quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

UM ATOR COMPLETO

 


Um artista incansável. E este é só um dos adjetivos. Versátil, completo, confiável, experiente, multitalentoso e carismático são alguns dos muitos outros igualmente elogiosos que poderiam ser usados para qualificar Arthur Christopher Orme Plummer, o ator canadense que nos deixou há dias, aos 91 anos.  

Vislumbrando sua vocação para o teatro ainda adolescente em sua Toronto natal, aos 24 anos já pisava os palcos da Broadway. E, desde Shakespeare até Star Trek, Plummer fez de tudo. Talvez o ator que mais encarnou figuras na ribalta, na telona e na TV, foi Iago, Hamlet, Macbeth e Rei Lear. Foi Cyrano, Commodus, Rudyard Kipling, Kaiser Guilherme II, Mike Wallace, J. P. Getty, Pizarro e Ataualpa, além de inúmeros heróis e vilões ficcionais.

Numa longa e produtiva carreira, abocanhou todos os prêmios à disposição de atores de seu tempo. As estatuetas de um Oscar, um Golden Globe, dois Emmy’s, dois Tony’s, vários SAG’s e BAFTA’s devem estar em fila por cima de sua lareira, merecidamente conquistados em muitas de suas atuações nos 124 filmes, 73 produções de TV, 20 peças na Broadway e, imaginem, 4 games de que participou.

Christopher Plummer era, reconhecidamente, um impecável profissional, sempre levando a sério seus compromissos artísticos e dedicando-se de corpo e alma a seus papéis. Mas, ironicamente, o único trabalho que detestou fazer foi aquele que, talvez, o irá eternizar na memória das gentes e dos fãs. Em diversas entrevistas, Plummer nunca escondeu o fato de que se arrependera profundamente de ter aceitado a indicação para representar o Capitão von Trapp em The Sound of Music.

Menosprezava o roteiro, achava a história adocicada demais e considerava sua participação um passo em falso em sua carreira. Tão desconfortável e irritado estava que, segundo ele próprio, passou todo o tempo das filmagens, quando não estava gravando, bebendo em seu trailer...

O futuro provou que estava errado.

Oswaldo Pereira

Fevereiro 2021

Um comentário:

  1. Estamos todos num desvio quântico que só é desvio quando não se sabe que tudo é desvio de nosso ponto de vista newtoniano.

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