quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

DAQUI A 1OO ANOS



Dizem que o tempo equaliza. A perspectiva de olhar para trás depois que as ondas de choque do presente se alongam no ar rarefeito do passado, afirmam, clareia o raciocínio e refina os julgamentos. Será?

Vamos ver, por exemplo, o que a História nos conta sobre um evento semelhante ao que estamos passando do início dos 1900’s e ficamos sabendo que Oswaldo Cruz foi um herói. Na época, queriam matá-lo. Hoje ninguém tem dúvida de que Adolf Hitler era um psicopata sanguinário, mas, tão tarde como 1939, havia muita gente fora da Alemanha que o admirava. Jackie e John Kennedy eram a personificação do casal modelo, rico, poderoso e feliz. Agora, nos dizem que não era bem assim e que o irrequieto Presidente não deixava passar uma beldade intocada pelos corredores da Casa Branca.

O fato é que o registro histórico está povoado de releituras. Às vezes, isto é levado ao extremo e ao erro fatal, que é julgar o passado pelas regras do presente (haja vista o ato imbecil de remover e destruir monumentos e estátuas em nome de um revisionismo equivocado).

Assim, o que dirão os arquivos de um século à frente sobre a Pandemia do Coronavírus? Quem aparecerá como herói, quem amargará a pecha de vilão? Qual será o veredito histórico sobre os Governos, os médicos, os laboratórios, a Imprensa? O que o holograma de um renomado sanitarista, confortavelmente sentado em seu automóvel voador movido a energia solar em 2122, dirá aos seus seguidores sobre o comportamento da Humanidade nos anos 2020? A vacina terá sido a salvação ou o contrário? Quantas teorias da conspiração terão por acaso farejado algo real?

E, a grande dúvida, que confiabilidade terão esses registros? Qual será o vencedor que escreverá a “verdadeira” história do que se passou? Quais interesses, de hoje ou de então, influenciarão os analistas, os comunicadores e os formadores de opinião do século XXII?

Por fim, quem acreditará e quem porá em dúvida os que lhes estará sendo contado? Se a polarização dos dias atuais persistir, sempre haverá positivistas e negacionistas.

Mas, no fundo, a mim pouco importa. Não estarei lá para ver...

Oswaldo Pereira

Janeiro 2022

6 comentários:

  1. Não estaremos lá,... certo, mas e aqui ? O que é esse aqui agora que estamos vivendo "sem saber", até que ponto nos anula,totalmente, o fato de que qq ser humano é uma ameaça de morte para qq outro ser humano.

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    1. Há dias, esbarrei na net com uma lista dos 10 piores anos para estar vivo da História. Mais da metade, eram anos de pandemia. Vamos estar nesta lista no futuro?

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  2. Talvez aconteça o mesmo que aconteceu com a peste negra e as mais recentes como a peste (!) espanhola e a pneumónica -a gripe das aves ,doença das vacas...só pandemias! Parece-me que a tuberculose nos vai matar a todos! Fernanda

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    1. Somos muitos... Sempre sobra alguém para contar a história...

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  3. ¨Se a polarização dos dias atuais persistir, sempre haverá positivistas e negacionistas.¨
    Para mim esse é o ponto crucial, ou sempre foi assim na história da humanidade?
    Afinal estamos num planeta de opostos, tudo tem seu oposto com exceção do dinheiro. Diz para mim, qual o oposto do dinheiro?

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    1. O oposto seria uma autossuficiência total do ser humano. Um ser que não precisasse de nada para sobreviver e ser feliz ou que pudesse consegui-las sem ter de dar algo em troca. Sem troca, não haveria valorização e, daí, nem dinheiro. Mas, tal ser não existe....

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