chimpanzé, ou qualquer outro animal, não é a capacidade de encenar o Hamlet ou lançar uma estação espacial,
como definiu Tyson, mas é o anseio pela Imortalidade. Macacos, insetos ou
lesmas não se preocupam com isto. Nascem, vivem e morrem sem remorsos ou
expectativas. Nós, não. Nós queremos mais. Nós queremos viver para sempre e abominamos
a morte, o evento mais previsível de
todos. Em nome daquele anseio, criamos as religiões, a mitologia da alma e da
eternidade, tudo para mitigar a incerteza com que este diferencial de 1% nos
contemplou. A propósito, estou lendo um livro interessante, chamado Cartas Extraordinárias. É uma reprodução
de centenas de cartas escritas por gente famosa, desde uma enviada pela Rainha
Elizabeth para Eisenhower contendo uma receita de scones a um pedido de emprego de Leonardo da Vinci ao Duque de
Sforza. Muitas delas, entretanto, são despedidas de pessoas que sentiam a
aproximação da morte, como soldados partindo para uma última batalha ou doentes
terminais, e de parentes e cônjuges confrontados com uma perda cruel. Todas
essas, sem exceção, remetem à esperança de um encontro futuro, em algum lugar,
em algum céu ou dimensão, como se a morte, em vez do fim, fosse a abertura de
uma porta para um além idílico.
E daí, vem a provocação final. Será que é isto mesmo?
Uma combinação alterada do genoma, em cem, como razão para todo este
discernimento, esta angústia? E, se quisermos ir além, o que (ou quem, para os
místicos...) determinou esta “virada” nas cadeias volteadas do DNA dos primatas
e nos enxertou esta expectativa de uma vida em outro mundo?
Respostas para a
Redação...
Oswaldo Pereira
Maio 2015
PS.:
Há algum tempo, assaltado por estas dúvidas existenciais, escrevi uma peça
chamada “O Peregrino”. Se alguém que ainda não a leu e quiser fazê-lo, ela está
aí ao lado, dentro do livro DESTRUIÇÃO & ORIGEM. É só clicar na capa que ele abre.
Comentei na conta do Google e sumiu.
ResponderExcluirPena, amigo Lustosa. Tenta de novo...
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