Para desintoxicar
um pouco das eleições, resolvi publicar este texto que havia escrito há
tempos, depois de uma viagem à Espanha.
Canção de Colombo
Eu vou pro futuro
Eu vou nestas águas que perguntam
Pra onde? Pra onde?
As margens me mostram suas praias douradas
Me mostram suas grutas azuis,
No entanto, eu vejo fadas no branco das ondas
Sinto a promessa no perfume que o vento sopra
Meu coração freme pela linha do horizonte
Lá me esperam as Índias
Lá me espera o Fado
Lá me espera a Glória
Este oceano pelo meio não me mete medo
A catarata do fim do mundo não existe
Nem a hidra de mil tentáculos
Só existe este meu anseio
Esta certeza de ferro
Temo mais o monstro da dúvida
A pouca fé dos meus marinheiros
Os olhos pequenos dos monges de Salamanca
A inveja das almas miúdas
Dos que não são e nada serão
As lágrimas da minha mulher
A sombra no rosto dos pares do Rei
Não me creem, eu sei
Mas eu vou, com as bênçãos de Isabel
Minhas três naus feitas de pinho e esperança
Meu coração todo na cruz que pinta as velas
E no céu
Eu vou, sem presságios
Eu vou confesso de meus pecados
A alma leve e pura beijando a maresia
Desta manhã espanhola
Tenho fé no meu destino
Nas estrelas que me guiam
No vento deste boreste manso
Que me levará a bom termo
Vim de Gênova e irei para o Oriente
Pelo caminho traverso
E lá chegarei, acreditem
E meu nome, em prosa e em verso
Será escrito
Na pedra da eternidade
Oswaldo
Pereira
Novembro
2014
Muito bom.
ResponderExcluirMerci...
ExcluirQuerido Primo,
ResponderExcluirMuito bonito!
Como tudo de sua lavra.
Abraços,
Geraldo
Obrigado, primo.
ExcluirMuito bom! Correto também no dizer "vim de Gênova". Colombo só passou a ser de Gênova depois que o Mussolini assim determinou. Pode ser português, francês e até russo. Figura fascinante.
ResponderExcluirExatamente. Em Portugal, há uma versão que o faz natural dos Açores...
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