O escritor galês Ken Follett, na abertura de seu recente livro Never, diz que, quando fez as pesquisas para seu trabalho anterior, Fall of Giants (Queda de Gigantes) se impressionara ao constatar que a Primeira Grande Guerra foi um acontecimento que ninguém desejava. Nenhum líder europeu tinha intenções de inicia-la. Cada Imperador ou Primeiro-Ministro, um a um, foram tomando decisões – decisões lógicas e moderadas – mas que, cada uma a seu modo, significaram mais um passo em direção ao mais sangrento conflito que o mundo conhecera até então.
Isto acabou por inspirar Follett a escrever Never (Nunca). O título remete ao desejo, expresso quase unanimemente pelos Governos mundiais, de que jamais aquelas condições pudessem acontecer novamente, isto é, que apesar de singularmente desejosos de manter a Paz, interesses e querelas aqui e ali levassem inexoravelmente ao caminho do confronto.
Neste livro, Follett mostra o que pode acontecer se essas condições advierem num ambiente nuclear e até que ponto o medo de uma hecatombe atômica conseguirá impedir os líderes do planeta de apertarem seus botões vermelhos. Partindo de situações sensíveis atualmente localizadas em vários continentes, o que dá ao livro uma certa aura de premonição (escrito antes da invasão da Ucrânia, o livro não contempla mais este inquietante fator), a trama desenrola uma série de implicações, tanto de caráter pessoal dos protagonistas, como de alianças e hegemonias internacionais que, somadas, empurram uma sequência de decisões inevitáveis e provocativas.
Uma disputa no Sahel, um drone americano roubado, uma rebelião na Coreia do Norte, uma Presidente dos Estados Unidos em campanha de reeleição, uma pressão da linha dura chinesa sobre um líder moderado são alguns dos ingredientes que servem de pano de fundo a um micro universo de dúvidas, ambições e frustrações pessoais. O provérbio chinês dois tigres não podem compartilhar a mesma montanha dá o tom do que está por vir.
Como quase todo livro desse escritor prolífico e detalhista, Never é um “tijolo” de 800 páginas. Acabei de lê-lo e posso dizer que foi uma viagem agradável e instigante. Follett continua sendo o impecável ficcionista histórico que se consagrou com as trilogias de Os Pilares da Terra e de Queda de Gigantes. Vale a pena.
Oswaldo
Pereira
Oi, Oswaldo!
ResponderExcluirNão li o livro. Os seus comentários agucaram o meu interesse em lê-lo.
A sua análise sobre o que está acontecendo no nosso planeta, é preocupante.
Vamos nos encontrar para conversar sobre essas preocupações.
Horácio Amaral
Temos q marcar um encontro
ExcluirEstamos em São Pedro, mas voltamos ao Rio na sexta. Na semana seguinte estaremos direto lá. Há muito para conversar
Ola Oswaldo
ResponderExcluirSua recomendação é muito apropriada para o atual clima mundial.
Depois de ler o livro, comento com você..
abraços
Emilio Gonzalo