E agora? Mais de um ano havia passado desde a estreia de You Only Live Twice e a escolha de um novo Bond ainda não havia acontecido. O vácuo deixado por Sean Connery permanecia e já chegava a despertar boatos de que a série chegara ao fim.
Mas, eram boatos, porque, em setembro de 1968, a EON já havia escolhido o livro de Ian Fleming On Her Majesty’s Secret Service como tema para o novo filme. Peter Hunt, que trabalhara como Editor nas produções anteriores, estava já confirmado como Diretor e grande parte do elenco contratada. Ocorre que a procura do novo protagonista envolveu uma extensa avaliação de candidatos. Mais de 400 nomes foram cogitados e avaliados, mas, ironicamente, um total desconhecido acabou abocanhando o papel.
George Robert Lazemby, australiano e com nenhuma experiência de ator, trabalhava como modelo em Londres e havia feito um comercial para o chocolate Big Fry, quando chamou a atenção de Saltzman e Broccoli, os chefões da EON. Eles e Hunt resolveram apostar. Afinal, Lazemby tinha excelente porte físico, vestia bem um black-tie e, em sua primeira cena de luta, quebrou a cara de um dublê. Tinha, portanto, a agressividade e o phisique du rôle necessários para assumir o cobiçado papel. Em 16 de outubro de 1968, as filmagens tiveram início.
Por decisão de Hunt, o script, escrito pelo já veterano Richard Maibaum, procurou ater-se o mais possível ao enredo do livro. Hunt, inclusive, ia para o set sempre com um exemplar. A história tem início com Bond resgatando das águas da praia do Guincho, em Portugal, uma jovem que pretendia suicidar-se. Enquanto a traz desmaiada para a areia, ele é atacado por dois homens. Quando consegue vencer a luta, ele verifica que a garota fugiu. Esta cena é especialmente interessante porque, ao final, Lazemby diz a frase: This never happened to the other fellow (isto nunca aconteceu ao outro cara), dando a entender que ele seria outro personagem.
Isto, entretanto, é largamente corrigido pelos títulos iniciais, em que aparecem vinhetas de todas as aventuras anteriores de Bond. E mais ainda quando, irritado com a insensibilidade de M, que o afasta da missão de encontrar o Número 1 da SPECTRE, Ernst Blofeld, ele pede demissão do cargo e vai para a sua mesa recolher as lembranças das aventuras anteriores.
Moneypenny, entretanto, transforma seu pedido de renúncia numa solicitação de férias. Bond aproveita as duas semanas de descanso e volta a Portugal, onde reencontra a mulher que salvara das águas. Ela é a condessa Teresa di Vincenzo, filha de Marc-Ange Draco, chefe da Union Corse, uma multinacional criminosa. Os dois acabam passando uma noite juntos, mas, logo na manhã seguinte, 007 é levado à presença de Draco. O capo tenta convencer Bond a iniciar um romance sério com sua filha, desorientada e rebelde, argumentando que o agente seria o homem ideal para fazê-la feliz.
Recusando inicialmente a ideia, Bond acaba aceitando-a, em troca do compromisso de seu possível futuro sogro revelar-lhe o esconderijo de Blofeld. O acordo é quase fechado na festa de aniversário de Draco, mas Teresa (“Tracy”) descobre a combinação e recusa-se a fazer parte da barganha. Ela obriga o pai a dar a Bond a informação de que este precisava sem nada em troca e tenta ir embora. Bond, entretanto, a convence a ficar e os dois dão início a um apaixonado relacionamento.
Com a ajuda de Draco e seguindo sua indicação, Bond vai para Zurique, invade o escritório de uma firma de advogados e consegue copiar uma correspondência trocada entre Blofeld (usando o nome de Balthazar de Bleuchamp) e Hilary Bray, um genealogista britânico, solicitando a aprovação do Colégio de Armas inglês à sua reivindicação ao título de Conde. Assumindo a identidade de Bray, Bond dirige-se a Piz Gloria, nos alpes suíços, onde Blofeld dirige uma clínica para cura de alergias.
(continua)
Oswaldo
Pereira
Olá Oswaldo.
ResponderExcluirNão lembrava desse filme com o novo Bond.
Mas despertou o interesse de rever o filme,como tenho feito após sua feliz iniciativa de compilar os filmes de uma época que angariou seguidores do Iam Fleming.
Aguardo a segunda parte.
Gonzalo
Caro Almirante,
ExcluirEspero que continue gostando desta resenha. Ainda há muito pela frente.