Muito se tem comentado sobre as
vantagens da quarentena no que diz respeito a colocar as atrações televisivas
em dia. Com as benesses das TV a cabo e os streamings
da Netflix, maratonar tornou-se
um verbo bastante em uso quando se trata do imenso cardápio de séries à nossa
disposição.
Faço cada vez mais parte desta legião de
impenitentes seguidores compulsivos, para os quais emparelhar várias produções
vai-se tornando um hábito corriqueiro. No momento, consigo, entre um zapeamento e outro no controle remoto,
consumir avidamente conteúdos que vão desde o ambiente dark e decadente da Berlim de 1929 (BabylonBerlin, série do Canal Mais) até o futurismo da segunda
temporada de Timeless, um devaneio
sobre máquinas do tempo. Pelo meio, assomam os templários da série Knightfall, o fascínio da China de Marco Polo e, para manter o clima dos
viajantes intertemporais, a belíssima saga escocesa de Outlander.
Ufa!,
dirão.
Há mais, insisto eu. Nesta
semana, cheguei ao fim da terceira temporada (última disponibilizada até agora)
do seriado THE CROWN, um magnífico
trabalho do argumentista e dramaturgo britânico Peter Morgan para o canal
Netflix. O tema cobre a vida da Rainha Elizabeth II, desde seu casamento em
1947 até (pelo menos no que diz respeito às temporadas já apresentadas) o
Jubileu de Prata de seu reinado, em 1977. E com direito a numerosos flashbacks. Como o programado é estender
o trabalho por mais três capítulos de dez episódios cada, presume-se que a
história da rainha britânica seja trazida aos dias de hoje.
CAPA DA REVISTA "TIME" 1929 |
E que história! Elizabeth II, hoje a
mais longeva monarca em exercício e a mulher que por mais tempo ocupou um cargo
público desde sempre, vem mantendo a coroa em sua cabeça desde o pós-guerra e
durante um período de cruciais mudanças dificilmente equiparado no passado.
Atravessando crises políticas dramáticas em seu país, a dissolução do Império, investidas
republicanas, mudanças comportamentais profundas em todo o planeta e, last but not least, conflitos familiares
incomodativos, a Rainha soube suportar e contornar perigos e ameaças e
consolidar a instituição monárquica. Atualmente, sua popularidade garante a
existência da Coroa.
PRINCESA ELIZABETH 1945 |
E é isto que THE CROWN nos faz reviver,
com detalhes e precisão histórica admiráveis. Além da preciosidade da
ambientação e do impecável roteiro, a escolha do elenco foi primorosa. Como a
história se desenvolve num largo espectro de tempo, entre a segunda e a
terceira temporada houve uma substituição dos atores, para espelhar o
inevitável envelhecimento dos personagens. Esta mudança, que poderia acarretar
algum estranhamento, confirmou ainda mais o acerto na escalação de atrizes e
atores.
Claire Foy, a Elizabeth dos anos 1940 a
1960, foi revezada por Olivia Collman. Duas formidáveis atrizes, mas que
diferem muito fisicamente. Além disso, tampouco se parecem com a Rainha. Mas, o
imenso talento das duas opera o milagre da transfiguração e o espectador
maravilhado continua enxergando a inconfundível figura de Elizabeth II em ambas.
A mesma sensação perdura quando apreciamos o trabalho dos atores que
personificam o Duque de Edimburgo (Matt Smith/Tobias Menzies), a Princesa
Margareth (Vanessa Kirby/Helena Bonham Carter) e tantos outros. Para não falar
na impressionante caracterização de John Lithgow como Winston Churchill.
THE CROWN já abocanhou três Globos de
Ouro, dois deles atribuídos às duas atrizes principais. Estamos esperando por
mais. Muito mais, pois Elizabeth II, a soberana que já sobreviveu a 14
Primeiros Ministros, ainda reina.
Oswaldo
Pereira
Julho
2020
Ola Oswaldo
ResponderExcluirAlgum tempo atras vi no Net Flix um documentario sobre o tema.
Vou ver se se trata do mesmo pois foi muito interesante.
Obrigado pela sugestao.
Emilio
Vale a pena, caro Almirante. Para quem viveu esses tempos, é muito interessante.
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