Sou
do tempo das folhinhas. Para quem não viveu nessa época pré-histórica, folhinhas
era o nome carinhoso que se dava aos calendários de que, invariavelmente,
toda casa se abastecia antes da entrada do Ano-Novo.
Podia-se compra-las. Na maioria dos casos, entretanto, isto não era necessário, pois mercados, armarinhos, bancos, vendedoras de carros, farmácias, postos de gasolina e demais estabelecimentos comerciais eram pródigos em oferecer à sua clientela uma extensa gama de folhinhas, que iam de luxuosas coletâneas de fotos encimando os números e os nomes dos dias da semana até simples blocos de folhas individuais, as quais singelamente informavam a data, o nome do santo do dia e algum provérbio popular.
Penduradas nas paredes da casa (as da cozinha eram de riguer), eram religiosamente acompanhadas durante o ano, servindo inclusive para anotações, muitas vezes quadrados em vermelho e setas desenhadas às pressas, que alertavam para algum acontecimento importante, um aviso, uma lembrança.
Meu pai, que era Diretor de uma grande empresa de eletricidade, recebia, pontualmente perto do Natal, de algumas empresas estrangeiras, lindíssimos calendários de fornecedores, com belíssimas fotos para cada mês, condizentes com as estações do ano. Ainda pequeno, o que eu estranhava era por que tanta neve nos meses de novembro e dezembro...
Mais velho, eu comecei a prestar muita atenção nas folhinhas penduradas nas paredes das oficinas aonde meu pai levava o carro da família. Por essa altura, o termo pin-up girl, usado para identificar as sensuais garotas que estampavam os calendários, estava em moda. (Em tempo: pin-up em Inglês significa pendurar. Daí...)
Hoje, o celular sepultou as folhinhas. A data pula na frente apenas você ligue o aparelho, junto com a temperatura ambiente, a fase da lua, o risco dos Raios UV e a probabilidade de chuva. E, se você precisar saber em que dia da semana caiu o 5 de janeiro de 1630, basta ir ao Google.
As paredes das casas estão livres para outras decorações. Mas, que eu ainda sinto falta do ritual de retirar, a cada 24 horas, uma página daquele pequeno bloco e ler o provérbio do dia que nascia, ah isto eu sinto...
Oswaldo
Pereira
Janeiro
2022
Amigo, sou dessa época e também sinto falta das Folhinhas, principalmente daquelas gordinhas que se desfolhava dia após dia.Abraço fraterno
ResponderExcluirÉ justamente dessas que eu sinto mais falta... A ansiedade de quere que o tempo voasse. Hoje...
ExcluirNão tem jeito. Só sei contar no calendário. De preferência o que fica montado em cima da mesa de trabalho. Trabalho com prazos e não posso dar mole de um tilt no celular ou um apagão da internet.
ResponderExcluirDitto. Também sou da mesma estirpe.
ExcluirAquelas no imã de geladeira são ótimas. E conheço quem ainda faz...rsrsrsrs.. este ano ainda não ganhei, mas.... até ano passado eu tinha uma...rsrrs
ResponderExcluirPois e´... Estão desaparecendo...
ExcluirCaro Osvaldo, eu ainda ganho, por incrivel que pareça! penduro na cozinha, e ainda compro na papelaria outras pequenas que coloco na porta da geladeira, na parede do escritório, na mesinha de cabeceira, estou que nem o jlustosa acima, não confio plenamente no celular e nem na eletricidade, kkkk.
ResponderExcluirRsrsrs... Somos os dinossauros remanescentes...
ExcluirSaudades ! Ah ! Achei io !
ResponderExcluirOswaldo meu amigo, eu ainda coloco o calendario do an o na cozinha, geralmente com fotos de peixes, mas o deste ano sera com flores, Ainda somos daquele tempo amigo, um abraco do Torto
ResponderExcluirAinda bem que somos...
ExcluirOswaldo, meu caro. Como seu contemporâneo, também as curto e já estou com aquela de 2022 na mesa do escritório. Mas as "gordinhas", infelizmente, desapareceram para sempre. Forte abraço. Zeca
ResponderExcluirCaro Zeca,
ExcluirSeguindo as tradições. Também já tenho a minha na lateral da geladeira...
Pendurar calendários na parede ainda é comum aqui na Alemanha. Tanto nas empresas como em casa. Muito útil ainda hoje.
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