quarta-feira, 1 de outubro de 2014

DESTRUIÇÃO & ORIGEM









Desconsiderando os alertas em contrário de quem já o tinha visto, resolvi assistir Noah (Noé). Havia bons atores no elenco (Russell Crow, Jennifer Connelly e o incomparável Anthony Hopkins), pensei, e épicos bíblicos fizeram parte da minha formação cinéfila. Durante a década de 1950, foram os grandes sucessos de bilheteria em todo o mundo. Uma pequena lista deles, só para lembrar: Samson and Delilah (Sansão e Dalila, 1949), Quo Vadis (1951), David and Bathsheba (Davi e Betsabá, 1952), The Robe (O Manto Sagrado, 1953), e o blockbuster de Cecil B. DeMille, The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos, 1956).

E, claro, me arrependi. Difícil entender como se gastam 125 milhões de dólares numa bobagem tão grande. A necessidade quase obsessiva de certos cineastas americanos em transformar personagens históricos em tremendos super-heróis (ainda bem que não fui ver “Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros” ou seja lá como se chamava aquela loucura...) destroça qualquer similitude com a realidade, mesmo sendo ela cercada de hipóteses e lendas, como a história do Diluvio Universal. Não sei de que neurônios deve ter saído a ideia de criar anjos transmutados em grotescos gigantes de pedra e usá-los para ajudar Noé a construir a Arca. Francamente... Mas depois, abstraindo-me das trapalhadas do filme, acabei concentrando-me no que, na realidade, nos conta a Bíblia. 

O Diluvio foi mais que um castigo. O Diluvio foi uma correção de rota na obra do Senhor. A segunda, aliás. A primeira proposta, o projeto de Adão e Eva no Éden, não dera certo, graças às artimanhas da serpente. Poucas gerações após o Primeiro Par ter sido defenestrado do Paraíso, os homens se desencaminhavam novamente e Deus passava outra borracha nas linhas mestras do seu trabalho, aniquilando sua mais importante criação - a raça humana. Apenas a família de Noé foi preservada com a missão tomar conta de um jardim zoológico flutuante e recomeçar o povoamento da Terra assim que as águas baixassem. A terceira viria milênios mais tarde, com a intervenção terrena de Cristo e a esperança de que finalmente os homens aprendessem o caminho.

Sempre me atordoei com este ir e vir, esta coisa de tentativa e erro, especialmente numa obra cujo autor é, por definição, o Todo-Poderoso. E estas minhas dúvidas e questionamentos levaram-me, quase sem sentir, a escrever quatro exercícios literários, dois contos e duas peças, em que o tema acabou por versar sobre a Origem (as peças) e a Destruição (os contos) da espécie humana. Todos já foram, de uma maneira ou de outra, publicados virtualmente, ou por e-mail ou até neste Palavra Escrita, mas logo depois retirados do blog por serem muito extensos.

Noé de certa forma lembrou-me deles. Resolvi, assim, repetir a experiência do meu LIVRO DE CONTOS e reuni os quatro trabalhos num e-book intitulado DESTRUIÇÃO & ORIGEM, que, a partir de hoje, está disponível aí no alto à direita. É só clicar no ícone da capa e você, resignado leitor, poderá ler (ou reler) os contos O EINSTEIN DE HITLER e ARCABIS, e as peças O PEREGRINO e PECADO ORIGINAL. 

Como sempre, é totalmente grátis...


Oswaldo Pereira

Setembro 2014

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