Não era para ser Ômicron. Aliás, no início, as variantes do coronavírus eram identificadas por letras e números. O Sars-CoV- 2, o primeiro a ser catalogado em Wuhan, nos idos de 2019, foi batizado com a letra A.
Com a rápida profusão, entretanto, de mutações do famigerado bichinho, números começaram a ser acoplados ao alfabeto, procurando estabelecer uma referência que indicasse a sua procedência, sua cepa e sua linhagem.
Logo, o sequencial iniciado por A.1, A.2 e assim por diante foi acumulando uma sopa de letras e números que incluíam B.1.2, C.30.1, criando uma enorme confusão nos órgãos responsáveis pelo controle da pandemia, na imprensa especializada e no público em geral.
O jeito foi lembrar do velho alfabeto grego. Alfa, beta, gama e família sempre foram os tradicionais aliados da ciência nas suas classificações e na sua nomenclatura.
Assim, o tenebroso vírus passou a ter seu sobrenome helênico o que, se não diminuía o incômodo de sua presença entre nós, pelo menos lhe emprestava uma certa respeitabilidade. Os delta, por exemplo, tiveram midiática exposição e tornaram-se celebridades perigosas.
Mas, alguma coisa aconteceu no caminho. Quando se esperava que, após o citado delta, viessem o épsilon e o zeta, as variantes descobertas a seguir no Peru e na Colômbia foram inexplicavelmente nomeadas como lambda (11ª letra do alfabeto grego) e mu (a 12ª). Por que? Ninguém sabe.
E aí aconteceu algo ainda mais inusitado. Tendo como irreversível a pulada de ordem praticada, a letra seguinte, quando surgisse mais uma mutação, seria nu (também conhecida como ni). Só que a proximidade de sua pronúncia, principalmente nos países de língua inglesa, com a palavra new poderia provocar ainda mais balbúrdia no já conturbado universo de denominações.
Pulando mais essa, a próxima na lista seria xi. Mas, como Xi é o sobrenome mais usado na China, achou-se que seria politicamente incorreto, e insultuoso com a maioria dos chineses, ter um coronavírus mutante com o seu nome.
Tentando dormir com um barulho destes, a comunidade científica da OMS partiu para a escolha do ômicron. Coitado, acabou vendo-se odiado mundo afora, logo ele que achava que nunca seria chamado.
Para mim, o que realmente interessa é chegarmos logo à variante Õmega, a letra final, o adeus definitivo desta chatice. E que possamos ouvir a letras gregas apenas como referência cultural, vê-las em pórticos e colunas de uma paradisíaca ilha do mar Egeu ou das planícies do Peloponeso.
Oswaldo Pereira
Dezembro
2021
Concordo plenamente com o teu último parágrafo !
ResponderExcluirUm abraço.
Fernanda
Vamos esperar. E rezar...
ExcluirAcontece que aluno de jesuíta, embora enfant terrible no colégio e sobrinho de um, o Padre Eduardo Lustosa que ajudou a fundar a PUC como o Pe. Leonel Franca, ouvia histórias de um jesuíta filósofo francês Padre Pierre Teillard de Chardin para quem Deus não era aquele fdp pronto para nos dar o inferno ao menor deslize para sofrermos eternamente, mas um ponto Ômega, além das Galáxias da Física Newtoniana, da relatividade e da Física Quântica. Por isso o vírus Ômega tem essa conotação de princípio e fim que não existe no Nada absoluto que se confunde com o Tudo absoluto. Nós somos uma pequena parte de Sua criação que, inclusive Nos deu a capacidade de escolher a vida ou a destruição nesse embate cada dia fora do alcance de ser matrizado.
ResponderExcluirPerfeito! O nosso querido Pe. Leme Lopes (grande discípulo de Chardin) não diria (ou escreveria) melhor. Só que, na nossa época, alguém esqueceu de soprar estas mesmas palavras ao Pe. Barros...
ExcluirÉ verdade Oswaldo. O P. Barros seria o 'père terrible', para quem Deus estava sempre entreolhando a gente para dar porrada na primeira oportunidade. Pelo visto você foi ouvinte de alguma de suas prédicas. Tempos idos. Como diria o Roberto: velhos tempos, belos dias. E quanto ao ômicron famigerado que se vá de vez bem antes de chegar ao ômega.
ResponderExcluirSim, ouvi várias prédicas do Pe. Barros e seu famoso bordão, "o fogo do inferno"... Hoje, olhando para trás, tenho saudade desses belos dias.
ExcluirOlá Oswaldo
ResponderExcluirO salto até o ómicron foi extranho para mi também.
Espero que no chegue até o ómega .
Abs.
Emilio Gonzalo
E que, depois do Ômega, não inventem um outro alfabeto...
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