Dois alunos
foram flagrados com facas em suas mochilas escolares. Sua intenção era agredir
um colega com quem haviam tido uma rixa dias antes. Isto aconteceu ontem, num
dos mais conceituados e tradicionais estabelecimentos de ensino do Rio de
Janeiro, o Colégio Cruzeiro. E os alunos tinham sete e oito anos. Colégio
CRUZEIRO?! SETE e OITO ANOS!!?
E aí o medo
bate. Será que estamos chegando a outro patamar?
Violência
infantil não era novidade por aqui. Pivetes, trombadinhas, aviões do tráfico já encheram as páginas policiais dos
meios de comunicação. Uma criança de onze anos, com um tresoitão pendurado na cintura de um bermudão maior que ela, era
até considerada mais perigosa do que um bandido mais velho. Era mais
assustadora e assustadiça, o dedo moleque mais propenso a puxar o gatilho, a
consciência ainda virgem, pronta para ser estuprada sem remorso. Vinha de um mundo sem
lei, sem família, sem professora, sem primeira comunhão, sem passado, sem
futuro. Sua cartilha era o beco da favela, seu recreio o cheiro da cola, seu
mestre o chefão da droga. Sem deus, sem sonhos.
Os dois
mini-delinquentes de ontem não são nada disto. São membros de uma classe média
alta, têm um lar, tênis da moda, TV em cores, ensino da melhor qualidade,
comida na mesa, presentes de Natal, proteção e mimo. Como é que a violência
crua penetra nessas cabeças? De onde vem esse instinto bárbaro que move uma
criança a se armar e desejar ferir um colega?
Pode ser um
caso isolado? Pode. Mas também pode não ser. Há tempos, escrevi uma crônica
aqui neste blog, intitulada “Contos
da Carochinha”, em que comparava a retórica da violência nos contos infantis do
passado com a agressividade explícita dos joguinhos virtuais de hoje. E
terminava com o seguinte parágrafo:
“Espero que
seja só um achaque nostálgico. Entretanto, me aflige observar um aumento
gradativo de agressividade entre os jovens. Os fatores devem ser vários, mas
algo me sussurra que jogos nos quais a ação violenta é um objetivo em si têm um
pouco de culpa no cartório.
Com a
palavra, o futuro. ”
Será que
este futuro já chegou?
Oswaldo Pereira
Novembro 2014
Meu caro Oswaldo
ResponderExcluirAcho que você está muito perto da verdade ao sugerir como fonte esses pseudos "jogos infantis".
Há muito se discute a violência na TV e nesses jogos como incentivadores de violência nas mentes ainda não formadas. Infelizmente parece que da 'suposição' estamos passando para a 'certeza' de que, malgrado os questionamentos de psicólogos e pedagogos, essa influência de fato existe.
Grande abraço
Zé Correa
E não vejo ninguém mexendo uma palha para reverter a situação. Nem pais, nem a sociedade como um todo...
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