segunda-feira, 5 de julho de 2021

CABEÇAS FEITAS

 


Desta vez, não quero escrever sobre COVID. Nem sobre vacinas ou outras inas.Não me apetece falar, de novo, sobre Datafolhas e votos auditáveis. Nem sobre a CPI e seu circo; STF e suas togas manchadas. Nada tenho a acrescentar a respeito de passeatas, motociatas, bicicletiatas.  Prá que?

Já sei que não vou convencer quem de mim discorda.

As cabeças estão feitas. Neste quadro geral de polarização, as trincheiras estão profundas, a terra de ninguém está assim mesmo – sem ninguém. As mesas de negociação foram queimadas, como os barcos de Cortez (ou foi Pizarro?) Os canais de comunicação estão bloqueados, como uma aorta, entupidos do colesterol da rejeição. Não há mais lenços brancos. Os ramos de oliveira, as pombas, que não são mais da paz, já os engoliram.

Uma outra pandemia. Só nossa, como a jabuticaba. A pandemia do nós contra eles, o vírus que se espalha no Face, nos twitters, até no ex-manso Instagram. Pomo da discórdia já deixou de ser um enferrujado lugar-comum para ser mordido com raiva à noite e cuspido de manhã nas telas dos i-pods, i-pads e androids.

Lamentavelmente, não há remédios nem princípios ativos. A distância que nos separa amortece qualquer som. As palavras congelam-se ou incineram-se antes de chegar ao outro lado. Nem retornos, nem feedbacks...

Em minha longa vida, já vi filmes parecidos, aqui em Pindorama. Nenhum acabou bem...

Oswaldo Pereira

Julho 2021

 

 

7 comentários:

  1. A minha perplexidade e desesperança em tudo isso, é que cada dia mais a polarização se tornou imensamente maior e sem retorno.bjs Zezé

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    1. Infelizmente, acho que já passamos o "point of no return"...

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  2. Não se trata de opiniões diferentes, mas de um Ódio Mortal, visceral.

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  3. Jose Antonio Simões Bordeira9 de julho de 2021 às 08:11

    Meu caro Oswaldo.
    Essa outra outra "pandemia", de fato, já passou da conta. O "virus" tem causado estragos em famílias e entre velhos amigos. Muito lamentável. A "doença" causa, dentre outras sequelas, a cegueira e o esquecimento propositais sobre as realizações do governo, e elas têm havido. Nada, absolutamente nada, é reconhecido. Só ódio e a ideia fixa: "continuar esticando a corda". O limite de resistência será atingido e, ao meu sentir, com consequências imprevisíveis.

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    1. E esta última semana trouxe pôs ainda mais lenha na fogueira. A coisa está, infelizmente, caminhando para um confronto inevitável. God help us...

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