As eleições de “meio termo” (midterm elections), nos Estados Unidos,
são um teste à atuação da Presidência. Como ocorrem dois anos após a posse de
um primeiro ou de segundo mandato, funcionam como um exercício de avaliação ao
trabalho da administração governamental e, ao renovar a Câmara de
Representantes, parte do Senado e muitos dos Governos estaduais, fornecem significativas
indicações para o futuro do morador da Casa Branca.
Desde William Taft, em 1910, quando o
calendário político passou a consagrar a prática, até Barack Obama, essas
eleições intercalares têm trazido alguns dissabores para os Presidentes, frequentemente
mexendo no equilíbrio do bipartidarismo americano e revertendo o domínio deste
ou daquele partido sobre o Congresso. Ocorrem muito tempo depois da lua de mel que os presidentes eleitos ou
reeleitos gozam nos primeiros meses no ofício e servem como uma advertência,
uma indicação do humor dos eleitores e, principalmente, como uma prévia do que
poderá acontecer dali a dois anos, quando das novas eleições presidenciais.
Com Donald Trump, não podia ser mesmo diferente.
O seu estilo truculento não deixa muita margem para composições e, na base do ame-o ou deixe-o, a manifestação do
eleitorado polarizou-se numa divisão profunda entre Republicanos e Democratas. A
imprensa chamou o resultado de mixed
result, ou seja, um emaranhado de perdas e ganhos que poderá, ou não, ter efeito
na atuação de Trump.
Para já, o término da hegemonia
republicana na Câmara, que durava doze anos, vai dificultar o jeito “locomotiva”
do Presidente. Muitos representantes democratas já anunciam que lhe vão “cortar
as asas” e tentar conduzi-lo a uma postura política menos arrogante. Alguns até
intuem que um processo de impeachment poderia
fluir mais facilmente numa assembleia com maioria democrata.
Por outro lado, Trump consolidou sua
posição no Senado, o que lhe abre as portas para nomear a Suprema Corte mais
conservadora da história recente americana, criando uma salvaguarda para possíveis
maquinações da oposição.
Vai ser um jogo de xadrez complicado,
tendo em um dos lados do tabuleiro um jogador impaciente, frenético, mas, ao
mesmo tempo, sagaz e avesso a derrotas.
De qualquer maneira, o sentimento é que
os Democratas, até aqui ainda humilhados pelo insucesso de Hillary Clinton,
voltaram a sonhar com daqui a mais dois anos. Vai ser no mínimo emocionante observar
a cena política americana nestes próximos tempos.
Oswaldo
Pereira
Novembro
2018
Difícil imaginar o que Trump fará mas ele certamente fará, como tem sido, o maior esforço para se reeleger. Difícil também imaginar se, renovando a Câmara de Representantes, ele não consiga seus intentos.
ResponderExcluirVão ser dois anos complicados...
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