Nós, homens, somos fortes. Nascemos para
vencer e dominar. Dominus. Está no
sangue, no instinto, no gene fabricado pela adrenalina de sair para a savana e
ir matar a caça, sem ser transformado em presa pelo tiranossauro de plantão.
Caça que iria saciar a fome da mulher e dos filhos, protegidos no fundo da
caverna. Preservar a raça, este era o imperativo, a razão de ser. Foram
centenas de milhares de anos assim, geração após geração.
Por isso, também somos objetivos,
diretos, funcionamos pelo sistema de resultados, quanto mais rápidos e
descomplicados, melhor. Assim, escolhemos a primeira camisa que nos agrada numa
loja, o mesmo prato de um cardápio diversificado no restaurante de sempre,
achamos perda de tempo perguntar por direções numa cidade estranha. Nosso
instinto vai achar o caminho, certo?
Errado!
Isto é o que pensamos ser. Isto é a
canção de ninar que nos foi cantada ao nascer, o conceito folclórico que nos
foi passado por pais preocupados com a nossa fibra de vencedores. “Homem não
chora!” e outras bullshits que nos
venderam no jardim de infância.
O que acabamos por aprender, nos duros
bancos escolares da vida, é que temos dúvidas, temos dor, temos medo. E aí, partimos para ser “valentes”,
interiorizando os sentimentos e mantendo o sorriso firme, mesmo quando a alma
se dilacera por dentro. Das tripas,
coração, não é assim que reza a lição? Os ícones estão por toda parte. O
soldado que, mesmo ferido de morte, não deixa a bandeira cair. O gentleman que cede seu lugar no último
bote do Titanic. O Sir Galahad que
terça armas até o fim pela honra da donzela.
Bonito, muito bonito. Numa tira de
história em quadrinhos, num filme em 3D, numa canção medieval.
Na realidade, não passamos, mesmo, de
superheróis de carne e osso, paladinos com armadura de papel, cavalheiros sem
fraque e cartola. Elas sabem. Basta uma dorzinha de dentes, um resfriado mais brabo, uma decepção no trabalho para
transformarmo-nos em infantes desmamados e desesperados por carinho, aconchego
e proteção.
Fortes? Sim. Quando tudo vai bem e o sol
brilha no horizonte. Aí, somos de novo o Superhomem, capazes de para elas
demonstrar nossos superiores dotes de destreza e força. É só termos cuidado para
não quebrar-lhes as costelas...
Oswaldo Pereira
Fevereiro 2014
PS.: O meu LIVRO DE CONTOS continua disponível. É só clicar no ícone da capa, no alto, à direita. Como mencionei no post de lançamento, o livro está em formato pdf, ou seja, pode ser copiado, impresso, arquivado ou distribuído à vontade.
PS.: O meu LIVRO DE CONTOS continua disponível. É só clicar no ícone da capa, no alto, à direita. Como mencionei no post de lançamento, o livro está em formato pdf, ou seja, pode ser copiado, impresso, arquivado ou distribuído à vontade.
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