segunda-feira, 14 de novembro de 2022

BOLA NAS COSTAS

 


No futebol, o pesadelo de todo jogador de defesa é ser enganado numa jogada em que o atacante adversário recebe um passe perfeito atrás de si. No linguajar futebolístico, é a popular bola nas costas.

Para que meus leitores de além-mar entendam, aqui em Pindorama é de praxe usar imagens do esporte bretão para ilustrar paisagens políticas. As famosas quatro linhas, o ufanismo da camisa amarela, o Brasil de chuteiras, tudo isto comprova o quanto o espírito do futebol permeia o imaginário pátrio e os modelos de comparação.   

Nesta linha, algo me inspira a dizer que o lance desportivo descrito acima cai como uma luva para desenhar o cenário que, embora propositalmente ignorado por uma mídia acovardada ou desonestamente partidária, cobre o país de norte a sul: as gigantescas manifestações de repúdio ao resultado das eleições, que já perduram por 15 dias.

Sem entrar no mérito de sua possibilidade ou não de sucesso, e, para já, defendendo o direito constitucional que o cidadão brasileiro tem de poder, pacificamente, expressar sua opinião e externar seu desagrado, gostaria de opinar sobre o local que as multidões escolheram para fazer sentir sua voz. Enquanto as bandeiras e os pedidos de socorro se agitam e ecoam em frente as casernas, a cena principal, na qual se prepara a aprovação de um pacote irresponsável e desastroso para a Economia brasileira, acontece no palco do Congresso.

É para lá que se deve dirigir a nossa vigilância. E à sua porta (e antes que algum açodado leitor me acuse de trumpista e de incitar um seis de janeiro em Brasília), pacífica e ordeiramente, como, de resto, tem acontecido Brasil afora, exercer sua pressão sobre os nossos ínclitos representantes. Foi para isso que o povo os lá colocou e é neles que deve refluir o poder que dele emana.  Aos seus ouvidos e ante seus olhos é que a multidão deve oferecer o espetáculo, este sim, da Democracia em pleno movimento.

Acho que este seria o posicionamento adequado, para não levarmos uma bola nas costas...

Oswaldo Pereira
Novembro 2022

3 comentários:

  1. Deste seu leitor assíduo, por hora em além mar, concordando inteiramente com seu texto e complementando, o Brasil só terá um crescimento sustentado quando tivermos um congresso preocupado com o povo, e não com si próprio

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    1. Perfeito. E esta é a grande missão dos brasileiros atentos daqui para a frente: manter o Congresso sob a extrema vigilância do povo. Se, pela mão do povo, eles foram para lá, agora têm de sentir a força dessa mão.

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    2. Vamos rezar para que eu isso, não é a tradição brasileira. Aqui em Portugal, os debates entre os deputados estão nos principais jornais da televisão. No Brasil só na “ Hora do Brasil “ que não é mais obrigatória

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