Quatro bilhões de anos
atrás. Um grande oceano, com profundidades que chegam a 1,5 quilômetro, ocupa
um quinto da superfície do planeta. Água em abundância. O planeta tem tudo para
suportar ao menos uma rudimentar forma de vida. Talvez até mais do que isso.
Mas o planeta não é muito
grande e a força de sua gravidade não consegue segurar a evaporação daquele
imenso reservatório. Sua tênue atmosfera não o consegue proteger do bombardeio
incessante da chuva de prótons que vem do sol e, lenta mas inexoravelmente, o
precioso líquido, que colore de azul o vermelho de seu solo, vai desparecendo
no espaço.
Se vida realmente
houvesse, e se inteligente ela fosse, o cenário seria desolador. A seca mortal,
a perda da esperança, a extinção completa.
Esta visão apocalíptica
ganhou contornos mais nítidos recentemente, quando os grandes telescópios
situados nos Havaí e no Chile confirmaram que Marte tem mais água do que se
pensava e que pode ter abrigado pelo menos dois grandes oceanos num remoto
passado. Os cinco desengonçados veículos que já desceram no chão do planeta
encarnado haviam detetado vários indícios da sua infância aquosa. Agora, novos
dados vêm confirmar que, no interior de alguns desfiladeiros e, principalmente,
no subsolo, existem placas de gelo do tamanho dos estados americanos da
Califórnia e do Texas somados. Além
disso, as calotas polares, nossas conhecidas desde que Galileu apontou o seu
primeiro telescópio para o céu, têm 3 quilômetros de espessura. Se derretessem,
inundariam toda a superfície de Marte com uma maré de 5,6 metros de fundura.
São os vestígios que contam a história de um planeta que pode ter sido uma das
apostas da criação, perdida quando a água desapareceu no vazio e seus
resquícios congelaram-se para sempre.
Na equação dos elementos
químicos que formam tudo o que existe no universo, água é igual a vida. Assim,
é uma quase certeza inferir que o nosso vizinho planetário pode ter abrigado
alguma variação, mesmo bacteriana ou microscópica, de vida. E isto é o que a
missão prevista para 2033, a primeira a enviar astronautas a Marte, pretende
averiguar.
Na Terra tem-se falado
muito em água. Com preocupações diversas. Embora os mares cubram ¾ da nossa
querida esfera azul, o crescimento exponencial da poluição oceânica já levanta
as sobrancelhas de ecologistas e oceanógrafos. Mas, quando o assunto é água
potável, a luz vermelha já se acendeu na maioria dos gabinetes dedicados ao
meio ambiente em todo o mundo. Do jeito que a coisa vai, vamos terminar o
presente século tendo de economizar cada gota dos mananciais e aquíferos que
nos abastecem para a agricultura, para o saneamento, para energia. E para
beber. Há sempre a saída de dessanilizar as águas do mar. Mas, o custo...
Então, quando estiverem
hoje tomando aquele demorado banho de chuveiro, pensem em Marte...
Oswaldo Pereira
Outubro 2015
Essa possibilidade de nossa linda Terra terminar como Marte dá arrepios.
ResponderExcluirSe em nós dá arrepios, imagine em nossos netos e bisnetos, que poderão ter de conviver com esta amarga realidade...
ExcluirO brasileiro não acredita que em futuro não muito remoto, a água será uma preciosidade e a economia do precioso líquido tem que começar ontem. Na região do Sul de Minas os rios já mostram mais pedras do que água. O povo tem que colaborar, rápido. Abraço do Thomaz.
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