“Para
mim, filmar as cenas de futuro foi a parte menos prazerosa de toda a trilogia,
porque eu realmente não gosto de filmes que tentam predizer o amanhã. As únicas
que eu efetivamente apreciei foram as realizadas por Stanley Kubrick, e mesmo
ele não previu o PC quando fez Laranja Mecânica. Assim, ao invés de fazer uma predição cientificamente sólida, em que,
de qualquer maneira, estaríamos provavelmente errados, resolvemos fazê-la apenas
engraçada.”
Isto foi o que Robert
Zemeckis, diretor dos três Back to the
Future, disse logo após o lançamento do segundo capítulo da famosa
trilogia. O roteirista Bob Gale acrescentou. “Nós sabíamos que não iriam existir carros voadores em 2015, mas, por
Deus, nós tínhamos de tê-los no filme.”
Ao se aproximar o Back to the Future Day, a data escolhida
pelos dois cineastas para enviar Marty McFly e Doc Brown ao futuro, tornou-se
um divertido passatempo comparar o mundo visualizado por eles com a realidade
do presente. Pranchas de skate voadoras,
sapatos que se amarram sozinhos, casacos que se enxugam automaticamente, apesar
de terem sido até patenteados por causa
do filme, não sobreviveram às dificuldades técnicas e comerciais para se
tornarem reais. Algumas coisas verdadeiramente aconteceram, como o aumento da
influência asiática nos negócios internacionais, telas planas de TV, sistemas
de comunicação tipo Skype, mas elas
eram adivinhações de certo modo lógicas em 1989, quando o filme foi realizado. E
o Tubarão 19, bem... acho que não
chegou nem ao 3.
A história cinematográfica
está cheia de tentativas de se prever o futuro. É disto que todo um gênero, o SciFi Movies, ou o cinema de ficção,
trata. O problema é que aqueles que jogaram para milênios à frente o ambiente
de sua imaginação deram-se bem. Por enquanto.
Mas os que atiraram curto e viram suas datas serem ultrapassadas pela
marcha do calendário, foram cruelmente desmentidos. Nesta categoria estão até
mesmo obras-primas como Metropolis, que
imagina um planeta distópico no ano 2000 ou 2001
– Uma Odisseia no Espaço, com sua parábola de um novo renascimento da
espécie humana (nesta, o avião orbital que leva o personagem Heywood Floyd até
a estação espacial ostenta o emblema da PanAm, que fechou suas portas na década
de 1980).
Aliás, a característica
dominante da ficção científica no século XX foi a aposta nas viagens
interplanetárias e no contato com civilizações extra-terrestres, desde o
revolucionário (para a época) Viagem à
Lua, de George Méliès, filmado em 1902, até à cultuada franchise do Guerra nas Estrelas.
Bandas desenhadas da época de ouro dos quadrinhos, como Flash Gordon e Brick Bradford, também povoavam a imaginação dos seus leitores com
incríveis aventuras nas profundezas das galáxias. Recentemente, o enfoque mudou
para cenários que preferem adivinhar o porvir da Terra, restringindo seu
horizonte criativo às tribulações do amanhã do nosso querido planeta, como o
denso Blade Runner ou os amargos Mad Max.
"VIAGEM À LUA" (1902) |
Imaginar o futuro é uma
tentação. Eu mesmo me rendi ao pecado e escrevi um conto futurista a que dei o
título de O Einstein de Hitler. (para
os que se interessarem, está no livro “Destinos & Origens”, logo aí ao
lado. É só clicar na capa que ele abre). O problema é que sempre partimos da
realidade que conhecemos, o que já
compromete, e limita, a expansão da nossa criatividade.
Como bem disse
Zemeckis, nem Kubrick previu o PC. E ninguém foi capaz de predizer as duas
invenções que mais mudaram o dia-a-dia do ser humano nos tempos atuais. A
telefonia celular e a Internet.
Oswaldo Pereira
Outubro 2015
Exemplo: você coloca mais uma crônica e logo se espalha........visualizada desde o Brazil a Ucrânia, e isso é realmente fantástico.......como ninguém previu realmente isto?
ResponderExcluirNem Nostradamus....
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