Desconsiderando os alertas
em contrário de quem já o tinha visto, resolvi assistir Noah (Noé). Havia bons atores no elenco (Russell Crow, Jennifer
Connelly e o incomparável Anthony
Hopkins), pensei, e épicos bíblicos fizeram parte da minha formação
cinéfila. Durante a década de 1950, foram os grandes sucessos de bilheteria em
todo o mundo. Uma pequena lista deles, só para lembrar: Samson and Delilah (Sansão e Dalila, 1949), Quo Vadis (1951), David and
Bathsheba (Davi e Betsabá, 1952), The
Robe (O Manto Sagrado, 1953), e o blockbuster
de Cecil B. DeMille, The Ten
Commandments (Os Dez Mandamentos, 1956).
E, claro, me arrependi.
Difícil entender como se gastam 125 milhões de dólares numa bobagem tão grande.
A necessidade quase obsessiva de certos cineastas americanos em transformar
personagens históricos em tremendos super-heróis (ainda bem que não fui ver
“Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros” ou seja lá como se chamava aquela
loucura...) destroça qualquer similitude com a realidade, mesmo sendo ela
cercada de hipóteses e lendas, como a história do Diluvio Universal. Não sei de
que neurônios deve ter saído a ideia de criar anjos transmutados em grotescos gigantes
de pedra e usá-los para ajudar Noé a construir a Arca. Francamente... Mas
depois, abstraindo-me das trapalhadas do filme, acabei concentrando-me no que,
na realidade, nos conta a Bíblia.
O Diluvio foi mais que
um castigo. O Diluvio foi uma correção de rota na obra do Senhor. A segunda,
aliás. A primeira proposta, o projeto de Adão e Eva no Éden, não dera certo,
graças às artimanhas da serpente. Poucas gerações após o Primeiro Par ter sido
defenestrado do Paraíso, os homens se desencaminhavam novamente e Deus passava outra
borracha nas linhas mestras do seu trabalho, aniquilando sua mais importante criação
- a raça humana. Apenas a família de Noé foi preservada com a missão tomar
conta de um jardim zoológico flutuante e recomeçar o povoamento da Terra assim
que as águas baixassem. A terceira viria milênios mais tarde, com a intervenção
terrena de Cristo e a esperança de que finalmente os homens aprendessem o
caminho.
Sempre me atordoei com
este ir e vir, esta coisa de tentativa e erro, especialmente numa obra cujo
autor é, por definição, o Todo-Poderoso. E estas minhas dúvidas e
questionamentos levaram-me, quase sem sentir, a escrever quatro exercícios literários,
dois contos e duas peças, em que o tema acabou por versar sobre a Origem (as
peças) e a Destruição (os contos) da espécie humana. Todos já foram, de uma
maneira ou de outra, publicados virtualmente, ou por e-mail ou até neste Palavra Escrita, mas logo depois retirados do blog por serem muito extensos.
Noé de certa forma
lembrou-me deles. Resolvi, assim, repetir a experiência do meu LIVRO DE CONTOS e reuni os quatro trabalhos num e-book intitulado DESTRUIÇÃO & ORIGEM, que, a partir de hoje, está disponível aí
no alto à direita. É só clicar no ícone da capa e você, resignado leitor,
poderá ler (ou reler) os contos O
EINSTEIN DE HITLER e ARCABIS, e
as peças O PEREGRINO e PECADO ORIGINAL.
Como sempre, é
totalmente grátis...
Oswaldo Pereira
Setembro 2014
Bem colocado.
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