Um
dos primeiros textos que escrevi neste blog, ainda nos idos de 2013, foi sobre
a China. Já naquela altura, dava para perceber que o gigante havia mudado de
cara e estava consolidando e expandindo sua economia de mercado, gerenciando
com sabedoria seu comércio exterior, ao mesmo tempo que professava e apregoava a
agenda política comunista. Um regime com rosto inédito, a que poderíamos
apelidar de Capitalismo de Estado.
Voltei
a escrever mais sobre ela, até porque, após o Congresso Nacional do Povo ter
colocado nas mãos de um só homem, Xi
Jinping, um poder maior do que qualquer imperador Ming, a China estava, como
raras vezes antes em sua história, posicionada para competir por uma liderança global.
A partir daí, podia-se esperar um crescimento veloz da presença chinesa nos
palcos mundiais do esporte, das artes e do comércio internacional. Depois de décadas inundando o planeta com seus
made in China de baixo preço, o país sentava-se agora na mesa do grande
jogo disposto a dar as cartas. Na época, escrevi que prever qualquer
cenário futurista sem levar em conta o fator China seria um erro crasso.
Com
um poder centralizado forte e um objetivo na cabeça, o país vem confirmando esta
tese. Mesmo antes do desarranjo mundial causado pela pandemia, o avanço chinês
sobre posições estratégicas nos cinco continentes já vinha-se dando com a
proverbial paciência que lhes é atribuída, mas também com a sagacidade dos
grandes planejadores. Sempre jogando limpo? Bem... pode até não ser assim, mas
qualquer um sabe que, como dizem os americanos, all is fair in love and war
e, no teatro de guerra dos mercados e das relações internacionais, o buraco é
mais embaixo e a briga é de foice, no escuro. Ali não há inocentes, e nem
santos. É só abrir um livro de História...
A
pandemia veio acirrar mais as coisas. Origem (intencional ou não, aí vai
depender da sua teoria pessoal sobre o caso) do vírus e primeira a superá-lo, a
China, evidentemente, aproveitou-se e tem procurado alastrar seu domínio
econômico, infiltrando-se na cena econômica de países em todo o planeta. Como
tratar este fenômeno tem sido o dilema atual de vários governos mundiais.
Aqui
no Brasil, tenho escutado, principalmente vindas da oposição, vozes que pregam
uma subserviência inquestionável ao avanço chinês, aconselhando a, em hipótese
nenhuma, o melindrar e atacando qualquer política de reação e resposta. Colocam
na balança até o perigo de um boicote de Beijing ao fornecimento de vacinas.
Diplomacia
de Resultados é uma coisa, e o pragmatismo que descarta ideologias e preconceitos
domina hoje o cenário das relações exteriores mundo afora. Mas, curvar-se com
medo de uma chantagem é outra. Até porque, o Brasil tem tudo para tratar a
China de igual para igual. O nosso país é o maior produtor de alimentos do
mundo; a China, se quiser alimentar seu bilhão e meio de habitantes, vai ter de
ser nosso parceiro comercial. Além disso, quando, num futuro próximo, a água se
transformar num bem disputado, como ontem foram as especiarias e hoje é o petróleo,
é aqui que está o maior aquífero do globo.
No
seu magnífico discurso inaugural, em janeiro de 1961, John Kennedy disse: Let
us never fear to negociate, but let us never negociate out of fear (Nunca tenhamos medo de negociar, mas nunca negociemos
por medo)
Os
chineses merecem respeito. Mas nós também.
Oswaldo
Pereira
Junho 2021
Junho 2021
MEU pensamento é o mesmo.Eles merecem respeito e nós igualmente. O que escreveu mostra que o correto é respeitarmos mas sermos respeitado.
ResponderExcluirMuito bem, Cleuza.
ExcluirEspere amigo, mas parece que virá uma Bomba tão grande o maior que o Vírus. Um APAGÃO Mundial.Trata-se daquele grupo que você escreveu aqueles dois textos muito criativos e engraçados, A BANCA. Procure se inteirar do assunto. bjs Zezé
ResponderExcluirZeze, tentei entrar em contato com algum deles, mas como você sabe, são reclusos....
ExcluirRespeito sempre... medo jamais... oportunismo de alguns pode ser o maior problema.. beijos
ResponderExcluirSem dúvida!
Excluiramigo Oswaldo, li ha muito tempo um livro sobre a expansao chinesa nos idos de 1400, se nao me engano o livro chama-se 1421 e fpoi escfrito por um almirante ingles, submarinista, muito inyteressante, recomendo a leitura. um abrfaco do jose Ricardo
ResponderExcluirValeu, Torto. Vou tentar achar na net. Abração.
ExcluirO ocidente está pagando o preço de ter explorado a China por sua mão de obra barata. Perdeu seu parque industrial e agora tem que voltar a correr atrás. Como você bem disse, a China agiu com a sagacidade dos grandes planejadores.
ResponderExcluirSabedoria de milênios...
ExcluirSendo q a bandeira chinesa é bem mais harmoniosa.rs
ResponderExcluirMinha questão com a China é: Como?não conseguiram evitar a degradação do Yang Tse Kiang!
Vejo a China como uma abstração.HOJE...E amanhã? e depois? ?São o que são.A eles não interessa nada...
ResponderExcluirTrabalham,criam tudo que imaginam em seus desejos,vivem pelo mundo,aparecem qdo.querem,e não dão satisfação a ninguém.
ResponderExcluirCleusa
ResponderExcluirLeio sempre o que escreve por ter interessado desde a primeira leitura.Clara mas tem personalidade e isto para mim é essencial. CLEUSA.ARANTES@GMAIL.
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