MARQUISE DO CBS STUDIO 50: BEATLES APENAS MAIS UMA ATRAÇÃO... |
ED SULLIVAN E OS BEATLES (09/02/1964) |
Embora já famoso na Europa, os som dos Beatles só chegou ao Brasil depois de passar pelos Estados Unidos. Desde o início da década de 1950, éramos uma “colônia” da música americana. É claro que esta influência vinha de antes, dos musicais das duas décadas anteriores, dos filmes glamorosos de Fred Astaire e Ginger Rogers, da magia de George Gershwin e Cole Porter, do jazz que finalmente penetrava com força na cena artística, do lendário concerto no Carnegie Hall.
Mas, por aqui, nos anos 30 e 40, a música francesa ainda tinha
vez, com os seus chansoniers, o
charme simpático de Maurice Chevalier, o mistério da voz de Dany Dauberson, os
nervos à flor da pele da Piaf. Também chegavam às ondas de rádio os potentes
tenores italianos, suas baladas napolitanas e O Sole Mio, Torna a Surriento e Santa
Lucia eram peças de riguer no
repertório de qualquer cantor aspirante ao estrelato.
A partir do término da Segunda Guerra Mundial, tudo mudou. Primeiro, foi a
maciça invasão da cultura norte americana. Vencedores em toda a linha, tomaram
de assalto o mercado global com seus hábitos, seus produtos e sua música.
Depois, em 1953, explodiu o tsunami do
rock’n’roll. A partir daí, só davam
eles.
Assim, apesar de terem já atingido o topo das paradas no Reino Unido em
1962 e se tornado o foco central de uma histeria coletiva em vários países
europeus, no Brasil só sabia-se da existência dos Beatles pelas notas de jornal
de algum colunista musical mais antenado. O desconhecimento era tão grande que
alguns amigos meus estranhavam os nomes. Confundiam John Lennon com Jack Lemmon
(grande ator cinematográfico), Paul McCartney com o General MacArthur, George
Harrison com George Hamilton (famoso galã de Hollywood). Ringo Starr, bem, isto
era um nome esquisito por si mesmo.
Mas, a partir de 7 de fevereiro de 1964, isto começou a mudar. Nesse dia,
os meninos de Liverpool chegaram ao aeroporto de Nova Iorque, recém batizado
com o nome de John F. Kennedy e os 3.000 jovens que lotavam o saguão deram
início ao fenômeno da beatlemania.
Vinham num avião da PanAm para aparecer, dois dias depois, no mais prestigiado
show da TV americana, o Ed Sullivan Show, com uma audiência contabilizada em
mais de 73 milhões de telespectadores – quase metade da população dos Estados Unidos.
Essa noite será celebrada hoje, cinquenta anos depois, em todo USA, como “The Night That Changed
America” (A Noite Que Mudou a América) com um monumental recital na rede CBS.
Meu amigo Homero Ventura, blogueiro de escol, beatlemaniaco histórico e
profundo expert dos Fab 4, disse tudo
no seu post, cujo link está a seguir.
Nos dez dias seguintes, tempo da permanência do quarteto no país, tudo aconteceu. Shows lotados, desmaios de adolescentes,
pernoites de fãs no frio da noite à porta dos hotéis, engarrafamentos de
trânsito. Alguma imprensa ainda tentava minimizar a onda, como o TIME Magazine,
que os havia classificado como “shaggy
Peter Pans, with mushroom haircuts” (Peter Pans desmazelados, com cortes de
cabelo parecendo cogumelos”)...
Mas, como diz a canção sobre Nova Iorque, “if you can make it there, you'll make it anywhere” (se você
consegue acontecer lá, você acontecerá em qualquer lugar). A Grande Maçã é
uma caixa de ressonância planetária e nada conseguiu impedir a epidemia. Assim
que voltaram a Londres, reuniram todo o material registrado na viagem e
montaram o filme-documentário A Hard’s Day Night. Em março, os cinco
primeiros top hits da parada de sucessos americana eram deles.
E, então, a febre chegou ao Rio. No dia 1 de abril (dia seguinte à
Revolução de 31 de março), sai com o meu carro pela Praia do Flamengo, juntamente com milhares de pessoas que celebravam a queda de João Goulart. No rádio,
tocava o novo hino da juventude – I Wanna Hold Your Hand.
O resto é história. O quarteto inglês superou tudo o que havia acontecido
antes em termos de música popular. As grandes idolatrias anteriores, como Bing
Crosby, Frank Sinatra e até Elvis Presley, não chegaram aos pés da importância
dos Beatles. Até porque sua obra transcendeu os limites do convencional,
explorou nuances nem sequer
imaginados por quem os tinha precedido. Obras-primas de experimentação musical
que vêm encantando gerações em cadeia (meus netos de dez anos de idade cantam suas músicas) e que, sem a menor dúvida, perpetuarão seus autores na memória do
futuro da mesma forma como hoje se reverenciam os grandes compositores clássicos do passado.
Long live the Beatles!
Oswaldo Pereira
Fevereiro 2014
Muito bom, Oswaldo, e eles continuam reverenciados. Dos velhos aos jovens e até crianças amam os beatles.
ResponderExcluirBem lembrado.
Abraço, Cleusa.
Até o comentário do beatlemaníaco Renato Quaresma li, no blog do seu amigo Homero Ventura.
ResponderExcluirRecentemente, as minhas aulas de Inglês, na Universidade da 3ª Idade, terminavam SEMPRE consolidando a aprendizagem da língua ao som dos Beatles, de folha A4 na mão com as letras de "Yesterday", etc. Todos vibrávamos como naquela época.
Outro dia estava escutando o ANTOLOGY. É impressionante como até numa coletanea com erros nas gravacoes e curiosidades nos shows, pode sair um disco de sucesso. So mesmo com os BEATLES isso seria possivel. Obrigado por ter me apresentado a musica deles.
ResponderExcluirAbraco. Bruno.
Sempre gostei dos Beatles e a canção «Yesterday» é a que eu paro. . . para relembrar!
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