Fiz parte da desgraçada geração de adolescentes e rapazes que viveram durante o auge cinematográfico de Alain Delon. Era uma luta inglória. Por mais que nos dedicássemos a manter um físico de atleta, um cabelo com madeixas ondeadas com muito Glostora, ter as frases mais inspiradas, extraídas de românticos boleros e decoradas durante horas, na ponta dos lábios, por mais que ensaiássemos os coreografados passos das danças mais em moda, vestíssemos as melhores camisas ban-lon e calçássemos mocassins feitos sob encomenda, não havia jeito. A simples menção ao nome do ator francês fazia as garotas revirarem os olhos e unanimemente suspirarem com o olhar posto numa miragem apaixonada. A nós, restava o despeito e o ciúme.
Alain Fabien Maurice Marcel Delon, nascido na França em 1935, teve uma infância tumultuada e rebelde. Filho de pais divorciados, foi adotado por um casal que acabou assassinado logo depois. Voltando a viver com a mãe, agora casada com outro homem, atravessou uma problemática adolescência, sendo expulso de várias escolas e abandonando os estudos aos 15 anos. Aos 17, alistou-se na Marinha Francesa e foi lutar na Indochina.
Em meados da década de 1950, voltou para Paris onde, sem dinheiro ou profissão, acabou fazendo biscates de porteiro, garçom e vendedor ambulante. Mas, o mundo é feito de coincidências. Em 1956, teve como vizinha Dalida, então uma cantora principiante, e Jean-Claude Brialy. Com eles, foi a Cannes, para o Festival de Cinema de 1957 e, como mandam os desígnios da sorte, ao encontro do seu destino.
Sua beleza física chamou a atenção e logo ele foi convidado para fazer partes em filmes. Em 1959, seu papel como Tom Ripley em Plein Soleil (O Sol Por Testemunha) o lançou para o topo da fama e para o clube dos atores mais requisitados da história do cinema francês. Daí para a frente, e até seu último papel como o imperador romano Júlio Cesar em Astérix aux Jeux Olympiques, Delon trabalhou em mais de 80 filmes, muitos de imenso sucesso como Rocco e Seus Irmãos, Il Gattopardo, Borsalino, Scorpio, A Piscina e vários outros.
Para humilhar ainda mais a galera de despeitados, Delon ainda teve uma carreira musical importante, que começou ao gravar, com sua amiga (e, dizem, amante) Dalida, a antológica Paroles, paroles.
Mas, nada dura para sempre. O tempo sempre cobra seu preço e, em 2012, sofreu um AVC. E, recentemente, anunciou sua intenção de se submeter a um suicídio assistido (permitido na Suiça, onde mora).
Foi casado duas vezes (com Nathalie Delon e, depois, com Rosalie van Bremer) e viveu apaixonados e longos romances com Romy Schneider e Mireille Darc, fora os acréscimos. E deixou milhões de mulheres sonhando acordadas com sua beleza e seu charme de amor bandido.
Oswaldo
Pereira
ResponderExcluirParabéns!
Obrigado!
ExcluirBom vc lembrar de como éramos encharcados de cinema e ídolos que, sabendo-os intangíveis, serviam de modelo para que, nos fosse dado o mesmo carisma dos atores de nosso tempo, como Cary Grant (ele mesmo dizia que "todos querem ser Cary Grant"), Gregory Peck, Marlon Brando, Paul Newman, Jacques Charrier (por causa da Brigitte Bardot), Alain Delon, com a cara de quem achávamos que era a nossa saindo do cinema Roxy para o Bob's na Domingos Ferreira para posar e paquerar as moças, contemporâneas, até passar pelo primeiro espelho. Eu até brincava quando morei na França que eu mesmo era a cara do Alan Deloin...rsrsrs.
ResponderExcluirPerfeito! Entre um sundae de morango e um hotdog, eu também me achava a cara do James Dean. Éramos um incuráveis românticos à espera de um olhar furtivo das meninas com rabo de cavalo e saia pregueada...
ExcluirAmigo, pouco conhecia da vida do moço, repleta de tristes passagens e de grandes glorias.Mas a velhice não dá trégua a ninguém e uns morrem melhor que outros.
ResponderExcluirAcho que essa atitude do suicídio assistido bastante civilizado, pena só ser permitido na Suíça, mas aqui iria ser barrado pela Igreja.
Zezé
Assim também como não permite os cassinos. O Estado deveria ser laico, mas...
ExcluirAmbos hipocrisia pura.
ExcluirTambém não conhecia a história dolorosa da mocidade de Alan Delon. Excelente sinopse meu caro. Mais. As recordações do Roxy e Bob´s da Domingos Ferreira, também são muito caras para mim. Junto a elas aquelas do Rian, Copacabana, Metro, Caruso... Belas recordações na nossa juventude.
ResponderExcluirA Globo apelidou esta época de "Anos Dourados" e não estava muito errada. Quem a viveu sabe...
ExcluirAlain Delon e James Dean eram o modelo de jovens por quem as garotas de nossa epoca se apaixonavam, eu preferia um tipo mais cafageste como o Belmondo
ResponderExcluirUm trio imbatível. Todos nós rapazes queríamos ser um deles.
ExcluirOlá Oswaldo
ResponderExcluirVi o Alan Delon em o sol porvtestemunha e Roxo e seus irmãos. Boas lembranças da época de jovens tentando imitar o jeito dele para impressionar as gatinhas da época. Obrigado pela Boa recordação
Gonzalo
Lindooooo Alan Delon!!!! Sonho de nós meninas à época!!!
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