Um artista incansável. E este é só um dos adjetivos. Versátil, completo,
confiável, experiente, multitalentoso e carismático são alguns dos muitos
outros igualmente elogiosos que poderiam ser usados para qualificar Arthur
Christopher Orme Plummer, o ator canadense que nos deixou há dias, aos 91 anos.
Vislumbrando sua vocação para o teatro ainda adolescente em sua Toronto
natal, aos 24 anos já pisava os palcos da Broadway. E, desde Shakespeare até Star Trek, Plummer fez de tudo. Talvez o
ator que mais encarnou figuras na
ribalta, na telona e na TV, foi Iago, Hamlet, Macbeth e Rei Lear. Foi Cyrano,
Commodus, Rudyard Kipling, Kaiser Guilherme II, Mike Wallace, J. P. Getty,
Pizarro e Ataualpa, além de inúmeros heróis e vilões ficcionais.
Numa longa e produtiva carreira, abocanhou todos os prêmios à
disposição de atores de seu tempo. As estatuetas de um Oscar, um Golden Globe, dois
Emmy’s, dois Tony’s, vários SAG’s e BAFTA’s devem estar em fila por cima de sua
lareira, merecidamente conquistados em muitas de suas atuações nos 124 filmes,
73 produções de TV, 20 peças na Broadway e, imaginem, 4 games de que
participou.
Christopher Plummer era, reconhecidamente, um impecável
profissional, sempre levando a sério seus compromissos artísticos e dedicando-se
de corpo e alma a seus papéis. Mas, ironicamente, o único trabalho que detestou
fazer foi aquele que, talvez, o irá eternizar na memória das gentes e dos fãs.
Em diversas entrevistas, Plummer nunca escondeu o fato de que se arrependera
profundamente de ter aceitado a indicação para representar o Capitão von Trapp
em The Sound of Music.
Menosprezava o roteiro, achava a história adocicada demais e considerava sua participação um passo em falso
em sua carreira. Tão desconfortável e irritado estava que, segundo ele próprio,
passou todo o tempo das filmagens, quando não estava gravando, bebendo em seu trailer...
O futuro provou que estava errado.
Oswaldo Pereira
Fevereiro 2021
Estamos todos num desvio quântico que só é desvio quando não se sabe que tudo é desvio de nosso ponto de vista newtoniano.
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