Sempre amei livros. Estou falando de LIVRO, isto é, aquele artefato de papel, tinta de impressão e cola. Aquele conjunto de folhas amarradas numa lombada, com capa e contracapa, que você percorre com os olhos à medida que seus dedos viram as páginas com reverência e expectativa. Sou daqueles que não se renderam ao kindle e outros que tais. Telas de computadores ou de celulares também não me seduzem quando se trata de imergir numa narrativa demorada e cheia de palavras que se tornam imagens em minha visão interior.
Eu gosto mesmo é do calhamaço tradicional.
Já os devorava por hábito. Agora, com o arrefecimento social por
obra da pandemia, minha fome de leitura aguçou-se. E fui desencavando antigos
títulos, por que eu passara sem me ater ou acenando com distraído um dia eu venho vê-lo.
Foi o que aconteceu com O
Grande Mentecapto, considerado uma das melhores obras do escritor Fernando
Sabino. Já lera outras dele. O Encontro Marcado, nos tempos do
ginásio, as crônicas O Homem Nu e de Deixa o Alfredo Falar, já mais para cá
no tempo, sempre com seu fino humor cutucando minha alma de mineiro. Acabei
conhecendo-o nos meus tempos de crooner, nas
terças-feiras de jazz do saudoso 43, na rua do Ouvidor. Sabino era um
competente baterista.
É obvio que não preciso falar mais sobre o escritor. Famoso e
consagrado, tem sua vida e história gravadas no panteão da memória literária
nacional. E nem deveria dizer muito
sobre o livro. O Grande Mentecapto recebeu
todas a críticas favoráveis disponíveis e entronizou-se entre os mais
conhecidos, icônicos e premiados romances brasileiros. Virou até filme.
Mas, ao lê-lo, não pude deixar de vislumbrar uma certa
similitude entre Geraldo Viramundo, um apoucado de inteligência que vaga por
toda a extensão das Minas Gerais e acaba por, sem querer ou sequer perceber,
estar no centro de vários acontecimentos importantes da então província e, até,
influenciá-los, e Forrest Gump.
São dois personagens magistralmente usados por seus criadores
para contar, com humor e perspicácia, a história de seu tempo.
Não acredito em plágio, mas, se houvesse, a primazia da ideia
caberia ao contista pátrio. Forrest Gump é
de 1994. O Grande Mentecapto foi
escrito em 1979.
Evoé, Fernando Sabino.
Oswaldo Pereira
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