Pelas indicações que chegam, os resultados das eleições
de meio termo americanas apontam para um crescimento da presença republicana em
ambas as casas do Legislativo. Além de significar um maior descontentamento com
a administração de Barack Obama, cujo índice de aprovação caiu para 42% no
início de novembro, um Congresso mais adverso tornará sua tarefa de governar o
país ainda mais difícil. Com o perigo de ver seus programas de governo
paralisados pelos próximos dois anos, os Democratas poderão chegar em 2016, ano
das eleições presidenciais, com pouca margem política para enfrentar seus
adversários e a imagem de um republicano na Casa Branca fica cada vez mais
nítida.
Obama já enfrenta uma pauta duríssima. Resistências à
implantação abrangente de seu carro-chefe, o chamado Obamacare, uma revolução no sistema de subvenções da saúde pública
dos Estados Unidos, agravadas pelo fracasso operacional do site do programa, são apenas uma das tribulações. Ainda vagueiam
pelos noticiários as denúncias de Edward Snowden sobre as espionagens indevidas
da NSA, a linha dura da direita acusa-o de covarde perante as atrocidades do
Exército Islâmico e as decapitações de jornalistas americanos, há o aumento da
imigração ilegal de crianças pela fronteira com o México, o debate cada vez mais
aceso sobre a limitação da venda de armas, mercê dos frequentes atentados nas
escolas. E o ebola chegou a Nova Iorque...
Então, lembrei-me de outro Presidente democrata e de
seus semelhantes percalços.
Em 1963, John Kennedy, longe ainda de ser a unanimidade
reverenciada com que se entronizou na História, lutava com problemas parecidos.
Os Democratas haviam ganhado as eleições de meio de mandato no ano anterior com
pouca margem e, mesmo assim, devido à atuação de seu Governo na crise dos
mísseis cubanos. Esta vantagem havia-se evaporado no ano seguinte. A decisão de
Kennedy em levar avante a aprovação de uma nova legislação de direitos civis,
cujo objetivo era praticamente acabar com a segregação racial em todo
território nacional, dividia os americanos. No extremo oriente, o dúbio apoio a
um governo corrupto e impopular no Vietnam do Sul não dera certo, com a
deposição e assassinato de Ngo Dinh Diem e a eventualidade da perda do controle
do país para os comunistas.A Guerra Fria chegara ao auge com a situação de
Berlim e a construção do muro. Havia o conflito interno com o FBI de J. Edgard
Hoover, que detestava o Presidente e mais ainda seu irmão Bob, Advogado Geral
da União, e era detestado por eles. Fidel Castro e uma Cuba comunista eram mais
uma pedra no sapato e um aumento de impostos sobre a exploração de petróleo
ameaçava sublevar até as lideranças democratas no Sul, principalmente no Texas,
estado chave para as pretensões de reeleição no ano seguinte.
Foi com a missão de reverter este quadro que, em 20 de
novembro de 1963, John Kennedy, acompanhado de Jacqueline, viajou para Houston
e, dois dias depois, para Dallas. E a História seguiu seu curso...
É inegável a poderosa influência dos Estados Unidos no
mundo. Como maior economia global, seus movimentos mexem com os humores de
todo um planeta. Assim, o que lá acontece é assunto. Até para este modesto blog...
Oswaldo
Pereira
Novembro
2014
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