quinta-feira, 18 de julho de 2013

INFERNO


Foi o quinto livro que li de Dan Brown, o quarto tendo como personagem principal  Robert Langdon, um fictício professor universitário americano.  Conforme descrito pelo autor, Langdon  ensina História da Arte em Harvard, é expert em simbologia e religiões, e tem uma extrema habilidade para meter-se em confusões planetárias e  mais habilidade ainda para safar-se delas.

O roteiro de “Inferno” tem a ver com os planos de um brilhante cientista para livrar o mundo dos efeitos catastróficos da superpopulação. O problema é que esses planos baseiam-se na teoria de que a Renascença, e todo o seu apogeu, só puderam acontecer porque a Peste Negra “regulou” o nível populacional na Europa no século XIV, matando um em cada três de seus habitantes.   Tendo a Divina Comédia (o sinistro cientista é admirador profundo de Dante Alighieri) como manancial de citações que servem de pistas para Langdon e as cidades de Florença, Veneza e Istambul como pano de fundo, o livro apresenta um roteiro semelhante aos romances anteriores: há um vilão super inteligente,  o professor é envolvido na trama por ser mundialmente conhecido como simbologista, um assassino procura matá-lo, uma mulher jovem vem ser sua parceira nas inúmeras perseguições e descobertas, a polícia desconfia dele e quer prendê-lo e, no final, claro, ele escapa de armadilhas mortais demonstrando incomuns dotes físicos para um docente cuja aparência tem mais de nerd do que de super herói.

E aí está o problema de Inferno, como também foi o problema com Anjos e Demônios e o O Símbolo Perdido  - são todos muito iguais ao primeiro da serie, o excelente Código Da Vinci. As “mocinhas”,  Sophie Neveu (Código Da Vinci), Vittoria Vetra (Anjos e Demônios), Katherine Solomon (O Símbolo Perdido) e Sienna Brooks (Inferno) repetem seu comportamento misterioso a princípio e revelador ao final. E sempre terminam sozinhas. Os arqui-inimigos de Langdon, Leigh Teabing no primeiro, Carlo Ventresca, no segundo, Zacchary Solomon no terceiro e agora Bernard Zobrist partilham a mesma capacidade extraordinária para imaginarem complôs diabólicos a prova de falhas e para cometerem erros infantis no final.

A sensação é de que Dan Brown escreveu pela quarta vez o mesmo livro, com a agravante, neste último, de a trama ser mais fraca, os personagens mais gastos e de mostrar uma tendência a desperdiçar linhas e mais linhas descrevendo pontos turísticos das cidades envolvidas, com a prosa de um guia de viagens para americanos. Nada que se possa comparar com os ótimos thrillers de Daniel Silva ou de Ken Follet. O crítico literário Michael Cook foi mais longe declarando que Inferno  é, no máximo,  “um bom script para um video-game”...

Recentemente, foi divulgado que o livro virará filme, com Tom Hanks repetindo sua atuação como Robert Langdon. Será que ele continuará usando aquele estranho penteado?...

 

Oswaldo Pereira
Julho 2013

 

Um comentário:

  1. Excelente!! Estou lendo INFERNO e estou gostando, mas já percebi que vai na mesma linha dos dois que li.... veja o que escrevi sobre eles, aqui:
    http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2006/08/dan-brown-books.html

    Abraço

    Homero

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