sábado, 1 de novembro de 2014

CANÇÃO DE COLOMBO









Para desintoxicar um pouco das eleições, resolvi publicar este texto que havia escrito há tempos, depois de uma viagem à Espanha.



Canção de Colombo


Eu vou pro futuro
Eu vou nestas águas que perguntam
Pra onde? Pra onde?
As margens me mostram suas praias douradas
Me mostram suas grutas azuis,
No entanto, eu vejo fadas no branco das ondas
Sinto a promessa no perfume que o vento sopra
Meu coração freme pela linha do horizonte

Lá me esperam as Índias
Lá me espera o Fado
Lá me espera a Glória
Este oceano pelo meio não me mete medo
A catarata do fim do mundo não existe
Nem a hidra de mil tentáculos
Só existe este meu anseio
Esta certeza de ferro

Temo mais o monstro da dúvida
A pouca fé dos meus marinheiros
Os olhos pequenos dos monges de Salamanca
A inveja das almas miúdas
Dos que não são e nada serão
As lágrimas da minha mulher
A sombra no rosto dos pares do Rei
Não me creem, eu sei

Mas eu vou, com as bênçãos de Isabel
Minhas três naus feitas de pinho e esperança
Meu coração todo na cruz que pinta as velas
E no céu
Eu vou, sem presságios
Eu vou confesso de meus pecados
A alma leve e pura beijando a maresia
Desta manhã espanhola

Tenho fé no meu destino
Nas estrelas que me guiam
No vento deste boreste manso
Que me levará a bom termo
Vim de Gênova e irei para o Oriente
Pelo caminho traverso
E lá chegarei, acreditem
E meu nome, em prosa e em verso
Será escrito 
Na pedra da eternidade



Oswaldo Pereira
Novembro 2014






6 comentários:

  1. Querido Primo,
    Muito bonito!
    Como tudo de sua lavra.
    Abraços,
    Geraldo

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  2. Muito bom! Correto também no dizer "vim de Gênova". Colombo só passou a ser de Gênova depois que o Mussolini assim determinou. Pode ser português, francês e até russo. Figura fascinante.

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    Respostas
    1. Exatamente. Em Portugal, há uma versão que o faz natural dos Açores...

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