quinta-feira, 10 de agosto de 2017

CADA TERRA COM SEU USO...


Tem sido um ano de viagens. Como vocês sabem, minha família está espalhada por este planeta e ver filhos e netos exige estar em constante movimento. E é um movimento de longas horas de voo, vários aeroportos e muitos fusos horários.
Como, desde janeiro, este périplo familiar me fez conviver com várias línguas, jeitos e costumes, acabei por vivenciar algumas peculiaridades que sublinham as diferenças de postura e de concepção de cada povo. Por exemplo:

Portugal
Em abril recebi uma multa referente a uma infração de trânsito. Vinha por correio especial e foi entregue pessoalmente em minha casa por um funcionário da DHL. Era um estacionamento irregular ocorrido 2012. Como nessa época o carro que possuo ainda não estava em meu nome, preparei-me para contestar. Mas, ao verificar o montante, desisti e resolvi pagá-la. Valor? 2,51. Quer dizer, o Departamento de Trânsito português não hesitou em gastar muito mais em papel e correio para me cobrar uma multa com cinco anos de idade...

Brasil
Em fevereiro, descobri que me esquecera de pagar o Imposto Territorial de um terreno que tenho em Nova Friburgo referente a 2014. Entrei em contato com a Prefeitura da cidade serrana e solicitei que me enviassem um novo carnê de pagamento. Evidentemente, esperava os acréscimos de mora e correção. Mas, a informação foi de que eu poderia pagar o mesmo valor, sem adições. A pergunta era se eu pagaria a vista, com um desconto. Ou se preferia dividir o valor em prestações. Quantas? Bem, eu poderia escolher. 12, 24, 48...

Alemanha
Fui pagar o estacionamento num shopping em Hamburgo. Inseri o talão e a máquina informou-me que o valor correspondia a 12,00. Enfiei uma nota de 20. Para meu espanto, e contrariedade, veio um troco de apenas três euros. Resolvi conferir o recibo cuspido pelo terminal. Lá estava, em pleno desprezo pela aritmética, o cálculo: 20 – 12 = 3. Fomos, eu e meu filho, reclamar. Pois bem. Não houve ninguém, em todo o nível hierárquico da empresa de estacionamento, que soubesse solucionar o problema. Lógica alemã: uma máquina não erra contas de subtrair. Portanto, se a máquina determinou que o resultado era 3 euros...

Estados Unidos.
Fui comprar uma jeans no Macy’s. Numa outra loja da mesma cadeia eu verificara que o preço andava em torno de US$35. Nessa onde estava, entretanto, a mesma calça era vendida a US$59. Sem clearance ou promoções. O empregado deu-me a entender que nada podia fazer. Por sorte, minha filha estava comigo. Rapidamente, ela sacou de seu iphone, acessou o site da loja que eu visitara antes e confirmou o preço que eu vira. O empregado nem titubeou. Sem consultar gerentes ou superiores, imediatamente igualou o valor mais baixo.

Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. Assim diziam meus avós...

Oswaldo Pereira

Agosto 2017

8 comentários:

  1. Respostas
    1. É interessante como cada cultura tem sua lógica própria. Acho que não é nem um problema de idioma. É mesmo uma maneira de pensar peculiar de cada povo.

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  2. oh! Em terra fora do Brasil você tem o resultado na hora, seja ele qual for e não sai dali aborrecido. Aceita e sorri, não há estresse. Abraços.

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    1. Às vezes, nem tanto... É preciso compreender o ritmo de cada povo...

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  3. Incrível.... cada uma com suas caracteristicas..... mas tem-se sempre que ter atenção aos números...

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  4. Misao Katayama Pessôa18 de agosto de 2017 às 20:42

    Portugal- ora pois pois! Multado estás, na importação de quanto. Deves quita-lo!
    Brasil - Nova Friburgo não deve ser no Brasil.... O prefeito era suíço????
    Alemanha - que prepotência!!! Aliás, conto-lhe depois sobre o Japão.
    Estados Unidos - é por essas que lá é o Beacon of The World....
    Japão - bem, lá no Japão, aconteceu que pegamos um trem para ir de uma cidade a outra. Com receio de termos embarcado em trem errado, pois o tamanho da malha ferroviaria é imenso, perguntamos ao funcionário que verifica os bilhetes dentro do trem. Ele responde que nós estávamos no trem errado e nos mandou saltar do trem imediatamente para pegar um outro , porque aquele em que estávamos iria levar mais tempo para chegar porque era o parador.

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    1. Perfeita lógica nipônica. Aliás, desde que, na juventude, elegi o judô como meu esporte, que tenho imenso respeito pela cultura japonesa. Adorei seus comentários.

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