sexta-feira, 9 de outubro de 2015

DE VOLTA AO PRESENTE





“Para mim, filmar as cenas de futuro foi a parte menos prazerosa de toda a trilogia, porque eu realmente não gosto de filmes que tentam predizer o amanhã. As únicas que eu efetivamente apreciei foram as realizadas por Stanley Kubrick, e mesmo ele não previu o PC quando fez Laranja Mecânica. Assim, ao invés de fazer uma predição cientificamente sólida, em que, de qualquer maneira, estaríamos provavelmente errados, resolvemos fazê-la apenas engraçada.”

Isto foi o que Robert Zemeckis, diretor dos três Back to the Future, disse logo após o lançamento do segundo capítulo da famosa trilogia. O roteirista Bob Gale acrescentou. “Nós sabíamos que não iriam existir carros voadores em 2015, mas, por Deus, nós tínhamos de tê-los no filme.”


Ao se aproximar o Back to the Future Day, a data escolhida pelos dois cineastas para enviar Marty McFly e Doc Brown ao futuro, tornou-se um divertido passatempo comparar o mundo visualizado por eles com a realidade do presente. Pranchas de skate voadoras, sapatos que se amarram sozinhos, casacos que se enxugam automaticamente, apesar de terem sido até patenteados por causa do filme, não sobreviveram às dificuldades técnicas e comerciais para se tornarem reais. Algumas coisas verdadeiramente aconteceram, como o aumento da influência asiática nos negócios internacionais, telas planas de TV, sistemas de comunicação tipo Skype, mas elas eram adivinhações de certo modo lógicas em 1989, quando o filme foi realizado. E o Tubarão 19, bem... acho que não chegou nem ao 3.




A história cinematográfica está cheia de tentativas de se prever o futuro. É disto que todo um gênero, o SciFi Movies, ou o cinema de ficção, trata. O problema é que aqueles que jogaram para milênios à frente o ambiente de sua imaginação deram-se bem. Por enquanto. Mas os que atiraram curto e viram suas datas serem ultrapassadas pela marcha do calendário, foram cruelmente desmentidos. Nesta categoria estão até mesmo obras-primas como Metropolis, que imagina um planeta distópico no ano 2000 ou 2001 – Uma Odisseia no Espaço, com sua parábola de um novo renascimento da espécie humana (nesta, o avião orbital que leva o personagem Heywood Floyd até a estação espacial ostenta o emblema da PanAm, que fechou suas portas na década de 1980).

Aliás, a característica dominante da ficção científica no século XX foi a aposta nas viagens interplanetárias e no contato com civilizações extra-terrestres, desde o revolucionário (para a época) Viagem à Lua, de George Méliès, filmado em 1902, até à cultuada franchise do Guerra nas Estrelas. Bandas desenhadas da época de ouro dos quadrinhos, como Flash Gordon e Brick Bradford, também povoavam a imaginação dos seus leitores com incríveis aventuras nas profundezas das galáxias. Recentemente, o enfoque mudou para cenários que preferem adivinhar o porvir da Terra, restringindo seu horizonte criativo às tribulações do amanhã do nosso querido planeta, como o denso Blade Runner ou os amargos Mad Max.

"VIAGEM À LUA" (1902)














Imaginar o futuro é uma tentação. Eu mesmo me rendi ao pecado e escrevi um conto futurista a que dei o título de O Einstein de Hitler. (para os que se interessarem, está no livro “Destinos & Origens”, logo aí ao lado. É só clicar na capa que ele abre). O problema é que sempre partimos da realidade que conhecemos, o que já  compromete, e limita, a expansão da nossa criatividade. 


Como bem disse Zemeckis, nem Kubrick previu o PC. E ninguém foi capaz de predizer as duas invenções que mais mudaram o dia-a-dia do ser humano nos tempos atuais. A telefonia celular e a Internet.



Oswaldo Pereira

Outubro 2015

2 comentários:

  1. Exemplo: você coloca mais uma crônica e logo se espalha........visualizada desde o Brazil a Ucrânia, e isso é realmente fantástico.......como ninguém previu realmente isto?

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