domingo, 5 de novembro de 2017

ADAPTABILIDADE


Foi seco, quente e longo. Mais que tudo, o verão que agora morre no Hemisfério Norte foi devastador. Só de fenômenos beirando as classificações máximas nas tabelas da destruição, foram cinco furacões, três terremotos e três grandes incêndios florestais, dois deles num só país – Portugal. Pode ser tudo uma grande coincidência. E pode não ser.

Não se preocupem. Eu não vou entrar pelas vielas de discussões ambientais. Rios, e bem caudalosos, de tinta já foram despejados neste tema e os extremos de argumentação vão desde a culpabilidade do Homem Predador à crença nos ciclos eternos e inevitáveis da nossa biosfera. Na minha santa ignorância, acho que a origem do presente mau humor da mãe Natureza está no meio deste pêndulo.

O que me incomoda é verificar que, tanto creditando as catástrofes ao descuido da raça humana como as debitando aos desígnios atmosféricos (ou até, nas hostes mais apocalípticas, ao engenho de um deus vingativo), nada está sendo ou pode ser feito. Do lado mão do Homem, falta vontade política. Estudos técnicos, avisos científicos, previsões educadas e filmes de impacto têm tido pouco ou nenhum efeito prático dentro dos gabinetes governamentais dos grandes poluidores. Empregos, investimentos, produção de alimentos e ambições pesam mais na balança do que teorias e projeções, mesmo aquelas com o peso de nomes respeitados. Estes olham para o futuro. A Governança só vê o presente.

Do lado fenômenos cíclicos, o fatalismo reduz à inércia. Fazer o que, dizem, contra uma inevitabilidade cósmica? E citam os dinossauros...

Sem chance? Não sei. Mas sei que a nossa varonil raça humana tem sempre um truque na manga. E este truque tem-nos feito conseguir coisas admiráveis. A Adaptabilidade. Os dinossauros estiveram aqui por cento e oitenta milhões de anos. Nós só estamos há dois. É um pouco cedo para desacreditar na imensa vontade de sobreviver que nos rege.

Somos capazes de sonhar com a eternidade. Os dinossauros não eram...

Oswaldo Pereira
Novembro 2017


5 comentários:

  1. "Viver não é para maricas."
    RITA LEE

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    1. Já dizia Gonçalves Dias: Não chores meu filho, não chores que a vida é luta renhida, Viver é Lutar...

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  2. Ouvi mtas vezes minha mãe dizer. Antes mesmo de saber o significado da palavra renhida.

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  3. Vi hoje o que aconteceu em uma região de Minas.Era fazenda com plantações diversas e também gado. O rio corria com abundância de água enquanto durou grande parte da vegetação. Foi vendida e tornou fazenda " de gado".Grande parte das imensas árvores foram cortadas. Após alguns anos vieram as queimadas .É, assim tem acontecido pelo Brasil afora....

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    1. Estão maltratando o planeta. E o planeta está começando a reagir...

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