Uma tocha acesa sempre foi um símbolo.
Luz, direção, objetivo, esperança. Na
escuridão profunda das cavernas do neolítico, preservar seu fogo poderia ser a
diferença entre a vida e a morte, a defesa contra um mundo animal hostil, o
calor numa Idade do Gelo cruel, o guia nas intermináveis noites de inverno.
Iluminou catacumbas, senados romanos,
piras votivas, altares medievais, catedrais góticas, salões setecentistas. Sua
passagem de mão em mão era uma garantia de continuidade, de que a vida iria
prosseguir e, com ela, o segredo da sobrevivência da humanidade.
Esta imagem com toques de poesia foi
incorporada às primeiras olimpíadas. A glória esportiva seria simbolizada pelo
fogo aceso, proclamação suprema da vitória do ser humano e de sua eleição pelos
deuses como senhor da natureza.
Estamos em 2016 e esta imagem sobrevive.
Vi-a hoje, real e cristalina, numa também cristalina manhã de inverno, em São
Pedro da Aldeia. Ali, na minha frente, o fogo simbólico foi passado para a
tocha empunhada por uma adolescente paraplégica. Em sua cadeira de rodas, com seus
movimentos limitados, ela de repente transformou-se numa deusa alada e
olímpica, seu rosto e seu sorriso desfazendo por instantes os grilhões e os
sacrifícios, subjugando o impossível, vencendo o destino.
Não sei quem é esta menina. Mas acho que
a lembrarei sempre. Fora escolhida pelos organizadores da festa para levar a
tocha olímpica por um trecho da cidade. Para mim, ela foi eleita pelos deuses,
os mesmos que abençoaram os primeiros jogos na Grécia heroica, para hoje
simbolizar a força, a luz e a esperança.
Oswaldo
Pereira
Agosto
2016
Bonita esta história da menina. Bjs Zezé
ResponderExcluirObrigado, Zezé. Foi uma belíssima cena.
ExcluirSeu texto me lembrou Rachmaninoff. A emoção levemente dramática dos concertos para piano. Fogo,Grecia, a beleza da condição humana. Ainda ! O caminho simbólico e real.
ResponderExcluirBela lembrança. Na realidade, a música ambiente era um funk. Mas, eu ouvia, sim, o Concerto no. 2....
ExcluirMeu caro
ResponderExcluirVocê assistiu a primeira prova da Rio 2016, onde a superação das limitações foi realizada com alegria de um sorriso. Bela cena. Bela descrição. Abraços
Zeca
Obrigado, Zeca. Bem aventurada a mística dos esportes...
ExcluirA tocha é um símbolo e os estádios também. Onde os jogos eram e são realizados, onde encontram os jovens de quase todos os países do mundo , onde há confraternização e congraçamento, onde há alegria e a intençao de novos encontros
ResponderExcluirsaudáveis com a esperança de outros encontros.Isso é vida . Abraço, Cleusa.
Como seria bom se todas as disputas fossem as esportivas, com seus códigos de honra e de respeito mútuo...
ExcluirParabéns Caro Primo,
ResponderExcluirBelo texto, o que não é novidade na Palavra Escrita.
Abraços,
Geraldo
Bonita abertura - esta sua crónica!
ResponderExcluirAbraço com votos de que seja uma festa inesquecível para todos!
Obrigado, caro amigo. Estamos todos torcendo. Afinal, depois de tantos problemas, o Rio merece. Grande abraço.
ExcluirOlá Oswaldo
ResponderExcluirSEmpre é uma satisfação ler sua cronica . Esta vez V. visualizou essa menina alada
pelos deuses do Olimpo.
Países que tem cuidado com sua juventude disputam numero de medalhas de ouro. outros tem a dádiva da natureza que os fazem especiais e outros com esforço pessoal e dedicação mostram que o ser humano é capaz de alcançar o que parece quase impossível.
O que cativa nesta competição é a vontade de participar representando seu pais,hasteando sua bandeira e deixando orgulhosos seus patrícios dando um exemplo as gerações futuras.
Bolívia se apresentará com pouquíssimas modalidades mas estará presente.
Abraços
Emilio Gonzalo
Este orgulho esteve presente ontem, na festa da abertura. Que lindo espetáculo, ver o lado bom da Humanidade desfilando e o orgulho nacional ser exaltado por um motivo muito mais nobre que a violência.
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